São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2008

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Polícia Federal apreende seis computadores da Casa Civil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal apreendeu ontem seis computadores utilizados por funcionários da Casa Civil que teriam participado da elaboração do dossiê no qual foram registrados gastos do governo Fernando Henrique Cardoso, de ex-ministros tucanos e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.
A diligência foi a primeira medida tomada pelo delegado Sérgio Menezes, que preside o inquérito instaurado anteontem pela PF para apurar o vazamento de dados contidos no dossiê, bem como as razões que levaram o responsável a tornar públicas as informações que compõem o documento.
Cinco notebooks (computadores portáteis) e um desktop (computador de mesa) serão analisados.
O conteúdo do material será avaliado por técnicos da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, na qual Menezes atua como chefe da Divisão de Combate a Crimes Organizados.
Haverá apoio de peritos do Instituto Nacional de Criminalística, órgão que também integra a estrutura da PF.
Menezes passou toda a tarde de ontem no Palácio do Planalto. Ouviu servidores da área técnica para entender como funciona a alimentação, gestão e eventual modificação do sistema no qual ficam registradas as contas das despesas feitas com cartões corporativos, ou seja, aquelas chamadas contas tipo B, que são destinadas a cobrir gastos emergenciais de autoridades do governo e que em regra não são sujeitas a fiscalização pelo seu caráter, em tese, emergencial.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, Menezes não adiantou quais serão as primeiras pessoas a serem ouvidas. Também não esclareceu se irá investigar eventual manipulação de dados do dossiê FHC publicados pela imprensa, conforme sugeriu a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

O dossiê
O dossiê foi elaborado a pedido da servidora Erenice Guerra, braço direito da ministra, tão logo foi deflagrada a crise decorrente da divulgação de gastos com cartões corporativos realizados pela equipe ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em fevereiro deste ano.
Não há prazo definido para a análise do conteúdo dos computadores ser finalizada. Mas a investigação foi colocada como prioridade dentro da PF, o que deve acelerar o trabalho dos técnicos. O delegado tem 30 dias para concluir o inquérito, prazo que pode ser prorrogado, dependendo da evolução da investigação. Menezes tem fama na corporação pela sua agilidade em fechar os trabalhos nos quais está envolvido.
Menezes conduziu a investigação no caso que ficou conhecido como "mensalinho", no qual o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PR-PE), foi acusado, com base no inquérito, de ter praticado pelo menos três vezes o crime de concussão -o que lhe renderia, em caso de sentença condenatória, a pena máxima de 24 anos de prisão. O parlamentar renunciou ao cargo.


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