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ACM critica ameaça e afirma que "é pior parlamentar roubando"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
criticou ontem as ameaças do
presidente Fernando Henrique
Cardoso de retaliar os parlamentares da base governista que votarem contra o salário mínimo de
R$ 151 na sessão do Congresso de
amanhã.
ACM disse que o presidente deveria se preocupar com os parlamentares dos partidos aliados
que praticam corrupção em vez
de perseguir deputados e senadores que defendem um salário mínimo maior. Ele manteve a defesa
do mínimo de R$ 177.
""Eu acho ruim todo dia essa
ameaça do governo e do próprio
presidente. Tanto os parlamentares como o presidente foram eleitos e ninguém pode ameaçar o
outro. Eu, por exemplo, acho que
é muito pior parlamentar roubando do que a pessoa votar, por uma
questão de consciência, em um
salário mais alto", afirmou ACM.
"Eu daria preferência para pegar
os ladrões", disse.
As insinuações sobre corrupção
foram feitas numa menção indireta a uma carta que o presidente
do Senado enviou a FHC na quinta-feira da semana passada com
denúncias de corrupção no governo federal. Ele anexou documentos envolvendo o presidente
do PMDB, Jader Barbalho (PA), e
o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA),
em supostas irregularidades.
Um dos casos citados por ACM
é a renovação de incentivos fiscais
pela Sudam (Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia)
para empresas supostamente envolvidas em fraudes, contrariando recomendação do Ministério
Público. As denúncias envolvem
o ex-superintendente Arthur
Tourinho. Segundo ACM, Tourinho e o atual superintendente,
Maurício Vasconcelos, são ""apadrinhados" de Jader.
No caso de Geddel, ACM anexou à carta enviada ao presidente
certidões que comprovariam a
compra de várias fazendas na Bahia pelo líder do PMDB, por valores supostamente altos.
Jader estava ontem no interior
do Pará e retorna hoje a Brasília.
Geddel aguarda a chegada do presidente do PMDB para que os
dois decidam como reagir às denúncias de ACM.
O presidente do Senado não
quis fazer comentários sobre o
teor da carta, mas confirmou que
a enviou. Disse que só FHC poderia divulgá-la. Mas afirmou que
ela contém ""sugestões" ao presidente de combate à corrupção no
governo.
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