São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2000


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CONGRESSO
Para presidente, só "obtuso" não daria aumento maior se pudesse
Patrícia Santos
O governador Mário Covas (esq.), o presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, em SP


FHC ameaça retaliar quem votar contra novo mínimo

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo dizendo-se confiante na aprovação, amanhã, pela Câmara da medida provisória que estabelece o salário mínimo de R$ 151, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em São Paulo, que os parlamentares que votarem contra a proposta estarão fora de seu governo.
""Essa decisão diz respeito à estabilidade econômica do Brasil e ao compromisso de melhorar a vida da população. Quem estiver ao nosso lado votará a favor. Quem estiver votando contra está contra mim e fora do governo", disse FHC, em discurso na 1ª Conferência Nacional da Indústria da Construção .
De acordo com o presidente, apesar de impopular, a negativa de aumento do salário mínimo dos atuais R$ 136 para R$ 177 segue critérios ""racionais".
""Em 95, tentaram fazer a mesma coisa (aumentar o salário mínimo). Vetei sozinho. Quem tem a posição que eu tenho não pode se dar ao luxo de ser irracional e querer o aplauso fácil da demagogia, porque paga depois, perante a história e a seus concidadãos, pela falta de coragem", declarou. ""E a mim coragem nunca faltou."
Encabeçada inicialmente pelo PFL, a tese do mínimo de R$ 177 tem ainda hoje entre seus principais defensores o presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
""Não escolho (o mínimo mais baixo) de coração feliz, mas como obrigação de alguém que lutou a vida toda para que as coisas melhor em para os mais pobres. E como quem não tem medo de ver essa bandeira fora de suas mãos. Se outras mãos impunharem-na momentaneamente, será porque tiveram alguma comichão e não porque tenham tido um compromisso de vida como eu", disse.
Na avaliação do presidente, somente um governante ""obtuso" não concederia um aumento superior aos R$ 151 propostos caso essa elevação fosse possível.
""Por que R$ 177? Por que não R$ 1.000, R$ 2.000? (Eu) seria elevado às nuvens. Mas no dia seguinte o país iria para o buraco, e o presidente para o inferno."
FHC declarou ainda que, ao contrário do que ocorreu em 98 e 99, o país não está mais sob ""a espada ameaçadora" das crises internacionais. Citando a flexibilização dos monopólios, o presidente afirmou que os ""inovadores" costumam ser ""crucificados e apedrejados" até que suas idéias tenham comprovação de sucesso.
Sobre a reforma tributária, admitiu uma ""certa morosidade". ""(A provar qualquer reforma) seria egoisticamente inútil. Governo pensando no Brasil, nos meus sucessores, sejam eles quem forem e espero que (o próximo) seja um dos nossos. Essa decisão condicionará nosso futuro nas próximas décadas ." (PATRICIA ZORZAN)


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