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CONGRESSO
Para presidente, só "obtuso" não daria aumento maior se pudesse
Patrícia Santos
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O governador Mário Covas (esq.), o presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, em SP |
FHC ameaça retaliar quem votar contra novo mínimo
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo dizendo-se confiante
na aprovação, amanhã, pela Câmara da medida provisória que
estabelece o salário mínimo de R$
151, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em
São Paulo, que os parlamentares
que votarem contra a proposta estarão fora de seu governo.
""Essa decisão diz respeito à estabilidade econômica do Brasil e
ao compromisso de melhorar a
vida da população. Quem estiver
ao nosso lado votará a favor.
Quem estiver votando contra está
contra mim e fora do governo",
disse FHC, em discurso na 1ª Conferência Nacional da Indústria da
Construção .
De acordo com o presidente,
apesar de impopular, a negativa
de aumento do salário mínimo
dos atuais R$ 136 para R$ 177 segue critérios ""racionais".
""Em 95, tentaram fazer a mesma coisa (aumentar o salário mínimo). Vetei sozinho. Quem tem
a posição que eu tenho não pode
se dar ao luxo de ser irracional e
querer o aplauso fácil da demagogia, porque paga depois, perante a
história e a seus concidadãos, pela
falta de coragem", declarou. ""E a
mim coragem nunca faltou."
Encabeçada inicialmente pelo
PFL, a tese do mínimo de R$ 177
tem ainda hoje entre seus principais defensores o presidente do
Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
""Não escolho (o mínimo mais
baixo) de coração feliz, mas como
obrigação de alguém que lutou a
vida toda para que as coisas melhor em para os mais pobres. E como quem não tem medo de ver
essa bandeira fora de suas mãos.
Se outras mãos impunharem-na
momentaneamente, será porque
tiveram alguma comichão e não
porque tenham tido um compromisso de vida como eu", disse.
Na avaliação do presidente, somente um governante ""obtuso"
não concederia um aumento superior aos R$ 151 propostos caso
essa elevação fosse possível.
""Por que R$ 177? Por que não
R$ 1.000, R$ 2.000? (Eu) seria elevado às nuvens. Mas no dia seguinte o país iria para o buraco, e
o presidente para o inferno."
FHC declarou ainda que, ao
contrário do que ocorreu em 98 e
99, o país não está mais sob ""a espada ameaçadora" das crises internacionais. Citando a flexibilização dos monopólios, o presidente afirmou que os ""inovadores" costumam ser ""crucificados e
apedrejados" até que suas idéias
tenham comprovação de sucesso.
Sobre a reforma tributária, admitiu uma ""certa morosidade".
""(A provar qualquer reforma) seria egoisticamente inútil. Governo pensando no Brasil, nos meus
sucessores, sejam eles quem forem e espero que (o próximo) seja
um dos nossos. Essa decisão condicionará nosso futuro nas próximas décadas ."
(PATRICIA ZORZAN)
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