DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em São Paulo, que o governo não aceitará mais a prática de ""transgressões" no país.
""Sou de formação extremamente tolerante. Paciente além do limite, às vezes. Mas não dá mais quando há, não o desrespeito verbal, mas o desrespeito efetivo da depredação. Chegamos a um ponto em que a sociedade quer um basta. Chega de tolerar a transgressão", disse FHC, em discurso na 1ª Conferência Nacional da Indústria da Construção.
Na semana passada, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu uma série de invasões de terras e de prédios públicos em vários Estados brasileiros. Em alguns casos, houve depredações.
Segundo o presidente, o país tem hoje condições de desenvolvimento por ser um democracia.
""Alegra-me chegar aqui e encontrar uns mal-educados xingando a minha mãe e não pô-los na cadeia. O povo sente a tolerância democrática e a irracionalidade daqueles que, não tendo argumentos, utilizam a agressão verbal ou física. Mais vale a democracia do que sufocá-los", disse ele, referindo-se a seis manifestantes que o aguardavam na entrada lateral do hotel Maksoud Plaza, onde se realizou o evento.
O presidente foi poupado por sua segurança de um encontro com um grupo maior de manifestantes chegando ao hotel pela contramão.
Mencionando a política de tolerância zero dos Estados Unidos, FHC afirmou que não só os ""grandes" criminosos, mas também os pequenos devem ser punidos. ""Somos uma sociedade que está amadurecendo e que tem recursos para conter os desvios da lei. O país não aguenta mais o desrespeito. É preciso punir a todos."
Em sua avaliação, isso não pode ser considerado ""autoritarismo, intolerância ou vingança".
""Vivemos em uma sociedade injusta e os que são vítima da injustiça têm o direito de ter voz e, quando não têm voz, têm o direito de se expressar do modo que puderem, desde que alguns limites sejam respeitados."
(PZ)


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