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Polícia indicia 28 por vandalismo
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O delegado Vicente de Paulo
Costa, 27, diretor do Departamento de Polícia Especializada de
Belém, disse ontem que já identificou e vai indiciar mais 15 envolvidos na depredação do prédio da
Secretaria Executiva da Segurança Pública do Pará, em 17 de abril.
Com outros 13 indiciados anteriormente, a polícia processa no
mesmo inquérito 28 pessoas por
dano ao patrimônio público, vandalismo e formação de quadrilha.
A ação teve a participação de cerca de 80 pessoas, inicialmente
identificadas como membros do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O delegado também pretende
instaurar, ainda nesta semana,
outro inquérito para apurar responsabilidades dos invasores pelo
aborto sofrido pela funcionária
pública Fátima Segura Rodrigues,
40, dois dias após a depredação.
Fátima estava trabalhando no
local durante a manifestação. Segundo o delegado, "o aborto foi
consequência dos atos de vandalismo". A funcionária estava com
uma gravidez de dois meses.
Os manifestantes que depredaram o prédio protestavam contra
"quatro anos de impunidade" no
massacre de Eldorado do Carajás,
quando 19 sem-terra foram mortos pela Polícia Militar do Pará.
Dos 13 já indiciados, apenas um,
Jorge Luís Rodrigues Nery, faz
parte do MST. Ele é dirigente estadual do movimento. Os outros 12
envolvidos no inquérito são funcionários públicos municipais e
membros de outras organizações
políticas de esquerda.
Para o delegado, existem indícios "mais que fortes, com fotos
de jornais e imagens de TV", mostrando que os acusados participaram do quebra-quebra no prédio.
O advogado do MST em Belém,
Walmir Brelaz, disse que o governo do Pará iniciou "uma caça às
bruxas em Belém". Ele ironizou o
fato de a polícia ter "agilidade e
pressa para identificar, indiciar e
punir trabalhadores, enquanto o
massacre de Eldorado do Carajás
continua impune".
A depredação da secretaria
ocorreu quando um grupo de 80
pessoas separou-se da manifestação principal. Segundo o MST,
havia 3.000 presentes. A PM contava 500 participantes. Depois de
invadir a secretaria, o grupo foi
até o Tribunal de Justiça do Pará,
onde cerca de 200 policiais dispersaram a manifestação.
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