São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia indicia 28 por vandalismo

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O delegado Vicente de Paulo Costa, 27, diretor do Departamento de Polícia Especializada de Belém, disse ontem que já identificou e vai indiciar mais 15 envolvidos na depredação do prédio da Secretaria Executiva da Segurança Pública do Pará, em 17 de abril.
Com outros 13 indiciados anteriormente, a polícia processa no mesmo inquérito 28 pessoas por dano ao patrimônio público, vandalismo e formação de quadrilha. A ação teve a participação de cerca de 80 pessoas, inicialmente identificadas como membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O delegado também pretende instaurar, ainda nesta semana, outro inquérito para apurar responsabilidades dos invasores pelo aborto sofrido pela funcionária pública Fátima Segura Rodrigues, 40, dois dias após a depredação.
Fátima estava trabalhando no local durante a manifestação. Segundo o delegado, "o aborto foi consequência dos atos de vandalismo". A funcionária estava com uma gravidez de dois meses.
Os manifestantes que depredaram o prédio protestavam contra "quatro anos de impunidade" no massacre de Eldorado do Carajás, quando 19 sem-terra foram mortos pela Polícia Militar do Pará.
Dos 13 já indiciados, apenas um, Jorge Luís Rodrigues Nery, faz parte do MST. Ele é dirigente estadual do movimento. Os outros 12 envolvidos no inquérito são funcionários públicos municipais e membros de outras organizações políticas de esquerda.
Para o delegado, existem indícios "mais que fortes, com fotos de jornais e imagens de TV", mostrando que os acusados participaram do quebra-quebra no prédio.
O advogado do MST em Belém, Walmir Brelaz, disse que o governo do Pará iniciou "uma caça às bruxas em Belém". Ele ironizou o fato de a polícia ter "agilidade e pressa para identificar, indiciar e punir trabalhadores, enquanto o massacre de Eldorado do Carajás continua impune".
A depredação da secretaria ocorreu quando um grupo de 80 pessoas separou-se da manifestação principal. Segundo o MST, havia 3.000 presentes. A PM contava 500 participantes. Depois de invadir a secretaria, o grupo foi até o Tribunal de Justiça do Pará, onde cerca de 200 policiais dispersaram a manifestação.


Texto Anterior: ONG diz que ato foi de "estatal"
Próximo Texto: Polícias disputam investigação
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.