São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2000


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DIREITOS HUMANOS
Comissão da OEA define morte de 111 presos como massacre, mas o governo será ouvido novamente
Carandiru pode ir a corte internacional

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) decidiu considerar oficialmente como massacre, sujeito ao julgamento de cortes internacionais, a morte de 111 detentos ocorrida em outubro de 1992 na Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru (zona norte da capital).
A comissão afirmou ainda, num relatório divulgado ontem, que Justiça brasileira foi ineficaz para apurar os responsáveis e indenizar as vítimas, rejeitando os pedidos do governo brasileiro para que o caso fosse arquivado.
Os governos federal e paulista haviam pedido que a denúncia fosse negada tendo em vista as providências que tomaram para desativar o complexo penitenciário do Carandiru e o avanço dos processos criminais e de indenização em curso na Justiça.
No entanto, não conseguiram convencer os membros da comissão: "A comissão conclui que a petição (a denúncia apresentada em 1994 por três entidades de direitos humanos) é admissível".
A comissão sugeriu ao governo brasileiro que investigue novamente o episódio, apresse a punição dos responsáveis, indenize as vítimas e adote novas medidas para impedir que violações como aquela não se repitam.
"Transcorreram, até a data deste relatório, mais de sete anos desde a ocorrência dos fatos denunciados. Entretanto, até este momento, tais recursos (os processos criminais) não conseguiram levar a condenação de (ao menos) um só dos responsáveis, em virtude da absolvição, de prescrição ou de demoras injustificadas. Tampouco foram indenizadas as vítimas e/ou seus familiares", diz o texto.
O relatório divulgado ontem não é um julgamento oficial da OEA, embora sua redação represente uma condenação moral. A comissão, presidida pelo brasileiro Hélio Bicudo, é somente responsável por receber denúncias de violações de direitos humanos, investigá-las e, se for o caso, encaminhá-las a julgamento na Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica. Bicudo, por ser brasileiro, não participa deste processo.
A Folha apurou que o encaminhamento ainda não foi feito porque a comissão quer negociação com o Brasil -que reconhece a Corte da Costa Rica.



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