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ALIADOS EM CRISE
Peemedebista cancela sessão do Congresso a pedido do presidente
FHC e Jader fecham acordo e adiam CPI da corrupção
Lula Marques/Folha Imagem
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O ex-ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional), durante entrevista na qual anunciou que estava pedindo demissão do cargo |
FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido de Fernando Henrique Cardoso, o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), adiou a sessão de hoje do
Congresso para a próxima quarta-feira, dia 16, o que, na prática,
ajuda o governo a ganhar tempo
para tentar diminuir as adesões
na Câmara à CPI da corrupção
para baixo do mínimo exigido.
A decisão de Jader, também
presidente do Congresso, impede
a leitura e averiguação das assinaturas de apoio à investigação mesmo que a oposição protocole hoje,
como previsto, o requerimento de
criação da CPI.
Para tentar retirar o ar de manobra protelatória, Jader admitiu
convocar uma sessão extraordinária do Congresso para amanhã,
"apenas para a leitura" das assinaturas. A Folha, porém, apurou
que isso não deverá acontecer.
Ou seja, o governo poderá nos
próximos dias procurar os parlamentares governistas que apoiaram a CPI. O novo ministro da Integração Nacional será escolhido
como parte do esforço capitaneado pessoalmente por FHC e pelos
líderes aliados para negociar com
os deputados federais.
A CPI da corrupção é mista
-composta por senadores e deputados federais. Portanto, precisa, no mínimo, da adesão de um
terço do Senado (27) e da Câmara
(171). A oposição disse que já tem
certos 186 deputados e já conta
com 29 assinaturas no Senado.
Operação Covas
O pretexto para o cancelamento
da sessão do Congresso de hoje
foi, segundo Jader, não "criar um
certo constrangimento" a uma
homenagem ao governador Mário Covas, tucano que morreu no
começo de março.
"Cancelei a pedido do Arthur
Virgílio [líder do governo no
Congresso", que fez uma ponderação em nome do PSDB porque
amanhã [hoje" nós teríamos uma
homenagem ao Mário Covas. Isso
poderia ser confundido com a
apresentação do pedido de CPI",
afirmou Jader.
"É uma manobra. A homenagem [a Covas" era de manhã [hoje", em sessão solene. A sessão deliberativa era só à noite. O presidente do Senado quer prestar serviço ao governo", afirmou o líder
do PT na Câmara, Walter Pinheiro (PT-BA). Pinheiro disse que a
tendência é protocolar hoje o pedido de CPI.
"A oposição faz todo o esforço
para fazer a CPI. E o governo todo
o esforço para não realizá-la. Considero isso perfeitamente normal
no processo democrático", disse
Jader, que afirmou que não retirará a sua assinatura.
Ação de FHC
Virgílio, líder do governo no
Congresso, recorreu a Jader depois de uma conversa com FHC
na qual o presidente avaliou que a
criação da CPI comprometeria o
final de seu mandato.
Segundo auxiliares, o presidente tem afirmado: "A oposição
quer precipitar a eleição do ano
que vem, atingir o governo e acabar com meu mandato".
FHC considera que o Congresso
paralisaria suas atividades e que a
oposição priorizaria investigações para atingir o governo, especialmente os episódios de privatização do sistema Telebrás e o caso
EJ (Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência).
Na avaliação de FHC, não só ele,
mas os partidos governistas perderão politicamente se for criada
a CPI. O presidente quer convencer os governistas que assinaram
a CPI com dois argumentos: 1) É
do interesse deles preservar o governo para terem forças nas eleições de 2002 (Presidência, governos dos Estados e Legislativos federal e estaduais); e 2) Liberar
emendas parlamentares já aprovadas, mas atrasadas, e negociar
cargos desde que dentro do que o
governo considera razoável.
FHC mandou o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) priorizar a liberação de emendas congressuais aprovadas, mas
ainda não liberadas.
Batalha das adesões
No cabo-de-guerra entre governo e oposição, o PMDB espera retirar de cinco a sete assinaturas
dos 23 deputados que apoiaram a
CPI. O PFL avalia que consegue
reverter a adesão de cinco dos dez
que apoiaram a investigação.
O governo optou pela "operação Mário Covas" por avaliar que
não tinha tempo suficiente para
impedir a CPI caso o protocolo
com as assinaturas de adesões
fosse lido hoje.
Ministros entraram na operação para abafar a CPI. O vice-líder
do PFL na Câmara, Pauderney
Avelino (AM), disse que "o governo está mobilizado".
Pressionado por dois ministros,
o deputado Augusto Nardes
(PPB-RS) admitiu que deverá retirar a sua assinatura: "Minha
preocupação é em razão dos pequenos municípios da minha região, que poderão perder as verbas das emendas", disse Nardes.
O pepebista negou que os ministros tenham feito ameaças,
mas deixou claro que o recado foi
dado: "O que sabemos é que não
vai haver simpatia para liberar
verbas para quem assinar".
Apesar da ofensiva do governo,
a oposição avançou e obteve mais
quatro adesões. Há promessas de
outras dez para hoje durante o ato
que vai acontecer antes da entrega
do pedido de CPI.
Assinaram ontem a deputada
Elcione Barbalho (PMDB-PA) e
os deputados Pimentel Gomes
(PPS-CE), Cunha Bueno (PPB-SP) e Zezé Perrella (PFL-MG).
Colaboraram LÚCIO VAZ e DENISE MADUEÑO, da Sucursal de Brasília
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