São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2001

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PFL recomenda que filiados retirem assinatura

ANDRÉA MICHAEL
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL decidiu ontem, em reunião da Executiva, mandar para todos os congressistas do partido uma correspondência recomendando que não assinem o requerimento da CPI da corrupção.
Aos que já assinaram, a recomendação é para retirar seus nomes do documento.
Terminada a reunião, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), reuniu-se com o líder do partido no Senado, Hugo Napoleão (PI), e os pefelistas que integram o Conselho de Ética.
Decidiram combater juridicamente a proposta de fazer uma votação aberta do parecer que pode propor a abertura do processo de cassação contra o senador Antonio Carlos Magalhães.
Em conjunto, as duas iniciativas do PFL pretendem, de um lado, abrir espaço para os carlistas que quiserem desembarcar da CPI.
De outro, ao garantir o voto secreto, os pefelistas confiam ter mais chances de absolver o cacique baiano no Conselho de Ética do Senado.
Seria uma forma de proteger os senadores das pressões de suas bases eleitorais e da opinião pública em geral.
Para a estratégia dar certo, os deputados e senadores baianos precisariam retirar suas assinaturas. Isso, no entanto, custaria dividendos eleitorais, os quais só seriam admissíveis diante de uma orientação explícita de ACM.
"Eu desejo que eles retirem, mas não tenho sinais de que isso vá acontecer agora", declarou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), um carlista contrário à CPI e que trabalha para desmontá-la.
ACM está dizendo que não fará tal recomendação.
Seus correligionários mais próximos, ambos do PFL baiano, também são reticentes. "Assinar foi uma decisão muito séria. Tenho que pensar muito antes de retirar a assinatura", declarou o senador Paulo Souto. "Nem tomei conhecimento disso", desconversou Waldeck Ornélas.
Durante o fim de semana, quando tomou a decisão de mandar a carta aos pefelistas, Bornhausen ainda desconhecia a contabilidade crescente das assinaturas a favor da CPI e as manchetes nas quais lideranças tucanas a classificam como inevitável.
No atual momento, se os baianos -fora ACM- recuarem, tudo que ganharão, segundo alegam, será um desgaste eleitoral, pois é forte a pressão da opinião pública para a instalação da CPI.
Na reunião da Executiva pefelista, Bornhausen não aceitou o argumento de congressistas de que assinaram por conta de pressões. Segundo ele, se isso valesse, o partido não teria emitido duas notas públicas em defesa de ACM, pois a opinião pública quer cassá-lo.
O único que não concordou com a correspondência assinada por Bornhausen e Aleluia foi o deputado Affonso Camargo (PFL-PR). Terminada a reunião, Camargo chegou a ameaçar deixar o partido.
Ao mesmo tempo, em defesa de sua iniciativa, Bornhausen disse que "quem não tem coragem de colocar as coisas com clareza busca popularidade. Nós preferimos credibilidade", numa alusão ao que qualificou de iniciativa eleitoreira da oposição, propondo uma CPI com 19 itens a apurar.



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