|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PFL recomenda que filiados retirem assinatura
ANDRÉA MICHAEL
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PFL decidiu ontem, em reunião da Executiva, mandar para
todos os congressistas do partido
uma correspondência recomendando que não assinem o requerimento da CPI da corrupção.
Aos que já assinaram, a recomendação é para retirar seus nomes do documento.
Terminada a reunião, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen
(SC), reuniu-se com o líder do
partido no Senado, Hugo Napoleão (PI), e os pefelistas que integram o Conselho de Ética.
Decidiram combater juridicamente a proposta de fazer uma
votação aberta do parecer que pode propor a abertura do processo
de cassação contra o senador Antonio Carlos Magalhães.
Em conjunto, as duas iniciativas
do PFL pretendem, de um lado,
abrir espaço para os carlistas que
quiserem desembarcar da CPI.
De outro, ao garantir o voto secreto, os pefelistas confiam ter
mais chances de absolver o cacique baiano no Conselho de Ética
do Senado.
Seria uma forma de proteger os
senadores das pressões de suas
bases eleitorais e da opinião pública em geral.
Para a estratégia dar certo, os
deputados e senadores baianos
precisariam retirar suas assinaturas. Isso, no entanto, custaria dividendos eleitorais, os quais só seriam admissíveis diante de uma
orientação explícita de ACM.
"Eu desejo que eles retirem, mas
não tenho sinais de que isso vá
acontecer agora", declarou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), um carlista contrário à CPI e
que trabalha para desmontá-la.
ACM está dizendo que não fará
tal recomendação.
Seus correligionários mais próximos, ambos do PFL baiano,
também são reticentes. "Assinar
foi uma decisão muito séria. Tenho que pensar muito antes de retirar a assinatura", declarou o senador Paulo Souto. "Nem tomei
conhecimento disso", desconversou Waldeck Ornélas.
Durante o fim de semana, quando tomou a decisão de mandar a
carta aos pefelistas, Bornhausen
ainda desconhecia a contabilidade crescente das assinaturas a favor da CPI e as manchetes nas
quais lideranças tucanas a classificam como inevitável.
No atual momento, se os baianos -fora ACM- recuarem, tudo que ganharão, segundo alegam, será um desgaste eleitoral,
pois é forte a pressão da opinião
pública para a instalação da CPI.
Na reunião da Executiva pefelista, Bornhausen não aceitou o argumento de congressistas de que
assinaram por conta de pressões.
Segundo ele, se isso valesse, o partido não teria emitido duas notas
públicas em defesa de ACM, pois
a opinião pública quer cassá-lo.
O único que não concordou
com a correspondência assinada
por Bornhausen e Aleluia foi o deputado Affonso Camargo (PFL-PR). Terminada a reunião, Camargo chegou a ameaçar deixar o
partido.
Ao mesmo tempo, em defesa de
sua iniciativa, Bornhausen disse
que "quem não tem coragem de
colocar as coisas com clareza busca popularidade. Nós preferimos
credibilidade", numa alusão ao
que qualificou de iniciativa eleitoreira da oposição, propondo uma
CPI com 19 itens a apurar.
Texto Anterior: Aliados em crise: FHC e Jader fecham acordo e adiam CPI da corrupção Próximo Texto: Em 2 dias, governo libera R$ 26 mi para emendas de parlamentares Índice
|