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JUSTIÇA
STJ determina investigação contra juiz federal por suposta sonegação
Desembargador é alvo de inquérito
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) instaurou novo inquérito
criminal contra o desembargador
federal Roberto Luiz Ribeiro
Haddad, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, com sede em São Paulo, para apurar a
suspeita de sonegação fiscal e falsificação de documentos.
O inquérito, de número 300, foi
aberto no dia 3 de abril a partir de
representação da Receita Federal
com base em incidentes ocorridos
em levantamento realizado por
agentes do fisco para apurar a origem do patrimônio do juiz.
Haddad e seu colega desembargador Paulo Theotonio Costa,
também do TRF, já respondem a
outro inquérito naquela corte superior, de número 281, por suspeita de enriquecimento ilícito.
O inquérito 281 foi instaurado
em abril de 2000 a partir de reportagem da Folha, de julho de 1999,
revelando que os desembargadores ostentam sinais de riqueza que
contrastam com o padrão comum dos juízes brasileiros.
Em dezembro passado, o desembargador Haddad recebeu
auto de infração da Receita, no valor de R$ 45 mil (multa e juros),
por suposto acréscimo patrimonial descoberto [bens sem origem" identificado no Imposto de
Renda do ano-base de 1995.
Em janeiro deste ano, Haddad
impugnou a autuação. Alegou
que a fiscalização havia ignorado
uma declaração retificadora, relativa ao ano-base de 1994, que teria
efeito sobre os anos seguintes.
O magistrado ainda argumentou que havia apresentado a retificação em janeiro de 1999. Ou seja,
antes do início da ação fiscal e antes da reportagem da Folha.
Haddad também enviou, depois, a retificação pela internet à
Receita Federal. Como já havia
um procedimento iniciado no órgão, essa nova juntada não suspendeu as apurações do fisco.
No final de março, a Receita intimou Haddad para que apresentasse o original do recibo comprovando o recebimento, pelo fisco,
da sua retificação. Uma perícia da
Receita indicou que o carimbo no
recibo apresentado por Haddad
era diferente do carimbo que o órgão utilizava em janeiro de 1999.
A Folha apurou que Haddad
tentou recuperar o recibo entregue à Receita Federal e manifestou o desejo de liquidar a dívida
total com o fisco, que chegaria
perto de R$ 1 milhão.
A suspeita de sonegação fiscal e
de falsificação de documento público foi formalizada ao STJ em
representação distribuída ao ministro Fernando Gonçalves, relator do inquérito que apura a suspeita de enriquecimento ilícito.
Haddad e sua mulher, a advogada Maria Cristina Haddad, são
proprietários do Sítio Sherwood,
formado pela aquisição, em dois
anos, de oito chácaras em Salto de
Pirapora (SP). Ali, eles mantêm
um centro de criação de cavalos e
instalações para a coleção de carros antigos do magistrado.
O casal tem registrado no Detran, em seus nomes, 38 veículos,
incluindo quatro Mercedes-Benz,
dois BMW, uma caminhonete
Mitsubishi e vários utilitários.
Os Haddad possuem uma casa
de praia e dois sobrados, tipo flat,
em Ubatuba, duas lanchas e um
jet-ski. Moram num apartamento
nos Jardins, em São Paulo, adquirido em 1998 por R$ 900 mil.
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