São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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Alckmin pede que Lula se explique à sociedade

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, cobrou ontem uma manifestação pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a entrevista em que Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, diz que o presidente fazia parte do grupo que mandava no partido, o que levanta suspeitas sobre o conhecimento de Lula a respeito do mensalão.
Segundo Alckmin, "o presidente tem o dever de prestar contas à sociedade, o povo espera uma manifestação", já que "um alto dirigente do PT, que viveu esses anos de governo Lula, deixa claro que quem mandou no PT eram o presidente Lula, ministros e seus assessores mais diretos".
Na entrevista, Silvio diz que quem mandava no PT eram Lula, José Dirceu, José Genoino (ex-presidentes da legenda) e o senador Aloizio Mercadante (SP).
Alckmin acusou Lula de anti-republicano por não tocar no assunto. "É estranho o presidente não se manifestar sobre fatos graves que se passaram no seu governo e que se passam no seu mandato. É uma visão anti-republicana. Ninguém está acima da lei."
"As coisas se passam do lado de sua sala. Depois, diz que não lê jornal, que não vê televisão. Não é possível. É um mundo de faz-de-conta", criticou.
Sugerindo que Lula convoque uma coletiva, Alckmin descarta a apresentação de um pedido de impeachment antes da investigação aprofundada do caso.

Outras reações
Michel Temer, presidente do PMDB, deixou claro que a entrevista aumenta o custo de uma negociação para formalização de aliança com o PT. "Toda vez que surgem fatos dessa natureza, são bloqueadores de possibilidade de um eventual acordo. Devo dizer que não ajuda."
Para o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), as declarações de Silvio apontam para "um fato grave com indícios fortíssimos de crime de responsabilidade". "O presidente Lula é leniente com a corrupção", diz ele, favorável ao impeachment.
O pré-candidato tucano ao governo de São Paulo José Serra disse que a entrevista de Silvio é "uma versão revista e ampliada, com mais colorido" das denúncias do escândalo do mensalão. Questionado se não ficou assustado com o valor citado por Silvio, de R$ 1 bilhão, que o empresário Marcos Valério de Souza teria como objetivo atingir por meio de negociatas com o governo, Serra disse que "hoje ninguém fica chocado com mais nada".
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, disse que mesmo com a entrevista de Silvio, não há fundamento jurídico para um pedido de impeachment. "É forçação de barra de gente que quer trazer para dentro da OAB a política partidária", afirmou. Ontem, a entidade rejeitou relatório que pedia o impeachment do presidente.


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