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Alckmin pede que Lula
se explique à sociedade
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pré-candidato do PSDB à
Presidência, Geraldo Alckmin,
cobrou ontem uma manifestação
pública do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva sobre a entrevista em
que Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, diz que o presidente
fazia parte do grupo que mandava
no partido, o que levanta suspeitas sobre o conhecimento de Lula
a respeito do mensalão.
Segundo Alckmin, "o presidente tem o dever de prestar contas à
sociedade, o povo espera uma
manifestação", já que "um alto dirigente do PT, que viveu esses
anos de governo Lula, deixa claro
que quem mandou no PT eram o
presidente Lula, ministros e seus
assessores mais diretos".
Na entrevista, Silvio diz que
quem mandava no PT eram Lula,
José Dirceu, José Genoino (ex-presidentes da legenda) e o senador Aloizio Mercadante (SP).
Alckmin acusou Lula de anti-republicano por não tocar no assunto. "É estranho o presidente
não se manifestar sobre fatos graves que se passaram no seu governo e que se passam no seu mandato. É uma visão anti-republicana. Ninguém está acima da lei."
"As coisas se passam do lado de
sua sala. Depois, diz que não lê
jornal, que não vê televisão. Não é
possível. É um mundo de faz-de-conta", criticou.
Sugerindo que Lula convoque
uma coletiva, Alckmin descarta a
apresentação de um pedido de
impeachment antes da investigação aprofundada do caso.
Outras reações
Michel Temer, presidente do
PMDB, deixou claro que a entrevista aumenta o custo de uma negociação para formalização de
aliança com o PT. "Toda vez que
surgem fatos dessa natureza, são
bloqueadores de possibilidade de
um eventual acordo. Devo dizer
que não ajuda."
Para o presidente do PFL, Jorge
Bornhausen (SC), as declarações
de Silvio apontam para "um fato
grave com indícios fortíssimos de
crime de responsabilidade". "O
presidente Lula é leniente com a
corrupção", diz ele, favorável ao
impeachment.
O pré-candidato tucano ao governo de São Paulo José Serra disse que a entrevista de Silvio é
"uma versão revista e ampliada,
com mais colorido" das denúncias do escândalo do mensalão.
Questionado se não ficou assustado com o valor citado por Silvio,
de R$ 1 bilhão, que o empresário
Marcos Valério de Souza teria como objetivo atingir por meio de
negociatas com o governo, Serra
disse que "hoje ninguém fica chocado com mais nada".
O presidente do PT, Ricardo
Berzoini, disse que mesmo com a
entrevista de Silvio, não há fundamento jurídico para um pedido
de impeachment. "É forçação de
barra de gente que quer trazer para dentro da OAB a política partidária", afirmou. Ontem, a entidade rejeitou relatório que pedia o
impeachment do presidente.
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