CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em reação à ofensiva petista, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, ofereceu ontem ao presidente do PMDB, Orestes Quércia, a vaga para o Senado na chapa de José Serra (PSDB) para disputa pelo Palácio Bandeirantes. A possibilidade ganha força já que o ex-presidente Itamar Franco dá sinais de que pode desistir da idéia de concorrer à Presidência.
Mas, segundo tucanos, o próprio Quércia tem reavaliado a idéia de concorrer ao Senado. Nesse caso, o PSDB ofereceria a vice ao partido. Ainda que sutil, o assédio foi feito durante almoço que contou com a presença do próprio Itamar Franco.
Segundo um dos participantes, Lembo e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, fizeram o convite para a hipótese de naufrágio da candidatura própria ao Palácio do Planalto. No sábado, o partido se reúne numa pré-convenção para decidir se lança candidato à Presidência.

Almoço
No almoço, oferecido por Lembo a Itamar, Quércia admitiu a possibilidade de conversarem sobre a aliança caso o PMDB não tenha candidato. Quércia já almoçou com Serra no mês passado, quando apresentou suas condições para apoiar o tucano.
Ele teme que se repita a experiência da eleição passada, quando, após um acordo, os petistas incentivaram o voto no candidato do PC do B, prejudicando Quércia. A decisão de Quércia depende do destino de Itamar, com quem firmou um compromisso de concorrer ao governo para garantir um palanque em São Paulo.
Itamar, no entanto, dá mostras falta de apetite para disputa ao Palácio. Aos peemedebistas, tem dito que só concorrerá se encontrar ambiente favorável no encontro de sábado. Dizendo que sua candidatura exigiria unidade, ele pode desistir de concorrer mesmo que a tese de candidatura própria seja vitoriosa, mas por placar apertado, ou até se houver hostilidade no dia da votação.

Negociação
Em caso de desistência, Quércia voltará a negociar com os partidos. Com o PSDB, um nó seria o nome do indicado para a vice. O preferido de Serra seria o do presidente nacional do PMDB, Michel Temer. Mas Quércia defende o nome do ex-deputado Marcelo Barbieri.
Ontem, após o almoço, Itamar lamentou que alguns queiram que um partido com capilaridade do PMDB seja "submisso e coadjuvante" na eleição. E se mostrou pouco confiante: "Preferia ainda tentar achar que o PMDB terá candidato. Eu prefiro pensar que o PMDB vai criar juízo e terá candidato".


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