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Abuso do "off the records" é criticado
DA REPORTAGEM LOCAL
O apelo a informantes que não
deixam ou não podem deixar seus
nomes serem publicados pelos
jornalistas afeta a credibilidade do
jornalismo. O "off the records",
expressão em inglês e jargão jornalístico para as informações fornecidas por fontes não reveladas
para o leitor, deve sofrer alguma
forma de restrição por parte das
empresas de mídia.
Foi basicamente essa a conclusão da palestra de Manning Pynn,
ombudsman do jornal "The Orlando Sentinel", da cidade norte-americana de Orlando, Flórida, e
do debate que ele suscitou, em
São Paulo, durante a 26ª Conferência Anual da ONO.
A questão é tão problemática
nos Estados Unidos, disse Pynn,
que ainda há duas semanas ela foi
objeto de relatório de 97 páginas
na reunião anual da Anse (sigla
em inglês para a Associação Americana de Editores de Jornais).
Pynn citou pesquisa feita com
pouco mais de 400 jornais americanos, na qual um quarto deles
afirmou que em nenhuma circunstância publicava informações sem identificar a respectiva
fonte. Outra pesquisa demonstrou que reportagens atribuídas
genericamente a um informante
não identificado era considerada
"muito arriscada" por 68% dos
leitores americanos mais jovens.
Jornais como o "New York Times", o "Washington Post" e o
"Los Angeles Times", disse ainda
Pynn, regulamentam o uso do
"off the records". Jornais menores, como o "The Orlando Sentinel", tendem a aceitá-lo em despachos das agências -sobretudo
quando tratam de política interna
americana e são provenientes da
capital, Washington.
Jeffrey Dvorkin, ombudsman
da NPR (Rádio Pública Nacional
americana), mediador do debate,
citou o caso ocorrido nos anos 90,
em que, com base numa denúncia
anônima, a rede pública de televisão canadense, a CBS, noticiou
que tropas canadenses haviam
maltratado adolescentes na Somália. Foi, no entanto, uma iniciativa arriscada, disse ele.
"O uso do "off" é excessivo no
Brasil", disse o ombudsman da
Folha, Marcelo Beraba. O excesso
é constatado sobretudo em Brasília, nas reportagens políticas e
econômicas. "Isso corrói a credibilidade dos jornais", afirmou.
Fórum Folha
Ao fim da conferência dos ombudsmans, amanhã, a Folha realizará o Fórum Folha de Jornalismo, aberto ao público que se inscreveu para assistir às mesas-redondas. As inscrições eram gratuitas, mas já estão esgotadas.
O fórum, a ser aberto por Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, terá quatro debates
com a participação de especialistas estrangeiros da mídia dos Estados Unidos, do Reino Unido, da
Argentina e da Venezuela, entre
outros. O primeiro painel, na
quarta à tarde, será sobre "Transparência e Qualidade Jornalística". O segundo, em seguida, abordará "Poder e Jornalismo na
América Latina".
A terceira mesa-redonda, na
quinta, discutirá "Jornalismo e
Democracia". A última, também
na quinta-feira, terá como tema
"Os Limites da Reportagem".
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