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SANGUESSUGAS
Detida pela PF quer redução de pena para citar novos congressistas
Assessora da Saúde pede
benefício para
delatar nomes
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
A assessora do gabinete do Ministério da Saúde Maria da Penha
Lino, 52, pediu ontem à Polícia
Federal o benefício da delação
premiada para oferecer uma lista
de "vários" congressistas envolvidos na fraude de compras superfaturadas de cerca de mil ambulâncias, disse o advogado Eduardo Mahon. A Folha apurou que a
lista pode chegar a cem nomes.
Ela também teria documentos.
Desde agosto de 2005 lotada no
gabinete do ministro da Saúde,
Maria da Penha foi presa na Operação Sanguessuga da PF, que
apura desvio de R$ 110 milhões na
compra de ambulâncias superfaturadas desde 2001.
Delação premiada é o mecanismo que permite o abrandamento
da punição em troca de informações importantes.
Mahon, o advogado de Maria
da Penha, disse que o único impasse estava ontem com o Ministério Público Federal. "Eles querem que ela conte tudo e fique
presa entre os demais. Se for assim, só vai falar em juízo."
O advogado pede que ela seja
incluída no programa de proteção a testemunhas. Segundo Mahon, Maria da Penha gravou uma
fita de vídeo -anteontem no presídio em Cuiabá- na qual revela
o envolvimento de congressistas.
A fita seria uma segurança em caso de ameaça de morte.
Conforme a PF, o esquema de
fraude funcionava com a empresa
Planam, de Mato Grosso, elaborando projetos para fornecimento de ambulâncias a prefeituras
(só em Mato Grosso são 75 municípios envolvidos).
Congressistas apresentariam
emendas ao Orçamento para
aquisição. No Ministério da Saúde, ela intermediaria a liberação
de verbas em troca de propina.
Maria da Penha foi funcionária
da Planam de 2003 a março de
2005. Conforme Mahon, ela nega
que tenha recebido propina para
intermediar a liberação de verbas
no ministério, mas afirma saber
do esquema durante o tempo que
trabalhou na Planam. "Ela saiu
brigando da empresa por não
concordar com o esquema."
Em seu primeiro depoimento à
PF no dia 4, Maria da Penha afirmou que foi convidada a trabalhar no ministério por Saraiva Felipe, sem interferência da Planam.
Saraiva saiu da pasta, que foi assumida por Agenor Álvares.
Na noite de ontem, o deputado
José Divino (PRB-RJ) confirmou
na tribuna da Câmara que indicou Maria da Penha, sua ex-assessora, para o cargo no governo. Divino afirmou que a indicação, feita em agosto, foi afiançada pela
bancada do PMDB no Rio e foi
prontamente aceita por Saraiva
Felipe, que é, de acordo com Divino, amigo dela há 30 anos.
Na Câmara
O presidente da Câmara, Aldo
Rebelo (PC do B-SP), decidiu ontem enviar 62 nomes de deputados envolvidos no esquema para
análise na corregedoria da Casa.
Caberá ao órgão elaborar um parecer para votação na Mesa da Casa, que têm três dos sete integrantes inscritos na lista.
O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), adotou
posição semelhante em relação a
Ney Suassuna (PB), líder da bancada do PMDB, aparentemente o
único senador investigado: "Determinei ao corregedor-geral do
Senado, Romeu Tuma (PFL-SP),
que acompanhe a investigação da
Polícia Federal e do Ministério
Público para que, como conseqüência, possamos tomar medidas cabíveis", disse.
Tanto Renan como Aldo determinaram ainda a abertura de sindicâncias administrativas para investigar assessores e ex-assessores
dos parlamentares.
Colaboraram RANIER BRAGON e LUCIANA CONSTANTINO, da Sucursal de
Brasília
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