São Paulo, domingo, 09 de julho de 2000


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Vídeos de índios são vendidos por R$ 80 em SP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Imagens dos Zo'é estão sendo vendidas em São Paulo por R$ 80. Trata-se do vídeo "A Arca dos Zo'é", gravado em 92. Exibido em festivais e emissoras estrangeiros, o filme foi gravado pela equipe do documentarista Vincent Carelli.
Carelli visitou os Zo'é na companhia da antropóloga e professora da Universidade de São Paulo (USP) Dominique Tilkin Gallois, em 92. Ela foi um dos primeiros pesquisadores estrangeiros a visitar os Zo'é com autorização da Funai.
Gallois foi autorizada em 91, para fazer um estudo antropológico da comunidade indígena. Em 92, contudo, retornou à tribo acompanhada da equipe liderada por Vincent Carelli, que gravou as imagens para o vídeo "A arca dos Zo'é".
Em 93, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), de São Paulo, vendia as imagens por preços entre US$ 50 e US$ 100, conforme artigo publicado por Carelli na revista "Tempo e Presença". Hoje, o CTI continua vendendo o vídeo.
Ao ligar para o CTI em São Paulo, a Folha foi informada de que a fita, com 22 minutos de duração, "foi premiada na França e no Japão". O filme pode ser comprado na sede do CTI, em São Paulo, ou entregue pelos Correios em todo o país.
Vincent Carelli, autor da fita, disse que o CTI tem um projeto, denominado "Vídeo nas Aldeias", e por isso gravou as imagens dos Zo'é. Afirmou que as negociações para as filmagens foram feitas entre a Funai e Dominique Gallois.
"É melhor você falar com ela (Gallois). Nós (o CTI) só trabalhamos com índios autônomos. Não tratamos nada com a Funai. O dinheiro não fica com os índios quando se paga direito de imagem. Vai para a Funai. Os Zo'é foram os únicos índios isolados que participaram do projeto", diz Carelli.
A antropóloga diz que negociou a gravação com Sidney Possuelo (chefe do Departamento de Índios Isolados da Funai). "Ele (Possuelo) recebeu entre US$ 3.000 e US$ 4.000, que saíram de uma verba da Universidade de São Paulo (USP), a título de direito de imagem dos índios", disse. "Com o dinheiro, a Funai comprou remédio para os índios."



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