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GOIÁS
PMDB de Maguito Vilela faz ofensiva de acusações contra o governo do tucano Marconi Perillo e contribui para crise
Disputa no Estado acirra racha na base
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
A disputa política entre PSDB e
PMDB em Goiás, cuja temperatura está ajudando a desandar a
aliança nacional entre os partidos,
levou a um clima de campanha
eleitoral antecipada no Estado.
De um lado, o PMDB de Maguito Vilela, senador e presidente da
legenda. O partido, depois de se
ver ameaçado por uma CPI, está
agora na ofensiva, apontando denúncias de corrupção no governo
de Marconi Perillo (PSDB).
O nome de Perillo e de seu secretário da Fazenda, Jalles Fontoura (PFL), vieram à tona após a
divulgação de uma fita em que
Jair Siqueira Lage Filho, engenheiro e primo de Fontoura, aparece negociando com cinco lobistas e empreiteiros a liberação de
uma verba de R$ 609 mil, devida
pelo governo à construtora
Triunfo S.A. O dinheiro corresponde à última parcela que seria
paga após a pavimentação dos
56,6 km da GO-531.
Como a verba estava bloqueada
havia dois anos, o representante
da Triunfo, Eduardo Manara, discutia o pagamento de 25% do valor para ter a dívida quitada. No
início da semana, ele confirmou
que a obra foi alvo de lobistas,
mas negou ligação com o secretário ou com o governador.
Perillo disse que "ninguém consegue impedir que o próprio nome seja citado por outrem em
qualquer lugar visando os mais
torpes fins. Não tenho dúvida de que
se trata de uma armação política
com objetivo claro de desgastar o
meu governo."
A gravação da conversa foi feita
pelo ex-prefeito de Pontalina,
Aniceto de Oliveira Costa, em janeiro deste ano. O Ministério Público do Estado instaurou inquérito na última segunda-feira para
apurar o caso e encaminhou a fita
para análise técnica do Instituto
de Criminalística do Estado.
Em depoimento ao promotor
José Fabiano Ito, Aniceto confirmou que Lage negociava em nome do governador e do secretário.
"Ele disse que Marcelo Ribeiro
Sampaio [também presente à reunião" receberia entre 1% e 2% do
valor acertado", afirmou Ito.
De acordo com Aniceto, Marcelo conseguiria o desarquivamento
do processo e a expedição do PPT
(previsão de pagamento do tesouro). Para conseguir o aval da Secretaria da Fazenda, ele recorreria
ao técnico do Detran (Departamento de Trânsito) Adailton
Amaral, que nega conhecer o esquema. Amaral disse que, apesar
de ser amigo de Perillo, não o vê
desde 98. Outro envolvido no caso, o empreiteiro Brasil Leite Camargo, depôs na sexta passada,
mas o conteúdo de suas declarações não foi divulgado. Segundo
Manara e Aniceto, ele teria feito o
contato inicial com a Triunfo.
O caso serviu para o arquiinimigo PMDB intensificar seu papel
de oposição. Além de apresentar
um requerimento na Assembléia
pedindo o afastamento do secretário, os peemedebistas prometem encaminhar outros dois, pedindo a investigação de todos os
contratos firmados entre governo
e empreiteiros e a análise da fita
por um instituto independente.
O governo sofreu outro golpe
no começo da semana, quando 14
oposicionistas (PMDB, PSD, PFL
e PHD) e dois governistas (PL) assinaram requerimento para instalação de uma CPI da propina, que
deve ser votada em agosto.
A surpresa maior foi o discurso
da deputada Lina Spadoni (PFL)
no final da semana. Depois de
acompanhar os oposicionistas até
o TCE e pedir uma auditoria nos
contratos do governo, Spadoni
disse que "o governador e o secretário são uma grande vergonha
para Goiás, meu partido expulsar
o Jalles Fontoura".
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