São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2001

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GOIÁS

PMDB de Maguito Vilela faz ofensiva de acusações contra o governo do tucano Marconi Perillo e contribui para crise

Disputa no Estado acirra racha na base

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

A disputa política entre PSDB e PMDB em Goiás, cuja temperatura está ajudando a desandar a aliança nacional entre os partidos, levou a um clima de campanha eleitoral antecipada no Estado.
De um lado, o PMDB de Maguito Vilela, senador e presidente da legenda. O partido, depois de se ver ameaçado por uma CPI, está agora na ofensiva, apontando denúncias de corrupção no governo de Marconi Perillo (PSDB).
O nome de Perillo e de seu secretário da Fazenda, Jalles Fontoura (PFL), vieram à tona após a divulgação de uma fita em que Jair Siqueira Lage Filho, engenheiro e primo de Fontoura, aparece negociando com cinco lobistas e empreiteiros a liberação de uma verba de R$ 609 mil, devida pelo governo à construtora Triunfo S.A. O dinheiro corresponde à última parcela que seria paga após a pavimentação dos 56,6 km da GO-531.
Como a verba estava bloqueada havia dois anos, o representante da Triunfo, Eduardo Manara, discutia o pagamento de 25% do valor para ter a dívida quitada. No início da semana, ele confirmou que a obra foi alvo de lobistas, mas negou ligação com o secretário ou com o governador.
Perillo disse que "ninguém consegue impedir que o próprio nome seja citado por outrem em qualquer lugar visando os mais torpes fins. Não tenho dúvida de que se trata de uma armação política com objetivo claro de desgastar o meu governo."
A gravação da conversa foi feita pelo ex-prefeito de Pontalina, Aniceto de Oliveira Costa, em janeiro deste ano. O Ministério Público do Estado instaurou inquérito na última segunda-feira para apurar o caso e encaminhou a fita para análise técnica do Instituto de Criminalística do Estado.
Em depoimento ao promotor José Fabiano Ito, Aniceto confirmou que Lage negociava em nome do governador e do secretário. "Ele disse que Marcelo Ribeiro Sampaio [também presente à reunião" receberia entre 1% e 2% do valor acertado", afirmou Ito.
De acordo com Aniceto, Marcelo conseguiria o desarquivamento do processo e a expedição do PPT (previsão de pagamento do tesouro). Para conseguir o aval da Secretaria da Fazenda, ele recorreria ao técnico do Detran (Departamento de Trânsito) Adailton Amaral, que nega conhecer o esquema. Amaral disse que, apesar de ser amigo de Perillo, não o vê desde 98. Outro envolvido no caso, o empreiteiro Brasil Leite Camargo, depôs na sexta passada, mas o conteúdo de suas declarações não foi divulgado. Segundo Manara e Aniceto, ele teria feito o contato inicial com a Triunfo.
O caso serviu para o arquiinimigo PMDB intensificar seu papel de oposição. Além de apresentar um requerimento na Assembléia pedindo o afastamento do secretário, os peemedebistas prometem encaminhar outros dois, pedindo a investigação de todos os contratos firmados entre governo e empreiteiros e a análise da fita por um instituto independente.
O governo sofreu outro golpe no começo da semana, quando 14 oposicionistas (PMDB, PSD, PFL e PHD) e dois governistas (PL) assinaram requerimento para instalação de uma CPI da propina, que deve ser votada em agosto.
A surpresa maior foi o discurso da deputada Lina Spadoni (PFL) no final da semana. Depois de acompanhar os oposicionistas até o TCE e pedir uma auditoria nos contratos do governo, Spadoni disse que "o governador e o secretário são uma grande vergonha para Goiás, meu partido expulsar o Jalles Fontoura".


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