|
Texto Anterior | Índice
Eleição esvazia
a maioria de Alckmin em SP
VIRGILIO ABRANCHES
DA REDAÇÃO
O quadro político formado na
disputa eleitoral para a Prefeitura
de São Paulo esvaziou a maioria
do governador Geraldo Alckmin
(PSDB) na Assembléia Legislativa, o que está impedindo que a
Casa vote a LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) para 2005.
O problema tem sido a mudança de atitude de partidos, como o
PSB e o PL, que já fizeram parte da
base de apoio de Alckmin, mas
que agora são adversários dos tucanos no âmbito municipal.
O primeiro tem candidata própria à prefeitura: Luiza Erundina.
O segundo apóia o PT da prefeita
Marta Suplicy (PT). A Folha apurou que as duas siglas estão criando dificuldades e ajudando a oposição para diminuir a força do governo estadual em seu apoio a José Serra na disputa da capital.
Para ter uma idéia da força que
Alckmin tinha na Casa, basta um
levantamento mostrado pela Folha, em março, sobre CPIs contra
o governo tucano aprovadas na
Assembléia. De 38 pedidos, nenhuma comissão foi instalada.
Anteontem, a Assembléia tentou votar um roteiro de destaques
ao projeto da LDO original (procedimento que antecede a votação do projeto em si).
No entanto, nas duas sessões válidas, a base de Alckmin não conseguiu reunir quórum suficiente
para votar o roteiro. Da primeira
vez, o governo, que precisava ter a
presença de 48 parlamentares para deliberar, não atingiu o número por apenas um parlamentar.
Dos três deputados do PSB, dois
não compareceram, e um anunciou que votaria contra o governo. No PL, o mesmo problema.
Um deputado não compareceu, e
dois anunciaram abstenção.
O presidente da Casa, Sidney
Beraldo (PSDB), resolveu então
adiar a votação para uma sessão
extraordinária mais tarde. No entanto, o resultado da segunda tentativa foi mais desastroso para o
governo: o quórum desceu a 43
parlamentares.
Também colaborou como empecilho contra o governo a ausência de parlamentares da própria
base aliada. Na primeira votação,
cinco deputados do PSDB estavam ausentes e, na segunda, seis.
O líder tucano na Assembléia,
deputado Vaz de Lima, não soube
explicar o que ocorreu com a base
do governo. Questionado, saiu
parafraseando o escritor inglês
Willian Shakespeare: "Há mais
mistérios entre o céu e a Terra do
que supõe a nossa vã filosofia".
Já para o líder do PT, deputado
estadual Cândido Vacarezza, "os
tucanos demonstraram fraqueza
em não reunir sua base para aprovar projeto tão relevante".
Os dois deputados não comentaram se os problemas de Alckmin na Assembléia são fruto da
disputa das eleições na capital. A
Folha não conseguiu falar com
representantes do PL ou PSB.
De acordo com Lima, o governo
e sua base vão avaliar a situação e
tentar novamente votar os destaques na terça. Se a LDO não for
votada, a Assembléia não entra
em recesso. Como não é uma convocação feita pelo Executivo, os
deputados não ganham salário
extra. Os que faltarem, têm os dias
descontados do salário do mês.
Texto Anterior: Dirceu não lidera nem office-boy, afirma Stedile Índice
|