São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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Eleição esvazia a maioria de Alckmin em SP

VIRGILIO ABRANCHES
DA REDAÇÃO

O quadro político formado na disputa eleitoral para a Prefeitura de São Paulo esvaziou a maioria do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembléia Legislativa, o que está impedindo que a Casa vote a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2005.
O problema tem sido a mudança de atitude de partidos, como o PSB e o PL, que já fizeram parte da base de apoio de Alckmin, mas que agora são adversários dos tucanos no âmbito municipal.
O primeiro tem candidata própria à prefeitura: Luiza Erundina. O segundo apóia o PT da prefeita Marta Suplicy (PT). A Folha apurou que as duas siglas estão criando dificuldades e ajudando a oposição para diminuir a força do governo estadual em seu apoio a José Serra na disputa da capital.
Para ter uma idéia da força que Alckmin tinha na Casa, basta um levantamento mostrado pela Folha, em março, sobre CPIs contra o governo tucano aprovadas na Assembléia. De 38 pedidos, nenhuma comissão foi instalada.
Anteontem, a Assembléia tentou votar um roteiro de destaques ao projeto da LDO original (procedimento que antecede a votação do projeto em si).
No entanto, nas duas sessões válidas, a base de Alckmin não conseguiu reunir quórum suficiente para votar o roteiro. Da primeira vez, o governo, que precisava ter a presença de 48 parlamentares para deliberar, não atingiu o número por apenas um parlamentar.
Dos três deputados do PSB, dois não compareceram, e um anunciou que votaria contra o governo. No PL, o mesmo problema. Um deputado não compareceu, e dois anunciaram abstenção.
O presidente da Casa, Sidney Beraldo (PSDB), resolveu então adiar a votação para uma sessão extraordinária mais tarde. No entanto, o resultado da segunda tentativa foi mais desastroso para o governo: o quórum desceu a 43 parlamentares.
Também colaborou como empecilho contra o governo a ausência de parlamentares da própria base aliada. Na primeira votação, cinco deputados do PSDB estavam ausentes e, na segunda, seis.
O líder tucano na Assembléia, deputado Vaz de Lima, não soube explicar o que ocorreu com a base do governo. Questionado, saiu parafraseando o escritor inglês Willian Shakespeare: "Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que supõe a nossa vã filosofia".
Já para o líder do PT, deputado estadual Cândido Vacarezza, "os tucanos demonstraram fraqueza em não reunir sua base para aprovar projeto tão relevante".
Os dois deputados não comentaram se os problemas de Alckmin na Assembléia são fruto da disputa das eleições na capital. A Folha não conseguiu falar com representantes do PL ou PSB.
De acordo com Lima, o governo e sua base vão avaliar a situação e tentar novamente votar os destaques na terça. Se a LDO não for votada, a Assembléia não entra em recesso. Como não é uma convocação feita pelo Executivo, os deputados não ganham salário extra. Os que faltarem, têm os dias descontados do salário do mês.


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