|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ REFORMA
Peemedebistas assumiram pastas ontem; o presidente Lula, que deverá anunciar mais mudanças hoje, diz que Gushiken fica
Líder da CUT vira ministro do Trabalho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva anunciou ontem o presidente da CUT (Central Única dos
Trabalhadores), Luiz Marinho,
como o novo ministro do Trabalho. Disse que Luiz Gushiken permanecerá na Secretaria de Comunicação de Governo se quiser -a
tendência do ministro é ficar. Lula
ainda deu posse aos três peemedebistas recém-chegados ao governo -Saraiva Felipe (Saúde),
Silas Rondeau (Minas e Energia) e
Hélio Costa (Comunicações) e
anunciará novas mudanças na
próximas semana.
Enquanto isso, ministros como
Olívio Dutra (Cidades) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) tentam permanecer no primeiro escalão. Olívio disse que não era
candidato e que ficaria no ministério enquanto Lula quisesse. O
presidente, porém, quer fundir a
sua pasta à da Integração Nacional e nomear Ciro Gomes para o
novo ministério.
Aldo, que estava cotado para
Trabalho, perdeu a posição por
resistência do PT, que trava forte
disputa com seu partido, o PC do
B, no meio sindical. Agora, a tendência é que vá para a Defesa ou
Esportes. A situação de Jaques
Wagner, que deverá ser o novo
coordenador político do governo,
dependerá da reunião do Diretório Nacional do PT hoje em São
Paulo. Se José Genoino deixar a
presidência, como quer o Palácio
do Planalto, o ministro Luiz Dulci
(Secretaria Geral) poderá substituí-lo. Nessa hipótese, Wagner
iria para o posto de Dulci levando
o Conselhão e as atribuições políticas de Aldo.
Ao falar da crise política, Lula
disse que os acusadores precisam
apresentar provas, pois, em caso
contrário, "as ilações tomarão
conta da política nacional".
Diante de ministros e cerca de
300 convidados que lotaram o Salão Nobre do Planalto, Lula falou
por cerca de 25 minutos.
Ontem, Lula se despediu de Eunício Oliveira (Comunicações),
Humberto Costa (Saúde) e Maurício Tolmasquim (interino na
pasta de Minas e Energia). Eunício e Costa disputarão eleições.
O presidente elogiou os que deixam os cargos e deu alguns recados aos PMDB, que oficialmente
preferiu não integrar o governo.
Os peemedebistas empossados
ontem foram indicados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney
(AP). Lula pediu a Felipe para dar
uma "ordenada no nosso querido
MDB", referindo-se ao nome do
partido boa parte da ditadura militar. Antes, disse: "O PMDB é um
partido importante no Brasil mas
que está conseguindo a proeza de
ter tantas tendências quanto o
meu PT".
Diante de pelo menos 20 ministros, Lula elogiou a atuação de
Gushiken e disse que o ministro
da Secretaria de Comunicação de
Governo fica no cargo até o final
de 2006. Foi nesse momento que
entrou no tema da crise política e
das denúncias contra diferentes
esferas de governo.
"E eu desejo acabar com os boatos. Ele [Gushiken] só sairá por
vontade dele, porque eu acho que
nós não poderemos, a qualquer
insinuação contra qualquer companheiro, a priori achar que as
pessoas são culpadas", disse o
presidente, provocando aplausos
dos presentes.
A seguir, disse que as "ilações"
não podem contaminar a política
nacional, exigindo provas dos
acusadores. "Quem fizer acusações precisa provar as acusações,
porque senão as ilações tomarão
conta da política nacional. Acho
que nós precisamos tratar esses
assuntos com carinho."
Lula voltou a dizer que todas as
denúncias serão apuradas. "Todas as coisas serão investigadas
no seu momento certo, com o cuidado certo, com o critério certo.
Ou seja, por isso que eu nasci contra a pena de morte. Sendo contra
a pena de morte, por que eu vou
ser favorável à pena de morte na
política?", indagou.
(EDUARDO SCOLESE, KENNEDY ALENCAR, LUCIANA CONSTANTINO, RANIER
BRAGON E ANA FLOR)
Texto Anterior: Escândalo do mensalão/Mala suspeita: Irmão de Genoino diz que prisão "cheira mal" Próximo Texto: Força Sindical apóia ministro e espera reforma Índice
|