São Paulo, sábado, 09 de julho de 2005

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Fui convocado, afirma Luiz Marinho

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO

O próprio presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, 46, se encarregou de comunicar à imprensa, no fim da manhã de ontem, que aceitara "a missão" de ser o novo ministro do Trabalho.
Depois de quase quatro horas reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Granja do Torto, Marinho saiu e falou aos jornalistas.
"Acabei de ser convocado pelo presidente Lula para assumir o Ministério do Trabalho. E evidentemente que com uma convocação não se pensa", disse.
Marinho, que esteve em Brasília especialmente para o encontro, chegou à residência do presidente de táxi e, horas depois, deixou-a já em um carro oficial. Sua posse deve ocorrer na segunda-feira.
O sindicalista afirmou mais tarde, em São Paulo, onde concedeu coletiva durante à tarde, ter sido sondado pelo presidente há "uns 20 dias". No último domingo, voltaram a se falar. E, na última quarta, Lula marcou o encontro de ontem, no Torto.
De acordo com o sindicalista, a sugestão de nomes como o do ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) para a pasta não passava de "boataria". Afirmou que em nenhum momento o presidente o consultou sobre a eventual ida de Aldo para o Trabalho, ao contrário do que aconteceu, segundo ele, quando os ministros Jaques Wagner e Ricardo Berzoini foram para a pasta.
A Lula e a Berzoini, que retomará seu mandato na Câmara, Marinho teria dito que, por ser uma convocação, não um convite, assumiria sem pedir tempo para pensar.
"Eu sou um soldado nesse projeto. Essa convocatória é para colaborar com o presidente, para conduzir o país a sair da crise e para ajudar a dar continuidade ao crescimento da economia."
O futuro ministro afirmou ter sido convocado para uma missão, em virtude da atual crise política: "Na medida em que o presidente pretende reforçar a ação no Congresso, mas não desguarnecer a equipe de governo, nessa condição fui convocado", explicou. "Se tivesse tudo na normalidade, isso não estaria acontecendo."
O sindicalista afirmou ainda que, em função do novo cargo, não irá mais ser candidato a deputado estadual em São Paulo, em 2006, como chegou a anunciar neste ano. "O plano está desfeito."

Apoio
Marinho acredita que terá o apoio "do conjunto" das centrais sindicais. Para ele, sua nomeação dará prestígio às entidades -mesmo dentro de um clima de rivalidade como o existente entre a CUT e a Força Sindical, que disputam a hegemonia da representação dos trabalhadores.
Afirmou ainda que o presidente justificou a "convocação" por Marinho ser uma pessoa "com autoridade para negociar com o empresariado e interagir com o movimento sindical".
Não haverá mudança brusca nos rumos do ministério, segundo Marinho. Seu trabalho será uma continuidade dos programas capitaneados hoje por Berzoini. Pontos como o salário mínimo, entretanto, deverão ter atenção redobrada. "Pretendemos ajudar a pensar numa recuperação do mínimo que corresponda às expectativas da sociedade."
Ele anunciou que uma de suas primeiras ações será instalar a comissão do governo para estudar, desde já, o reajuste do salário mínimo. Sua criação foi anunciada por Lula no início do ano, mas o grupo não chegou a funcionar.
Indagado se continuaria a ser "o mesmo Marinho de sempre", o futuro ministro disse que pretende defender e debater suas opiniões dentro do governo. "Vai apenas mudar o local de combate. Deixarei de expressar [opiniões] publicamente, mas não deixarei de expressar internamente."
Segundo Marinho, a sucessão na CUT ainda está indefinida. E ressaltou que a autonomia da central será mantida mesmo com a sua ida para o governo federal.


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