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Fui convocado, afirma Luiz Marinho
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
O próprio presidente da CUT
(Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, 46, se encarregou de comunicar à imprensa, no
fim da manhã de ontem, que aceitara "a missão" de ser o novo ministro do Trabalho.
Depois de quase quatro horas
reunido com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na Granja do
Torto, Marinho saiu e falou aos
jornalistas.
"Acabei de ser convocado pelo
presidente Lula para assumir o
Ministério do Trabalho. E evidentemente que com uma convocação não se pensa", disse.
Marinho, que esteve em Brasília
especialmente para o encontro,
chegou à residência do presidente
de táxi e, horas depois, deixou-a já
em um carro oficial. Sua posse deve ocorrer na segunda-feira.
O sindicalista afirmou mais tarde, em São Paulo, onde concedeu
coletiva durante à tarde, ter sido
sondado pelo presidente há "uns
20 dias". No último domingo, voltaram a se falar. E, na última quarta, Lula marcou o encontro de ontem, no Torto.
De acordo com o sindicalista, a
sugestão de nomes como o do ministro Aldo Rebelo (Coordenação
Política) para a pasta não passava
de "boataria". Afirmou que em
nenhum momento o presidente o
consultou sobre a eventual ida de
Aldo para o Trabalho, ao contrário do que aconteceu, segundo
ele, quando os ministros Jaques
Wagner e Ricardo Berzoini foram
para a pasta.
A Lula e a Berzoini, que retomará seu mandato na Câmara, Marinho teria dito que, por ser uma
convocação, não um convite, assumiria sem pedir tempo para
pensar.
"Eu sou um soldado nesse projeto. Essa convocatória é para colaborar com o presidente, para
conduzir o país a sair da crise e
para ajudar a dar continuidade ao
crescimento da economia."
O futuro ministro afirmou ter
sido convocado para uma missão,
em virtude da atual crise política:
"Na medida em que o presidente
pretende reforçar a ação no Congresso, mas não desguarnecer a
equipe de governo, nessa condição fui convocado", explicou. "Se
tivesse tudo na normalidade, isso
não estaria acontecendo."
O sindicalista afirmou ainda
que, em função do novo cargo,
não irá mais ser candidato a deputado estadual em São Paulo,
em 2006, como chegou a anunciar
neste ano. "O plano está desfeito."
Apoio
Marinho acredita que terá o
apoio "do conjunto" das centrais
sindicais. Para ele, sua nomeação
dará prestígio às entidades
-mesmo dentro de um clima de
rivalidade como o existente entre
a CUT e a Força Sindical, que disputam a hegemonia da representação dos trabalhadores.
Afirmou ainda que o presidente
justificou a "convocação" por
Marinho ser uma pessoa "com
autoridade para negociar com o
empresariado e interagir com o
movimento sindical".
Não haverá mudança brusca
nos rumos do ministério, segundo Marinho. Seu trabalho será
uma continuidade dos programas
capitaneados hoje por Berzoini.
Pontos como o salário mínimo,
entretanto, deverão ter atenção
redobrada. "Pretendemos ajudar
a pensar numa recuperação do
mínimo que corresponda às expectativas da sociedade."
Ele anunciou que uma de suas
primeiras ações será instalar a comissão do governo para estudar,
desde já, o reajuste do salário mínimo. Sua criação foi anunciada
por Lula no início do ano, mas o
grupo não chegou a funcionar.
Indagado se continuaria a ser "o
mesmo Marinho de sempre", o
futuro ministro disse que pretende defender e debater suas opiniões dentro do governo. "Vai
apenas mudar o local de combate.
Deixarei de expressar [opiniões]
publicamente, mas não deixarei
de expressar internamente."
Segundo Marinho, a sucessão
na CUT ainda está indefinida. E
ressaltou que a autonomia da central será mantida mesmo com a
sua ida para o governo federal.
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