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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PROCURADOR
Advogado afirma que remessa de dinheiro resulta de serviços prestados pelo pai do procurador Glênio Guedes, titular da conta
Sócio de Valério deu R$ 500 mil a procurador
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A empresa Tolentino & Melo
Assessoria Empresarial, da qual o
empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza é sócio,
fez no último mês de maio uma
transferência eletrônica de R$ 500
mil para uma conta bancária no
BankBoston da qual o procurador
da Fazenda Nacional Glênio Sabbad Guedes é co-titular, juntamente com a mãe, Sami, e o pai,
Ramon (este é o titular da conta).
A operação integra um conjunto de dados enviados pelo Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) à Procuradoria Geral da República e à CPI dos
Correios nesta semana.
É também a Tolentino & Melo a
fonte de uma outra transferência
eletrônica, de R$ 782 mil, destinada à mesma conta no BankBoston
no final de 2003. A conta, que segundo Guedes é utilizada pela sua
família conforme declarou ao jornal "O Globo", recebeu no final
daquele ano um crédito em espécie de R$ 120 mil. Essas duas remessas foram reveladas pela Folha na edição de anteontem.
Seguindo o que determina a lei,
o BankBoston informou ao Coaf a
operação. A Folha apurou que o
perfil da transação contém fortes
indícios de que a origem do dinheiro está em contas bancárias
de empresas do empresário.
Relatório do Coaf em junho revelou que os saques em espécie
são um procedimento comum
nas contas de empresas de Marcos Valério, apontado como um
dos operadores do suposto pagamento de mesada a deputados.
Segundo os depoimentos do
empresário à Polícia Federal e à
CPI dos Correios, o dinheiro era
retirado no caixa do banco para
pagamento de fornecedores de
suas empresas. Sócio do publicitário na Tolentino & Melo, o advogado Rogério Tolentino disse
que as remessas eletrônicas, "se
estão lá [no relatório do Coaf], é
por conta" de serviços de assessoria prestados por Ramon Guedes
à empresa. Para Tolentino, os créditos não têm relação com o procurador da Fazenda Nacional.
Quando se tornaram públicas
suas relações com Marcos Valério, o procurador Guedes foi afastado do Conselho de Recursos do
Sistema Financeiro Nacional, o
Conselhinho. Nesse foro, ele havia dado parecer pelo arquivamento de um processo aberto pelo Banco Central contra o Banco
Rural e dois de seus dirigentes.
Na semana passada, ao julgar o
processo, o Conselhinho seguiu
por unanimidade o parecer. Marcos Valério era amigo do ex-vice-presidente do Rural, José Augusto
Dumont, morto no ano passado.
A ex-secretária de Marcos Valério Fernanda Karina Somaggio
também afirmou que a conta do
celular do procurador é paga pelo
empresário, além de outros gastos, como passagens aéreas e custos de hotéis em Brasília. Marcos
Valério disse que o procurador só
usava os serviços de sua secretária
e reembolsava os gastos.
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