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O ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI
Dos 32 parlamentares que integram a CPI dos Correios, 29 dizem que dados bancários, fiscais e telefônicos estão à disposição
Maioria da comissão quebraria próprio sigilo
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Vinte e nove dos 32 parlamentares integrantes da CPI dos Correios afirmaram à Folha que aceitam abrir seus sigilos bancário,
fiscal e telefônico durante a investigação. A proposta havia sido feita, em tom de provocação, pelo
deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ). O deputado Nelson
Meurer (PP-PR) foi o único dos
ouvidos que disse discordar.
A Folha ouviu ontem 30 dos 32
integrantes que compõem a CPI.
A comissão é formada por 16 deputados e 16 senadores. Os deputados Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) e Nélio Dias (PP-RN), em viagem pelo interior dos seus Estados, não foram localizados.
Outros dois senadores e um deputado concordam com a quebra
dos sigilos, mas fizeram ressalvas.
A polêmica sobre a abertura dos
sigilos teve início após Jefferson
relacionar os membros da CPI
com o chamado escândalo do
"mensalão", denunciado por ele,
durante entrevista ao "Programa
do Jô", da Rede Globo.
A declaração gerou tensão durante a sessão de anteontem da
CPI e, logo após comissão aprovar a quebra dos sigilos de Jefferson, ele divulgou nota na qual disse ter confundido os integrantes
da CPI com os do Conselho de
Ética da Câmara.
Nelson Meurer, do PP, contestou a hipótese sob o argumento
de que não é suspeito de irregularidade. "Não concordo, não devo
nada, mas sou contra. Tem de se
quebrar os sigilos de quem deve, e
eu não devo", afirmou Meurer.
Segundo as denúncias de Jefferson, o PT pagava mesadas a deputados do PP e do PL em troca de
apoio político no Congresso. Os
deputados negam.
Um dos principais defensores
da proposta de abertura dos sigilos voluntariamente, o deputado
Antonio Carlos Magalhães Neto
(PFL-BA) disse que a iniciativa
respaldaria a comissão a pedir
quebra de sigilos futuramente.
"Para poder quebrar o sigilo do
Roberto Jefferson temos de fazer
o mesmo. Isso nos dá força para
quebrar o do José Dirceu [PT-SP],
do Delúbio Soares [tesoureiro
afastado do PT], do Silvio Pereira
[secretário-geral afastado do PT]
e do Genoino [José, presidente do
PT]", disse ACM Neto.
O senadores César Borges (PFL-BA) e Heráclito Fortes (PFL-PI)
disseram aceitar a hipótese, mas
com ressalvas. "Podemos abrir,
mas não na condição de investigados", disse Borges. "Não acredito em sigilo, o PT sempre teve
acesso ao meu sigilo quando eu
era governo", afirmou Fortes.
O deputado Carlos Abicalil (PT-MT) disse não ver problemas "do
ponto de vista pessoal", mas afirmou considerar inviável do ponto
de vista institucional.
O líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra
(PTB-RN), e o deputado Eduardo
Paes (PSDB-RJ) usaram argumento semelhante para defender
a abertura do sigilo: "O Congresso
está sob suspeita".
Para o deputado Jorge Bittar
(PT-RJ), "o único problema é que
criou-se um ambiente de constrangimento" após as declarações
de Jefferson. "Não é essa figura
execrável que deve pautar o que
deve ou não ser feito. Mas como o
clima está carregado, acho bom
[quebrar os sigilos]."
(SILVIO NAVARRO, RANIER BRAGON E FABIO ZANINI)
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