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Petista quer distância do escândalo do mensalão
DA REPORTAGEM LOCAL
Amparado nos bons resultados da economia e com votos
praticamente consolidados entre as classes D e E, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu um discurso de campanha
que passa a léguas de distância
do tema que mais incomoda
sua candidatura e o PT: a crise
do mensalão e sua relação com
supostos esquemas de corrupção na máquina pública.
Como esse será o assunto
preferido dos adversários, o antídoto petista é a defesa veemente da reforma política, com
financiamento público de campanha e fidelidade partidária.
No discurso da convenção nacional do PT, em que assumiu a
candidatura à reeleição, Lula
disse que "a reforma política
não poderá mais ser adiada".
O PT sustenta que a reforma
corrigirá equívocos históricos
do sistema político-partidário
que levam ao caixa dois e a crises de governabilidade na coalizão formada no Congresso.
Para rebater a oposição, o governo argumenta que a prática
é generalizada e que a origem
do "valerioduto" -o esquema
montado pelo empresário Marcos Valério- está em Minas
Gerais, na gestão do PSDB.
"Eles [PSDB e PFL] não são
os vestais da ética", acusa o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS). Para cada
lembrança de denúncias feita
pela oposição, os petistas citarão as operações da PF.
Economia
Está vetada qualquer menção à adoção de um novo modelo econômico num eventual segundo mandato. Mesmo que a
indicação de Guido Mantega
para a Fazenda seja um sinal de
que a redução do superávit primário -pelo menos ao longo de
um segundo mandato- deixa
de ser um tabu, é proibido mexer nesse vespeiro agora.
Lula fez a seguinte promessa
econômica para um segundo
mandato: "crescimento acelerado com estabilidade; e responsabilidade fiscal para manter a estabilidade". Nega também a pecha da farra fiscal, imposta pelo PSDB. Mas disse que
seu compromisso nunca foi só
com o superávit primário, mas
com o "superávit social". Na
seara dos gastos públicos, evita
falar de soluções para o incômodo déficit previdenciário.
Se há questões delicadas sobre o rumo da política econômica, a retórica preferida do
presidente e de seus aliados é
comparar a gestão petista e os
oito anos de FHC. "Todos os indicadores econômicos e sociais
são favoráveis a Lula", afirma o
senador Aloizio Mercadante
(PT), que disputa o governo de
São Paulo. Ele escreveu um livro com todos os dados comparativos que servem de base para
o programa de governo de Lula.
"Volto a ser candidato porque conseguimos recuperar
uma economia que encontramos profundamente fragilizada. Porque provamos que é possível garantir, ao mesmo tempo, estabilidade, crescimento e
distribuição de renda", afirmou
Lula na convenção.
A idéia é associar o PSDB "às
vozes do atraso". "Era o tempo
da instabilidade e da vulnerabilidade econômica. Era a época
da insensibilidade social e do
sucateamento da infra-estrutura. Era o tempo dos grandes
apagões. Era o final da sanha
privatista que dilapidou o patrimônio público. Era a época
da desesperança e da baixa estima", definiu Lula.
Temas prediletos
Os assuntos preferidos de
Lula serão a educação e as comparações de programas sociais
dos dois governos. "Nos nossos
três anos e meio de governo,
transferimos para as famílias
carentes um volume de recursos 36% maior, em proporção
ao PIB, que nos oito anos do governo deles", cita o presidente.
Se o Bolsa Família é considerado um trunfo, os erros iniciais do Fome Zero são o calcanhar-de-aquiles. Ainda assim,
os petistas consideram que há
como abafar fracassos de alguns programas, como o Primeiro Emprego e a Farmácia
Popular, bombardeando o eleitor com dados sobre o que vingou.
(MALU DELGADO)
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