São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petista quer distância do escândalo do mensalão

DA REPORTAGEM LOCAL

Amparado nos bons resultados da economia e com votos praticamente consolidados entre as classes D e E, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu um discurso de campanha que passa a léguas de distância do tema que mais incomoda sua candidatura e o PT: a crise do mensalão e sua relação com supostos esquemas de corrupção na máquina pública.
Como esse será o assunto preferido dos adversários, o antídoto petista é a defesa veemente da reforma política, com financiamento público de campanha e fidelidade partidária. No discurso da convenção nacional do PT, em que assumiu a candidatura à reeleição, Lula disse que "a reforma política não poderá mais ser adiada".
O PT sustenta que a reforma corrigirá equívocos históricos do sistema político-partidário que levam ao caixa dois e a crises de governabilidade na coalizão formada no Congresso.
Para rebater a oposição, o governo argumenta que a prática é generalizada e que a origem do "valerioduto" -o esquema montado pelo empresário Marcos Valério- está em Minas Gerais, na gestão do PSDB.
"Eles [PSDB e PFL] não são os vestais da ética", acusa o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS). Para cada lembrança de denúncias feita pela oposição, os petistas citarão as operações da PF.

Economia
Está vetada qualquer menção à adoção de um novo modelo econômico num eventual segundo mandato. Mesmo que a indicação de Guido Mantega para a Fazenda seja um sinal de que a redução do superávit primário -pelo menos ao longo de um segundo mandato- deixa de ser um tabu, é proibido mexer nesse vespeiro agora.
Lula fez a seguinte promessa econômica para um segundo mandato: "crescimento acelerado com estabilidade; e responsabilidade fiscal para manter a estabilidade". Nega também a pecha da farra fiscal, imposta pelo PSDB. Mas disse que seu compromisso nunca foi só com o superávit primário, mas com o "superávit social". Na seara dos gastos públicos, evita falar de soluções para o incômodo déficit previdenciário.
Se há questões delicadas sobre o rumo da política econômica, a retórica preferida do presidente e de seus aliados é comparar a gestão petista e os oito anos de FHC. "Todos os indicadores econômicos e sociais são favoráveis a Lula", afirma o senador Aloizio Mercadante (PT), que disputa o governo de São Paulo. Ele escreveu um livro com todos os dados comparativos que servem de base para o programa de governo de Lula.
"Volto a ser candidato porque conseguimos recuperar uma economia que encontramos profundamente fragilizada. Porque provamos que é possível garantir, ao mesmo tempo, estabilidade, crescimento e distribuição de renda", afirmou Lula na convenção.
A idéia é associar o PSDB "às vozes do atraso". "Era o tempo da instabilidade e da vulnerabilidade econômica. Era a época da insensibilidade social e do sucateamento da infra-estrutura. Era o tempo dos grandes apagões. Era o final da sanha privatista que dilapidou o patrimônio público. Era a época da desesperança e da baixa estima", definiu Lula.

Temas prediletos
Os assuntos preferidos de Lula serão a educação e as comparações de programas sociais dos dois governos. "Nos nossos três anos e meio de governo, transferimos para as famílias carentes um volume de recursos 36% maior, em proporção ao PIB, que nos oito anos do governo deles", cita o presidente.
Se o Bolsa Família é considerado um trunfo, os erros iniciais do Fome Zero são o calcanhar-de-aquiles. Ainda assim, os petistas consideram que há como abafar fracassos de alguns programas, como o Primeiro Emprego e a Farmácia Popular, bombardeando o eleitor com dados sobre o que vingou. (MALU DELGADO)


Texto Anterior: Eleições 2006/Agenda oculta: Lula e Alckmin fogem de "temas proibidos"
Próximo Texto: Tucano evitará a crise na segurança e a gestão FHC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.