São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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Tucano evitará a crise na segurança e a gestão FHC

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, procura se imunizar para o debate eleitoral de dois temas tidos como dos mais espinhosos para sua campanha: a crise da segurança pública em São Paulo e a evocação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na disputa eleitoral.
Como vacina para a comparação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com os oito anos de FHC, Alckmin busca desqualificar a estratégia petista, chamando de atrasada a política de você ficar "o tempo inteiro falando mal do antecessor". "Não se usa mais isso nem nas cidadezinhas do interior", comentou o ex-governador.
Alckmin adota o discurso de que está sempre pronto para defender FHC (que governou o país, em duas gestões, de 1995 a 2002), mas que a campanha deve "olhar para a frente".

Comparação
O tucano afirma que vai mostrar sua atuação no governo de São Paulo, em comparação com as deficiências da administração federal petista.
Apontada por seus aliados como agenda negativa da campanha, a crise na segurança pública terá duas diferentes abordagens: a apresentação de medidas adotadas pelo governo de São Paulo para o combate à criminalidade e a federalização do problema.
Repetindo que o governo federal foi omisso, Alckmin tenta mostrar que tem propostas consistentes para o setor, como a criação da polícia de fronteira.
Com o desafio de conquistar os eleitores das classes D e E -muitos deles beneficiários de ações de assistência social-, Alckmin busca um antídoto para os efeitos eleitorais de programas como o Bolsa-Família.
Além da promessa de manter a rede de proteção social, ou até de ampliá-la, Alckmin insistirá no discurso de que é preciso garantir emprego para que o brasileiro não dependa de benefícios públicos. A meta, repete, é o crescimento. Para atrair esse eleitor, Alckmin pretende apresentar iniciativas do governo de São Paulo, como o Bom Prato e o Poupatempo.
A reforma da Previdência Social deverá ser um tema contornado pelo comando da campanha do PSDB. Questionado, Alckmin já defendeu mudanças para a concessão de aposentadorias somente para quem entrar no serviço público.
Alckmin também tergiversou ao responder se, a exemplo de Lula, vetaria o reajuste dos aposentados. Limitou-se a dizer que, no governo, criaria as condições para que fosse concedido. A intenção de explorar a vulnerabilidade petista está expressa no slogan "Brasil decente, Alckmin presidente". Alckmin tem repetido que os valores e princípios éticos serão abordados na campanha.
Para apagar outra imagem incômoda - a da falta de densidade - Alckmin pediu para a equipe de programa de governo que apresse a conclusão de propostas. A idéia é apresentar uma plataforma baseada em dois pilares: desenvolvimento e serviços essenciais de Estado.

Infra-estrutura
Dentro do projeto de desenvolvimento, apresentará um pacote para investimento em infra-estrutura, com apoio da iniciativa privada; outro de apoio à agricultura e um terceiro de redução de carga tributária e incentivo ao microempresário. Adotado em São Paulo, o Simples Paulista será usado para demonstrar que Alckmin seria capaz de cumprir suas promessas. O esforço do candidato é mostrar que tem propostas melhores e, se eleito, será capaz de executá-las.
Ao pregar a melhoria das condições macroeconômicas, Alckmin atacará pontos fracos do governo: taxa de juros e câmbio. Ele abordará também a crise da Bolívia como uma deficiência do governo. O tímido crescimento tem sido um dos principais alvos de Alckmin, que pretende eleger saúde, educação e segurança como temas da campanha.


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