|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MEMÓRIA
Jânio Quadros e Adhemar de Barros concentraram o poder político em SP nos anos 50 e 60, fazendo sucessores
Direita dominou as eleições no passado
DA REDAÇÃO
A capital paulista nunca foi um
reduto eleitoral da esquerda. Embora São Paulo ainda seja um núcleo industrial importante, boa
parte do operariado que trabalha
na cidade reside em municípios
próximos e não vota na capital.
Uma evidência disso é o fato de
que, historicamente, a esquerda
obtém suas melhores votações
nas áreas distantes do centro, nas
periferias leste e sul. O eleitorado
de esquerda "paulistano" na realidade vota nas cidades da Grande
São Paulo (ABCD, por exemplo).
Em contrapartida, o fato de São
Paulo ser o maior centro comercial e financeiro do país, sede de
numerosas empresas, os partidos
conservadores encontram aí mais
respaldo para suas campanhas.
Por essa razão São Paulo possui
uma direita forte e bem organizada. Essa direita controla a administração da cidade por meio de
lideranças populistas.
Polarização
Desde que a cidade de São Paulo
voltou a eleger diretamente seus
prefeitos, em 1953, a política na
capital paulista (e no Estado) ficou polarizada entre Adhemar de
Barros e Jânio Quadros.
Adhemar foi interventor no Estado de 1938 e 1941. Com a redemocratização do país em 1945, organizou seu partido, o PSP (Partido Social Progressista), pelo qual
foi eleito governador em 1947 e
elegeu Lucas Nogueira Garcez como seu sucessor em 1950.
Garcez rompeu com Adhemar
em 1953 e, nas eleições para a capital paulista daquele ano, articulou uma grande aliança em torno
de seu secretário da Saúde, Francisco Antônio Cardoso. Adhemar
apoiou, inclusive financeiramente, a candidatura de Jânio Quadros, na época um deputado estadual de oposição a Garcez.
Apesar de contar com o apoio
do PSB (Partido Socialista Brasileiro), Jânio não podia ser considerado um político de esquerda.
Venceu com 67,7% dos votos válidos -um recorde.
No ano seguinte, tanto Jânio como Adhemar disputaram a eleição para governador. Jânio venceu Adhemar por apenas 18.304
votos de vantagem.
Prestígio
Apesar da derrota, Adhemar
manteve seu prestígio na capital
paulista, e conseguiu eleger Lino
de Matos prefeito de São Paulo
em 1955 e, dois anos depois, foi ele
próprio eleito prefeito, derrotando os candidatos janistas.
Sem deixar a prefeitura, Adhemar disputou o governo do Estado em 1958 (perdeu para Carvalho Pinto, candidato de Jânio) e a
Presidência da República em
1960, perdendo para o próprio Jânio. Em 1961, o udenista Prestes
Maia interrompeu o domínio
adhemarista na capital.
Após o movimento militar de
1964, houve ainda uma eleição para prefeito da capital paulista, em
1965. O vencedor foi José Vicente
de Faria Lima, do MTR, político
ligado a Jânio Quadros.
Após a derrota dos candidatos
do regime militar nessa eleição e,
principalmente, na disputa pelos
governos estaduais do Rio e de
Minas, o general Castello Branco
suprimiu a eleição direta para
prefeitos de capitais, que passaram a ser nomeados pelos governadores (eleitos indiretamente).
O fim do regime militar, em
março de 1985, permitiu o restabelecimento de eleições diretas
para prefeitos das capitais. A vitória em São Paulo coube a Jânio
Quadros, então no PTB, que derrotou Fernando Henrique Cardoso (PMDB) por pequena margem.
Na eleição seguinte, em 1988, o
candidato do PDS, Paulo Maluf,
liderou as pesquisas até a última
semana, quando foi ultrapassado
pela então candidata do PT, Luiza
Erundina. Essa foi, de fato, a primeira vez que a esquerda venceu
uma eleição na capital paulista.
Quatro anos depois, Paulo Maluf, cujo eleitorado guarda semelhanças com o de Adhemar de
Barros, assumiu a prefeitura, derrotando Eduardo Suplicy (PT) no
segundo turno.
Texto Anterior: Divisão surgiu com Revolução Francesa Próximo Texto: Moralização foi tema para Jânio Quadros Índice
|