São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2000 |
|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Moralização foi tema para Jânio Quadros
DA REDAÇÃO Jânio da Silva Quadros começou sua carreira política na UDN (União Democrática Nacional), mas, como não obteve legenda para ser candidato a vereador em 1947, transferiu-se para o PDC. Só conseguiu ser eleito suplente, mas, com a cassação dos vereadores comunistas, Jânio acabou assumindo uma cadeira em 1948. Crítico de Adhemar de Barros, defendia a moralização da administração pública e a punição dos corruptos. Em 1950, concorrendo pelo PDC, foi o deputado estadual mais votado no Estado. Candidatou-se a prefeito da capital em 1953 pelo PDC em aliança com o PSB. Seu principal adversário era o secretário da Saúde do governador Lucas Nogueira Garcez (PSP), Francisco Antônio Cardoso. O slogan de Jânio era "o tostão contra o milhão", para destacar a desproporção entre sua campanha e a do candidato da situação. Passou a utilizar a vassoura como símbolo de sua disposição para "limpar" o governo. Venceu a eleição em março de 1953 com 67,7% dos votos válidos. Logo após o pleito, começou a chamada "Greve dos 300 Mil", que durou um mês. Jânio apoiou o movimento, reprimido pelo governador, ampliando seu prestígio entre o operariado. Na prefeitura, iniciou uma "cruzada moralizadora": demitiu funcionários, proibiu a circulação de carros oficiais após o horário de serviço e passou a visitar as repartições públicas de surpresa. Em 1954, candidatou-se a governador com o apoio do PTN e PSB. Sua campanha foi marcada por sua atuação teatral. Como afirma a cientista política Maria Vitória Benevides, "os palanques transformavam-se em palcos de tragicomédias: Jânio tomava injeções em público, simulava desmaios e comia sanduíches de mortadela levados nos bolsos. E era carregado nos ombros do povo!" Usava "roupas surradas e em desalinho, cabelos compridos e barba por fazer, ombros brilhantes de caspa". Venceu Adhemar de Barros por pequena margem. No governo, aproximou-se da UDN e fez oposição ao presidente Juscelino Kubitschek (PSD). Em 1958, conseguiu eleger seu sucessor, Carvalho Pinto e foi ele próprio eleito deputado federal pelo Paraná (nunca participou de nenhuma sessão do Congresso). Em 1960, com o apoio da UDN, foi eleito presidente da República, derrotando o general Henrique Teixeira Lott (PSD) e Adhemar de Barros (PSP). Os candidatos a vice-presidente que o apoiavam acabaram sendo derrotados por João Goulart (PTB). Tomou posse em janeiro de 1961, mas se desentendeu com a base governista e acabou renunciando em 25 de agosto, numa tentativa frustrada de forçar o Congresso Nacional a ampliar seus poderes, pois calculava que os partidos conservadores não aceitariam a posse de Goulart. O problema é que sua renúncia foi aceita. A resistência à posse de Goulart pelos militares foi vencida com a adoção às pressas do regime parlamentarista. No ano seguinte, Jânio fracassou na tentativa de voltar ao governo do Estado. Em 1964, foi cassado pelos militares que tomaram o poder, mas conseguiu eleger seu candidato (Faria Lima) para a Prefeitura de São Paulo, em 1965. Em 1968, o general Costa e Silva o manteve confinado em Corumbá (hoje MS) por 120 dias em razão de críticas ao governo. Após a reforma partidária de 1979, ingressou no PTB de Ivete Vargas em 1980, pelo qual foi lançado candidato ao governo em 1982. Ficou em terceiro lugar, atrás de Franco Montoro (PMDB) e Reynaldo de Barros (PDS). Em 1985, porém, Jânio conseguiu ser eleito prefeito de São Paulo, derrotando Fernando Henrique Cardoso (PMDB) e Eduardo Suplicy (PT). Em maio de 1989, lança sua candidatura à Presidência pelo PSD, mas fracassa ao tentar obter o apoio do PFL e PTB, e acaba renunciando à candidatura. Morreu em 1992. Texto Anterior: Memória: Direita dominou as eleições no passado Próximo Texto: Isso é Jânio Índice |
|