São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conselho terá 3 frentes de investigação sobre Renan

Relator que investigará se senador beneficiou cervejaria e grilou terras será escolhido hoje; terceiro caso trata de compra de rádios

SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cercado por um grupo de aliados que hoje se restringe praticamente à bancada do PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá enfrentar três frentes distintas de investigação no Conselho de Ética da Casa.
Ontem, o presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), anunciou que as duas novas denúncias que assolaram Renan nas últimas semanas serão analisadas separadamente do processo que ele já enfrenta. O argumento para fatiar os casos é não protelar o desfecho do primeiro processo.
Quintanilha também afirmou que escolherá hoje o nome do relator que investigará as denúncias de que ele teria beneficiado a cervejaria Schincariol em troca de vantagens pessoais e analisar se fez grilagem de terras em Alagoas.
O terceiro caso ainda depende de deliberação da Mesa Diretora do Senado, mas a tendência é que tenha o mesmo encaminhamento dos demais, ou seja, seja remetido ao Conselho de Ética. Segundo a revista "Veja", Renan seria sócio oculto de duas rádios em Alagoas que teriam sido pagas em dinheiro vivo, parte em dólar.
O conselho já investiga há dois meses se o peemedebista teve despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Com as novas frentes, Renan poderá ficar no centro das investigações até o final do ano.
Quintanilha disse que a chuva de processos não atrasará o cronograma do primeiro caso, que está previsto para terminar na última semana do mês. "Optamos por três processos para dar celeridade à representação número um", afirmou.
Os relatores do processo em curso -Renato Casagrande (PSB-ES), Almeida Lima (PMDB-SE) e Marisa Serrano (PSDB-MS)- se reuniram ontem com Quintanilha para atender a Polícia Federal, que pediu mais documentos para elaborar perícia nos papéis do senador. A previsão é que o laudo fique pronto no dia 14.
A PF solicitou cerca de 60 documentos referentes ao período entre 2000 e 2003. Os peritos pedem dados da Secretaria Estadual de Agricultura de Alagoas e órgãos de defesa sanitária (vacinação dos bois), além de registros das empresas a quem Renan alegou ter vendido gado. A lista também inclui pedido de cópia do certificado de produtor rural do senador.
Segundo integrantes do conselho, a solicitação de mais dados é um esforço da PF em mostrar que Renan, apesar de ter dinheiro na conta suficiente para pagar pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, não era criador de gado.
Aliado de Renan, Almeida Lima protestou: "O que eles solicitaram é abusivo e impertinente. Querem investigar ilícitos sanitários? Não vejo nenhuma razão para este pedido".
Quintanilha e os relatores devem pedir hoje ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, compartilhamento de dados nas investigações sobre Renan. "Vamos lá para estabelecer um procedimento de parceria", afirmou Casagrande. Como o Supremo Tribunal Federal quebrou os sigilos bancário e fiscal do presidente do Senado, o Conselho de Ética quer esclarecer se pode ter acesso aos dados e os limites da utilização.
Os relatores estão preocupados com a possibilidade da perícia da PF não ser conclusiva. O acesso a informações do inquérito do STF poderia ajudar na conclusão dos trabalhos.


Texto Anterior: Oposição vai tentar barrar votações até Renan sair
Próximo Texto: Renan autoriza nova rádio para empresa de seu grupo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.