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Conselho terá 3 frentes de investigação sobre Renan
Relator que investigará se senador beneficiou cervejaria e grilou terras será escolhido hoje; terceiro caso trata de compra de rádios
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cercado por um grupo de
aliados que hoje se restringe
praticamente à bancada do
PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá enfrentar três frentes distintas de investigação no
Conselho de Ética da Casa.
Ontem, o presidente do conselho, Leomar Quintanilha
(PMDB-TO), anunciou que as
duas novas denúncias que assolaram Renan nas últimas semanas serão analisadas separadamente do processo que ele já
enfrenta. O argumento para fatiar os casos é não protelar o
desfecho do primeiro processo.
Quintanilha também afirmou que escolherá hoje o nome
do relator que investigará as
denúncias de que ele teria beneficiado a cervejaria Schincariol em troca de vantagens pessoais e analisar se fez grilagem
de terras em Alagoas.
O terceiro caso ainda depende de deliberação da Mesa Diretora do Senado, mas a tendência é que tenha o mesmo
encaminhamento dos demais,
ou seja, seja remetido ao Conselho de Ética. Segundo a revista "Veja", Renan seria sócio
oculto de duas rádios em Alagoas que teriam sido pagas em
dinheiro vivo, parte em dólar.
O conselho já investiga há
dois meses se o peemedebista
teve despesas pessoais pagas
por um lobista da empreiteira
Mendes Júnior. Com as novas
frentes, Renan poderá ficar no
centro das investigações até o
final do ano.
Quintanilha disse que a chuva de processos não atrasará o
cronograma do primeiro caso,
que está previsto para terminar
na última semana do mês. "Optamos por três processos para
dar celeridade à representação
número um", afirmou.
Os relatores do processo em
curso -Renato Casagrande
(PSB-ES), Almeida Lima
(PMDB-SE) e Marisa Serrano
(PSDB-MS)- se reuniram ontem com Quintanilha para
atender a Polícia Federal, que
pediu mais documentos para
elaborar perícia nos papéis do
senador. A previsão é que o laudo fique pronto no dia 14.
A PF solicitou cerca de 60 documentos referentes ao período entre 2000 e 2003. Os peritos pedem dados da Secretaria
Estadual de Agricultura de Alagoas e órgãos de defesa sanitária (vacinação dos bois), além
de registros das empresas a
quem Renan alegou ter vendido gado. A lista também inclui
pedido de cópia do certificado
de produtor rural do senador.
Segundo integrantes do conselho, a solicitação de mais dados é um esforço da PF em
mostrar que Renan, apesar de
ter dinheiro na conta suficiente
para pagar pensão alimentícia à
jornalista Mônica Veloso, não
era criador de gado.
Aliado de Renan, Almeida Lima protestou: "O que eles solicitaram é abusivo e impertinente. Querem investigar ilícitos sanitários? Não vejo nenhuma razão para este pedido".
Quintanilha e os relatores
devem pedir hoje ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, compartilhamento de dados nas investigações sobre Renan. "Vamos lá para estabelecer um
procedimento de parceria",
afirmou Casagrande. Como o
Supremo Tribunal Federal
quebrou os sigilos bancário e
fiscal do presidente do Senado,
o Conselho de Ética quer esclarecer se pode ter acesso aos dados e os limites da utilização.
Os relatores estão preocupados com a possibilidade da perícia da PF não ser conclusiva.
O acesso a informações do inquérito do STF poderia ajudar
na conclusão dos trabalhos.
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