São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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TELECOMUNICAÇÕES
Instalação de telefone é feita em dois dias
Portugal e Espanha têm serviço eficiente

ELVIRA LOBATO
enviada especial a Madri e Lisboa

Se a Telefónica de España e a Portugal Telecom oferecerem no Brasil a mesma qualidade de serviço que prestam em seus países, os paulistanos não sentirão saudade da Telesp estatal.
Dos três, o Brasil é o que possui a menor taxa para a instalação de linha -R$ 51,36, contra R$ 92,53 em Portugal e R$ 193,91 na Espanha-, mas o dado perde relevância porque há 13,3 milhões de inscritos para compra do telefone no país, sem data para atendimento.
Nos outros dois países, a instalação é feita no máximo em dois dias, contados a partir da formalização do pedido.
Aposentados e pensionistas portugueses que recebem até um salário mínimo têm 62% de desconto na assinatura mensal e ainda ganham 35 impulsos grátis por mês. Todas as escolas públicas têm acesso à Internet por rede de alta velocidade.
Os deficientes físicos podem ter telefones especiais, que são instalados gratuitamente em suas casas, por exigência do governo.
Em Madri, os postos de atendimento público da Telefónica de España chamam a atenção não só pela limpeza e organização, mas pelas cabines para atendimento a surdos, com telefones com teclados nos quais eles podem digitar suas mensagens. As respostas, de quem está do outro lado da linha, aparecem na tela do aparelho.
O internauta português tem à sua disposição o sistema que permite usar, simultaneamente, a mesma linha para acessar a Internet e falar ao telefone. As chamadas "redes de banda larga" fazem com que as imagens cheguem com rapidez aos computadores e as quedas de ligação são raras.
Mais de 90% das centrais telefônicas portuguesas são digitais e o tempo máximo de reparação de defeitos é de 20 horas. Todas as localidades com mais de mil habitantes do país têm, pelo menos, um telefone público.
Tanto em Portugal quanto na Espanha, há uma feroz competição pela telefonia celular. Há um ano, a Airtel e a Moveline -que disputam o mercado de celulares espanhol- davam o aparelho de brinde para conquistarem novos clientes. Elas frearam a guerra de preços quando usuários de menor poder aquisitivo, que haviam sido atraídos pela disputa, começaram a devolver os aparelhos pela impossibilidade de pagarem a conta.
A disputa está em plena efervescência em Portugal. Segundo Luiz Felipe Nazaré, presidente do Instituto de Comunicações -que regulamenta e fiscaliza o mercado-, as tarifas da telefonia celular caíram 90% nos últimos cinco anos e cairão ainda mais quando o grupo Sonae (dono da rede de supermercados Continente) começar a funcionar como terceira operadora de celular de Portugal, em setembro.
O novo concorrente lançou uma campanha publicitária prometendo cobrar até o ano 2000 apenas cinco escudos por minuto -R$ 0,03- nas ligações entre os assinantes de seu sistema. O preço é praticamente igual ao que a Telesp cobra na ligação local comum.
A disputa pelo usuário de celular em Portugal é tamanha que os publicitários já não têm inspiração para tantos planos promocionais. O atual mote publicitário da TMN (Telecomunicações Móveis Nacionais), da Portugal Telecom é inacreditável: "Neste verão, preços fresquinhos".
O plano de assinatura do serviço celular mais "fresquinho" da operadora para o verão europeu oferece um telefone digital Motorola pelo equivalente a R$ 127,88, sem taxa de habilitação e com um crédito de R$ 109,24 para ser gasto em ligações. Ou seja, o telefone digital sai por R$ 18,64.
Os usuários dos dois países queixam-se de que as empresas vêm encarecendo sistematicamente as chamadas locais para compensar a queda de preço das ligações de longa distância.
Na última semana, a OCU (Organización de Consumidores Y Usuários) da Espanha, que reúne 250 mil associados, começou uma campanha contra a mudança do sistema tarifário da Telefónica. A operadora abandonou a cobrança por pulsos e passou a cobrar as chamadas locais por segundos o que, segundo os consumidores, gerou um aumento de até 137,9% nas ligações, dependendo da duração e da hora em que foi feita.
Em Portugal, os consumidores fizeram um "buzinaço", no início do ano, em frente à sede da telefônica, porque ela instituiu uma taxa de ativação das chamadas equivalente a um pulso. Ou seja, os três primeiros minutos das ligações locais passaram a custar o dobro.
O reajuste contra o qual os consumidores espanhóis e portugueses se insurgiram foi feito no Brasil em 1995 e 96, como preparação para a venda do Sistema Telebrás.
Dos três países, o Brasil é o único que eliminou completamente o chamado subsídio de preço entre as ligações locais e as chamadas longa distância. Dos três, o Brasil é o que possui a maior tarifa local -R$ 13,82 o minuto, contra R$ 12,92 em Portugal e R$ 9,63 na Espanha- e o menor custo de interurbanos.



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