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ESTADOS
Objetivo inicial era impedir contratação de parentes
Lei oficializa prática de nepotismo em GO
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O governador de Goiás, Maguito
Vilela (PMDB), sancionou lei
aprovada pela Assembléia Legislativa que oficializa a prática do nepotismo no Estado. A lei permite
que deputados estaduais, desembargadores e o governador contratem até dois parentes.
O objetivo do projeto original,
do presidente da Assembléia Legislativa, Helenês Cândido
(PMDB), era eliminar totalmente
a contratação de parentes -cerca
de 1.500 nos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário).
Uma emenda do relator, deputado Sandez Junior (PMDB), excluiu
da proibição a nomeação ou permanência de até dois parentes por
autoridade. Além desses, também
está excluída a mulher do governador, que tradicionalmente ocupa a presidência da Organização
Voluntárias de Goiás.
O total de vagas para parentes foi
reduzido para 126, mas o nepotismo foi oficializado. A justificativa
do projeto original dizia que seu
objetivo era "atender aos anseios
da comunidade goiana e acabar,
de vez, com a nefasta prática do
nepotismo no serviço público".
Na Assembléia, na prática, foram criadas mais 38 vagas para parentes. Atualmente, há 46 parentes
nomeados em cargos de confiança
nos gabinetes dos 42 deputados.
Esse número poderá chegar aos
84.
A permissão para a contratação
de até dois parentes não se estende
ao TCE (Tribunal de Contas do Estado), órgão que registra os casos
mais expressivos de prática de nepotismo.
A CPI que investigou o TCE apurou que só o conselheiro José Seba
nomeou 30 parentes, incluindo a
mulher, 4 filhos, 3 noras, 1 genro, 3
irmãos e diversos sobrinhos e cunhados. No total, a família recebe
R$ 137 mil por mês.
Segundo Adib Elias (PL), ex-presidente da CPI, os sete conselheiros contratam parentes. A média
da soma dos salários dos parentes
em cada gabinete fica entre R$ 110
mil e R$ 115 mil.
Elias disse que o conselheiro
aposentado Valdir Castro Quinta
recebe salário de R$ 14,5 mil. A soma dos salários dos seus familiares
fica em R$ 85 mil.
O TCE de Goiás ainda paga salários para servidores cedidos por
tribunais de outros Estados. O relator da CPI, deputado Ibsen de
Castro (PMDB), citou no seu parecer o caso da servidora Doralice
Shizue Sumida.
Cedida pelo TCE de São Paulo
em 92, passou a receber pelo TCE
de Goiás em 94. O salário era de R$
1.168. Após sucessivos aumentos
em três anos, num total de 1.178%,
passou a receber R$ 14.941.
Castro também apurou casos de
filhos de conselheiros que são cedidos para órgãos de outros Estados com ônus para o TCE de
Goiás. Segundo ele, "os filhos de
conselheiros estudam fora à custa
dos cofres públicos".
Outro lado
A Folha ligou para a assessoria
de imprensa do TCE de Goiás ontem à tarde e informou o conteúdo
da reportagem. Não houve resposta até fechamento da edição.
A reportagem também telefonou
para o gabinete do conselheiro José Seba. A sua assessoria informou
que o conselheiro está de férias e
retorna ao trabalho no dia 11 deste
mês. Não apresentou resposta às
conclusões da CPI do TCE.
A assessoria do governador Maguito Vilela informou que ele sancionou a lei que permite a contratação de até dois parentes a pedido
da sua bancada na Assembléia.
Segundo a assessoria, Vilela
apresentou um projeto de emenda
à Constituição de Goiás propondo
a total proibição da contratação de
parentes pelos três Poderes. O projeto não foi aprovado.
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