São Paulo, quarta, 9 de setembro de 1998

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DESENVOLVIMENTO HUMANO
País fica em 62º
Brasil sobe 6 posições em lista da ONU

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

Pela primeira vez o Brasil superou a marca de 0,800 no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medido pela Organização das Nações Unidas (ONU), e entrou para o grupo dos países considerados com alto nível de desenvolvimento humano.
No Relatório sobre o Desenvolvimento Humano de 1998, cuja divulgação oficial ocorrerá hoje, o IDH do Brasil chega a 0,809 e passa a ocupar a 62ª posição no ranking de 174 países. Os dados se referem a 1995.
No relatório do ano passado, o Brasil ocupava a 68ª posição na classificação de 175 países, com IDH 0,783.
Chegar ao grupo de alto desenvolvimento humano não coloca o Brasil no Primeiro Mundo.
No 62º lugar, o Brasil fica entre Belize e Maurício. O Brasil ainda está atrás de metade dos países latino-americanos, como Argentina, Chile, Venezuela, Uruguai, Colômbia, México e Costa Rica, entre outros.
Para medir o desenvolvimento humano, o IDH leva em conta indicadores de três áreas: saúde, educação e renda.
Maior PIB per capita
O principal motivo para o crescimento do índice brasileiro foi a evolução do PIB (Produto Interno Bruto) per capita, medido em dólares e ajustado por uma metodologia do Banco Mundial que compara o poder de compra da moeda norte-americana em cada país.
O PIB per capita ajustado do Brasil passou de US$ 5.326,00 em 1994 para US$ 5.928,00 em 1995, justamente no período de implantação do Plano Real.
Esse crescimento de 11% fez com que o índice de PIB do Brasil passasse de 0,87 para 0,94, puxando o IDH brasileiro para o patamar superior a 0,800.
Nos outros dois temas abordados pelo IDH, o desempenho brasileiro não registrou grandes avanços.
O índice de educação passou de 0,79 para 0,80, fruto do aumento do percentual da população brasileira de 15 anos ou mais considerada alfabetizada.
Essa taxa era de 82,7% em 1994 e passou para 83,3% em 1995. A alfabetização corresponde a dois terços do índice de educação.
O outro um terço é medido pela taxa bruta de matrícula da população em idade escolar nos três níveis de educação: 1º, 2º e 3º graus. Esse percentual, para o Brasil, continuou em 72% em 1995, o mesmo de 1994.
Saúde
Terceiro componente do IDH, o índice de saúde do Brasil ficou estável entre 1994 e 1995: 0,69.
O indicador usado nesse caso pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é a esperança de vida ao nascer.
Um brasileiro nascido em 1994 tinha, na média, a expectativa de viver até os 66,4 anos. Para os nascidos em 1995, essa expectativa era levemente maior: 66,6 anos.
Analisados separadamente, os índices de educação e saúde têm desempenho bastante inferior à média obtida no IDH. No índice que usa a esperança de vida, o Brasil continua a ocupar a modesta 107ª posição, 56 lugares atrás do México, por exemplo.
No índice de educação, a situação é um pouco melhor, mas ainda medíocre: o Brasil ocupa a 89ª colocação, atrás da Tailândia, Suriname, Cuba, Equador, África do Sul e Paraguai, entre outros países em desenvolvimento.
Apenas na classificação do PIB per capita o Brasil melhora significativamente: está em 63º lugar, mesmo assim atrás de quase todos os países árabes produtores de petróleo.
No IDH, o Brasil só chega à 62ª posição por causa de uma coincidência estatística: vários países que vão bem no índice de renda vão mal nos índices sociais e vice-versa. Na média, acabam ficando atrás do Brasil.



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