São Paulo, quarta, 9 de setembro de 1998

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Expectativa de vida alcança 72,5 anos na cidade gaúcha onde a classe média prospera
Feliz tem renda per capita de R$ 5.343

Achutti/Folha Imagem
Igreja de Feliz, no Rio Grande do Sul, cidade mais bem colocada no Índice de Desenvolvimento Humano, da ONU


LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

Um dos colonizadores alemães que saíram do núcleo formado na região de São José do Hortêncio (RS) em direção ao Vale do Caí (próximo a Porto Alegre), em 1846, acertou no seu vaticínio. "Aqui seremos felizes", disse a seus companheiros.
A frase deu origem ao nome da atual cidade de Feliz, onde prospera uma extensa classe média, com renda per capita de R$ 5.343, inexistência de pessoas ricas e pobreza restrita a apenas cinco famílias.
Feliz (78 km de Porto Alegre) é a cidade brasileira mais bem colocada no Índice de Desenvolvimento Humano, devido a itens como a expectativa de vida em 72,5 anos, mortalidade infantil de 5,9 por mil nascimentos e analfabetismo praticamente erradicado.
O pequeno núcleo colonial, formado por poucas choupanas, originou uma cidade de 10.177 habitantes espalhados em 88,5 km2. A maioria das mortes ocorre devido a causas típicas de países desenvolvidos, como doenças cardíacas e câncer.
O segredo do bom padrão de vida é creditado pelo prefeito Clóvis Assmann (PMDB) ao equilíbrio entre os meios rural e urbano. A pequena agricultura toma conta de 40% da produção local.
Só de morango, é colhida 1.600 tonelada por safra, o suficiente para empregar 800 famílias. As plantações de amora, figo, pêssego, pepino, repolho, tomate e pimentão dão emprego a mais 200 famílias.
As indústrias do leite, móveis e calçados também se destacam. Em 1999, será inaugurada a cervejaria Dado Bier. "Isso gera uma grande classe média, que se caracteriza por trabalhar e poupar", diz Assmann.
No setor rural, há uma iniciativa que racionaliza a produção: o "círculo de máquinas", pelo qual a prefeitura subsidia 30% no empréstimo de uma máquina de um agricultor para outro. Assim, evita a "máquina ociosa". Ou seja, depois de uma colheita, a máquina não fica estacionada durante dez meses na garagem.
A taxa de evasão escolar é de 0,7%. Há 19 escolas, com 2.856 matrículas. Além de crescerem sabendo alemão, os alunos estudam um terceiro idioma e têm acesso facilitado à aula, com transporte gratuito para os 67% que precisam.
Na saúde, há atendimento 24 horas por dia. O turismo se intensifica na Festa do Chope, em abril, e na Fenamor (Festa da Amora, do Morango e do Chantilly), em novembro.



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