São Paulo, quarta, 9 de setembro de 1998

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QUESTÃO AGRÁRIA
Sem-terra não cumprem promessa de invasões generalizadas
MST invade sede do Incra em São Paulo em protesto

da Reportagem Local

O MST (Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem as sedes do Incra em São Paulo, Natal e Vitória e o posto em Chapecó (RS). Fez também protestos em frente ao prédio do órgão em Belo Horizonte, mas não começou a onda de invasões em fazendas de todo o país que prometera realizar.
Na semana passada, na esteira de cerca de 15 invasões no interior paulista iniciadas no domingo retrasado, o MST havia anunciado invasões de terra em todo o país após o ato "Grito dos Excluídos" -que ocorreu anteontem.
Em São Paulo, cerca de 500 militantes do MST só desocuparam o prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) cerca de dez horas depois, após um ato em que o órgão foi "lacrado" e considerado "fechado por incompetência".
Os dois portões do prédio, situado no bairro de Santa Cecília (região central da cidade), foram trancados com correntes e cadeados e as chaves foram entregues ao deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) e ao deputado estadual Jamil Murad (PC do B), que estiveram no local.
Os manifestantes picharam vidros e pedras da fachada do prédio com a frase: "Fechado por incompetência. Fora Jungmann e FHC".
Segundo o MST, a ação faz parte de uma nova onda de invasões. "Nós marcamos a data para começar as invasões, mas não sabemos quando vão terminar", disse José Rainha Jr., dirigente nacional do movimento.
Ele negou que as invasões às vésperas das eleições tivessem objetivo eleitoral, mas disse ser necessário pressionar o governo. "O momento é agora. Se as eleições passarem, os sem-terra só serão atendidos depois do Carnaval."
Para o Incra, a ocupação foi "um ato político que só atrasa a reforma agrária". "Eles não apresentaram nenhuma reivindicação nova", afirmou Marco Antônio Mauricio, assessor de comunicação do órgão.
"Não estamos pedindo nada de novo", afirmou Rainha Jr. "São as mesmas coisas que exigimos durante todo o último ano e o governo não cumpre."
O MST reclama da lentidão no processo de desapropriação de terras em São Paulo, exige a liberação imediata de R$ 32 milhões já prometidos pelo governo federal para compra de fazendas pelo governo estadual e quer a ampliação dos empréstimos destinados a pequenos produtores já assentados.
Em Belo Horizonte, cerca de 200 trabalhadores sem terra, segundo cálculo da Polícia Militar de Minas, realizaram ontem um protesto em frente à sede do Incra.
Segundo Ênio Bonenberger, integrante da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o objetivo do protesto foi cobrar do governo federal que agilize o assentamento dos sem-terra.
Aproximadamente 500 trabalhadores rurais ligados ao MST acamparam ontem na frente do prédio do Incra de Natal.


Colaborou a Agência Folha



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