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QUESTÃO AGRÁRIA
Sem-terra não cumprem promessa de invasões generalizadas
MST invade sede do Incra
em São Paulo em protesto
da Reportagem Local
O MST (Movimento Nacional
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) invadiu ontem as sedes do
Incra em São Paulo, Natal e Vitória e o posto em Chapecó (RS). Fez
também protestos em frente ao
prédio do órgão em Belo Horizonte, mas não começou a onda de invasões em fazendas de todo o país
que prometera realizar.
Na semana passada, na esteira de
cerca de 15 invasões no interior
paulista iniciadas no domingo retrasado, o MST havia anunciado
invasões de terra em todo o país
após o ato "Grito dos Excluídos" -que ocorreu anteontem.
Em São Paulo, cerca de 500 militantes do MST só desocuparam o
prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) cerca de dez horas depois, após um ato em que o órgão
foi "lacrado" e considerado
"fechado por incompetência".
Os dois portões do prédio, situado no bairro de Santa Cecília (região central da cidade), foram
trancados com correntes e cadeados e as chaves foram entregues ao
deputado federal Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT) e ao deputado estadual Jamil Murad (PC do B), que
estiveram no local.
Os manifestantes picharam vidros e pedras da fachada do prédio
com a frase: "Fechado por incompetência. Fora Jungmann e FHC".
Segundo o MST, a ação faz parte
de uma nova onda de invasões.
"Nós marcamos a data para começar as invasões, mas não sabemos quando vão terminar", disse
José Rainha Jr., dirigente nacional
do movimento.
Ele negou que as invasões às vésperas das eleições tivessem objetivo eleitoral, mas disse ser necessário pressionar o governo. "O momento é agora. Se as eleições passarem, os sem-terra só serão atendidos depois do Carnaval."
Para o Incra, a ocupação foi
"um ato político que só atrasa a
reforma agrária". "Eles não apresentaram nenhuma reivindicação
nova", afirmou Marco Antônio
Mauricio, assessor de comunicação do órgão.
"Não estamos pedindo nada de
novo", afirmou Rainha Jr. "São
as mesmas coisas que exigimos
durante todo o último ano e o governo não cumpre."
O MST reclama da lentidão no
processo de desapropriação de
terras em São Paulo, exige a liberação imediata de R$ 32 milhões já
prometidos pelo governo federal
para compra de fazendas pelo governo estadual e quer a ampliação
dos empréstimos destinados a pequenos produtores já assentados.
Em Belo Horizonte, cerca de 200
trabalhadores sem terra, segundo
cálculo da Polícia Militar de Minas, realizaram ontem um protesto em frente à sede do Incra.
Segundo Ênio Bonenberger, integrante da coordenação nacional
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o objetivo do protesto foi cobrar do
governo federal que agilize o assentamento dos sem-terra.
Aproximadamente 500 trabalhadores rurais ligados ao MST acamparam ontem na frente do prédio
do Incra de Natal.
Colaborou a Agência
Folha
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