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JANIO DE FREITAS
Negociações abertas
As alianças partidárias para o segundo turno serão
mais problemáticas do que
aparentam, tanto para Luiz
Inácio Lula da Silva como para
José Serra.
A resistência do PFL a Serra
não está circunscrita à Bahia,
onde Antonio Carlos Magalhães já confirmou o apoio a
Lula, há meses anunciado para
a eventualidade de segundo
turno.
No PFL de Pernambuco a divisão persiste, com a linha
Marco Maciel seguindo, como
sempre, o governo, e os que
adotaram a candidatura de Ciro Gomes o fizeram mais por
recusa a Serra e, pelo que deixam antever, não se dispõem à
conversão.
Em Minas o quadro pefelista
não é muito diferente, do ponto
de vista prático, e não têm perspectiva as esperanças do comando do PSDB de que o governador eleito Aécio Neves se
ocupe da articulação pró-Serra
com pefelistas ou outros.
Do PFL pode-se dizer que,
mesmo na ocorrência da improvável decisão partidária pelo apoio a Serra, empenho eleitoral não é presumido em nenhum Estado com presença expressiva dos pefelistas, ressalvado apenas o segmento de Pernambuco guiado por Marco
Maciel.
No PMDB, José Serra já teve,
no primeiro turno, quase tudo
o que poderia alcançar. Onde
teve problema mais agudo,
Santa Catarina, continua a tê-lo: o peemedebista Luiz Henrique da Silveira, que não teve no
primeiro turno o apoio explícito de Serra, vai para o segundo
com alta possibilidade de impedir a reeleição de Esperidião
Amin. Mas, para fazê-lo, nada
lhe convém mais do que o
apoio do PT.
O Ceará é um caso a parte, a
começar da presença forte de
Ciro Gomes, cujo apoio a Lula
já está definido. Há ainda um
PMDB derrotado para o governo e, dada a briga do seu candidato Sérgio Machado com Tasso Jereissati, sua tendência é
pôr-se contra o PSDB na disputa deste com o PT no Estado e,
daí, também na disputa presidencial. Quanto à ação efetiva
de Tasso Jereissati para Serra,
só devem admiti-lo os possuidores de otimismo transbordante.
As dificuldades de Lula com o
partido do seu vice não cessaram. O PL do Rio emitiu ontem
uma nota de apoio a Lula. Bem
observada, porém, nota-se que
não foi feita em papel, mas em
casca de banana. Cobra de Lula dois compromissos que, em
si, representariam os interesses
fluminenses, mas criam de imediato problemas para o candidato em muitos Estados. E um
deles, para restauração de imposto sobre o petróleo, que foi
retirado ao Rio pelo constituinte José Serra, é caso de reforma
constitucional.
Os bispos evangélicos que
tanto influem no PL compõem
um movimento ultraconservador, um coronelismo de nova
espécie -o coronelismo religioso- e só fazem política para dentro dos grupos que integram seu projeto de poder. O
problema do PL está aberto para o PT, e não é simples.
Anthony Garotinho candidatou-se pelo PSB, mas nem por
isso o representa. Seu território
é o dos evangélicos, na linha
mais populista, e por isso é
igualmente problemático para
o acerto com Lula. O restante
do PSB, animado com algumas
vitórias, é mais simples, embora haja casos como o do governador eleito do Espírito Santo,
Paulo Hartung, vira-casaca recordista que está no PSB e vem
de fortes ligações com Serra.
Já o PPS parece simples para
Lula, mas não é, seja qual for
sua definição para o público.
Muitos dos ex-comunistas do
PPS têm rejeição absoluta ao
PT. E, se alguma vezes no Congresso estiveram com a oposição, em outras tantas (ou mais)
assumiram posições de governismo explícito, mesmo contrariando aspirações populares e
direitos, como nas medidas
contrárias ao funcionalismo
público.
Os alinhamentos automáticos, presentes em numerosos
comentários, estão ausentes da
realidade política no momento.
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