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NO AR
Quem não quer mudança
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A "esquerda", como diz
Garotinho, pode cobrar o
quanto quiser pelo apoio a Lula,
que o petista segue em compras
em outra parte.
É na "direita" que estão os votos que ele deseja, como deixou
claro ontem o próprio candidato. Era o que queria dizer, em
seu "café da manhã" diante das
câmeras, ao anunciar que vai
atrás do voto "até de quem não
quer mudança".
Afinal, como sublinhou um
dia antes em entrevista ao Jornal Nacional, "76% votaram
contra o governo". E agora José
Serra, no entender de Duda
Mendonça, já não tem como escapar -ele é governo.
Do marqueteiro, ontem na
Globo, comentando o que muda
no segundo turno:
- Muda que, para o eleitor,
fica mais claro quem é governo e
quem é oposição.
"Colegas de oposição", como
chamou Lula um dia, podem
pressionar o quanto quiserem
que os seus votos, os que foram
de oposição, tendem a se encaminhar naturalmente.
São os outros votos que Lula e
Duda cortejam. São os votos dos
membros da Igreja Universal,
cujo bispo Rodrigues, vice-presidente do PL, já estava dizendo,
ontem na CBN:
- Nosso partido tem o vice-presidente (da chapa), então
nós temos a obrigação de entrar
de cabeça na campanha de Lula. Eu já estou fazendo.
ACM, segundo a CBN, também "recomendou abertamente
o voto em Lula". Assim agiu
uma parte da "direita", ontem.
Quanto à esquerda, continuou
tentando vender.
Roberto Freire, presidente do
PPS, começou o dia insinuando
que o apoio dependia da "possibilidade de participação", ou seja, de cargos. Mas ele foi atropelado por Ciro Gomes, ao vivo na
Globo News. Disse o impulsivo
Ciro:
- Estou à disposição do PT.
Apoio irrestrito e entusiástico.
O mesmo fez Leonel Brizola.
Mas não é deles que Lula precisa, nem de Miguel Arraes cobrando "firmeza" com o FMI ou
de Garotinho vetando Sarney.
Aliás, nem é de apoio, segundo
Franklin Martins:
- É muito discutível se candidato derrotado transfere votos.
O eleitor não tem cabresto. Logo
(os presidenciáveis) estarão correndo atrás não dos chefes políticos, mas do eleitor.
No que depender do petista,
ele vai atrás do eleitor "que não
quer mudança" sem qualquer
veto "ideológico".
No caminho, vai descobrir que
Serra já está por lá, cortejando
PFL e PPB -como ficou claro
nos telejornais.
Lula e Serra deram entrevistas
exclusivas ao JN, anteontem. E
só ontem fizeram o mesmo nos
jornais da Record e da Band.
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