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BALANÇO ELEITORAL
Nem a coligação de Lula nem a de Serra garante maioria no Parlamento, fato político que marcou a era FHC
Nova Câmara deve sepultar 'rolo compressor'
LUIZA DAMÉ
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova composição da Câmara
dos Deputados aponta que a era
do rolo compressor, que marcou
o governo Fernando Henrique
Cardoso, pode estar no fim. Os
números indicam que nenhum
dos dois postulantes à Presidência
terá maioria absoluta sem negociar apoio de atuais opositores.
Durante boa parte dos dois
mandatos de FHC, o presidente
contou com o apoio de PSDB,
PFL, PMDB, PPB e PTB, o que lhe
permitiu aprovar várias mudanças na Constituição -para isso é
necessário no mínimo 308 votos
dos 513 deputados.
Agora, as coligações feitas pelos
presidenciáveis Luiz Inácio Lula
da Silva e José Serra reúnem 129
deputados, no caso do petista, e
144, no do tucano. A coligação oficial de Lula é formada por PT, PC
do B, PL e PMN. A Grande Aliança de Serra, por PSDB e PMDB.
Os números das duas alianças
não são suficientes nem para reunir os 257 deputados necessários
para realizar uma sessão de votação. Ou seja, Lula e Serra terão de
buscar votos em partidos que não
estão do seu lado na campanha
presidencial.
"As dificuldades do PT serão
muitas. No caso de vitória do Lula, vamos ter de inaugurar uma
nova prática de relação com o
Parlamento, que compreenda
respeito ao papel do Congresso,
que o Executivo não atropele nem
tente substituí-lo", afirmou o deputado Walter Pinheiro (PT-BA),
vice-líder do partido.
A base de apoio -total ou condicionado a negociações com o
futuro governo- passa necessariamente por um diálogo com a
oposição. No caso de Lula, com
PSDB ou PMDB. No caso de Serra, com a ala rebelde do PFL.
Para ter maioria na Câmara, o
eventual governo Lula terá de ampliar o arco de alianças. Além dos
partidos de esquerda (PSB, PDT,
PPS e PV), que deverão somar 65
deputados, será necessário buscar
o apoio de outras legendas, como
PSDB, PMDB, PFL, PPB e PTB.
Para Pinheiro, o eventual governo Lula terá cerca de 300 deputados de oposição, o que obrigará o
PT a atuar em duas frentes: respeitar o Congresso e dar transparência e publicidade aos projetos
para ganhar apoio da sociedade.
Igualmente, a situação de Serra,
se ele vencer, também não será fácil. O eventual governo tucano terá de negociar apoio do PPB
-que apóia o candidato em alguns Estados-, do PFL e do PTB,
que juntos terão 159 deputados.
Colaborou a Redação
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