São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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BALANÇO ELEITORAL

Nem a coligação de Lula nem a de Serra garante maioria no Parlamento, fato político que marcou a era FHC

Nova Câmara deve sepultar 'rolo compressor'

LUIZA DAMÉ
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nova composição da Câmara dos Deputados aponta que a era do rolo compressor, que marcou o governo Fernando Henrique Cardoso, pode estar no fim. Os números indicam que nenhum dos dois postulantes à Presidência terá maioria absoluta sem negociar apoio de atuais opositores.
Durante boa parte dos dois mandatos de FHC, o presidente contou com o apoio de PSDB, PFL, PMDB, PPB e PTB, o que lhe permitiu aprovar várias mudanças na Constituição -para isso é necessário no mínimo 308 votos dos 513 deputados.
Agora, as coligações feitas pelos presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra reúnem 129 deputados, no caso do petista, e 144, no do tucano. A coligação oficial de Lula é formada por PT, PC do B, PL e PMN. A Grande Aliança de Serra, por PSDB e PMDB.
Os números das duas alianças não são suficientes nem para reunir os 257 deputados necessários para realizar uma sessão de votação. Ou seja, Lula e Serra terão de buscar votos em partidos que não estão do seu lado na campanha presidencial.
"As dificuldades do PT serão muitas. No caso de vitória do Lula, vamos ter de inaugurar uma nova prática de relação com o Parlamento, que compreenda respeito ao papel do Congresso, que o Executivo não atropele nem tente substituí-lo", afirmou o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), vice-líder do partido.
A base de apoio -total ou condicionado a negociações com o futuro governo- passa necessariamente por um diálogo com a oposição. No caso de Lula, com PSDB ou PMDB. No caso de Serra, com a ala rebelde do PFL.
Para ter maioria na Câmara, o eventual governo Lula terá de ampliar o arco de alianças. Além dos partidos de esquerda (PSB, PDT, PPS e PV), que deverão somar 65 deputados, será necessário buscar o apoio de outras legendas, como PSDB, PMDB, PFL, PPB e PTB.
Para Pinheiro, o eventual governo Lula terá cerca de 300 deputados de oposição, o que obrigará o PT a atuar em duas frentes: respeitar o Congresso e dar transparência e publicidade aos projetos para ganhar apoio da sociedade.
Igualmente, a situação de Serra, se ele vencer, também não será fácil. O eventual governo tucano terá de negociar apoio do PPB -que apóia o candidato em alguns Estados-, do PFL e do PTB, que juntos terão 159 deputados.


Colaborou a Redação


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