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SEGUNDO TURNO
Tucano telefona pessoalmente para governadores aliados na tentativa de recompor aliança do governo FHC
Serra oferece espaço no governo para ter PFL
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato da coligação PSDB-PMDB à Presidência, José Serra,
tenta reconstruir a base de apoio
político do presidente Fernando
Henrique Cardoso com a promessa de que governará com os
partidos que o ajudarem a vencer
a eleição no segundo turno.
O desenho de seu eventual governo, Serra tem dito a interlocutores, será o desenho dos apoios
que ele tiver no segundo turno.
Isso incluiria desde o PTB, partido que apoiou Ciro Gomes
(PPS) no primeiro turno, até o
PFL, sigla que hostilizou Serra
desde antes do lançamento de sua
candidatura. O PMDB, parceiro
preferencial do tucano, absorveu
o movimento de Serra.
Desde segunda-feira o candidato não larga o telefone, tendo conversado com todos os candidatos
a governador aliados que venceram no primeiro turno e com
aqueles que disputam o segundo.
Duas conversas foram particularmente importantes para Serra,
que ficou satisfeito com a receptividade obtida: com o ex-governador e senador eleito pelo Ceará,
Tasso Jereissati (PSDB), e com o
presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Tasso, como é sabido, apoiou
Ciro e estava ressentido com o tucano, por julgar que ele e FHC não
haviam agido corretamente durante o processo de escolha do
candidato do PSDB a presidente.
Agora, Tasso deve ficar com o
candidato de seu partido, o PSDB.
Existe até a possibilidade de Serra,
que durante toda a campanha evitou hostilizar Tasso, viajar ao Ceará para receber um apoio formal.
Serra também se declarou satisfeito com a conversa que teve com
Bornhausen, outro político a
quem evitou atacar ao longo do
primeiro turno, por considerá-lo
importante para o processo de
reaproximação com o PFL no segundo turno.
Antes da campanha, Serra tentou fazer do governador reeleito
de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), seu companheiro
de chapa. Além de ser um dos políticos mais próximos do tucano,
poderia dar densidade a sua candidatura no Nordeste. Pelos mesmos motivos, Serra o chamou para integrar o núcleo político da
campanha no segundo turno.
Sem entusiasmo
Serra, até agora, só não obteve
um apoio "entusiasmado", como
se diz na campanha, do governador eleito de Minas Gerais, Aécio
Neves (PSDB). Ele é importante
para o tucano porque justamente
em Minas, segundo maior colégio
eleitoral do país, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) obteve grande margem sobre o tucano.
Para dar mais "entusiasmo" a
Aécio, foi acionado FHC. O presidente, segundo o PSDB, ajudou
Aécio decisivamente a compor
com Itamar Franco (PMDB) ao
dar andamento a algumas reivindicações do governador mineiro.
Agora, estaria em condição de pedir a contrapartida.
Tarefa fundamental não só na
recomposição da base aliada, mas
também em sua ampliação, está
nas mãos do ex-ministro do Trabalho Francisco Dornelles, eleito
para mais um mandato na Câmara pelo PPB do Rio.
Além de tentar levar o PPB para
Serra, o que não conseguiu formalmente no primeiro turno,
Dornelles é o interlocutor de Serra
com Anthony Garotinho (PSB). A
campanha tucana sabe que não
ganha o apoio do PSB, mas quer o
de Garotinho ou pelo menos a
máquina eleitoral que o ex-governador construiu no Rio.
O PTB já dispõe de alianças com
o PSDB em Estados como São
Paulo. Se não apoiar Serra formalmente, deverá liberar seus filiados, o que dará na mesma.
Hoje, Serra terá reuniões em
Brasília com o PSDB, o PMDB e o
PPB. Enquanto isso, espera pelo
resultado da reunião do PFL, que
decidirá o rumo do partido no segundo turno. Então, terá o desenho da campanha no segundo
turno e de um eventual mandato
no Palácio do Planalto.
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