São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Tucano telefona pessoalmente para governadores aliados na tentativa de recompor aliança do governo FHC

Serra oferece espaço no governo para ter PFL

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato da coligação PSDB-PMDB à Presidência, José Serra, tenta reconstruir a base de apoio político do presidente Fernando Henrique Cardoso com a promessa de que governará com os partidos que o ajudarem a vencer a eleição no segundo turno.
O desenho de seu eventual governo, Serra tem dito a interlocutores, será o desenho dos apoios que ele tiver no segundo turno.
Isso incluiria desde o PTB, partido que apoiou Ciro Gomes (PPS) no primeiro turno, até o PFL, sigla que hostilizou Serra desde antes do lançamento de sua candidatura. O PMDB, parceiro preferencial do tucano, absorveu o movimento de Serra.
Desde segunda-feira o candidato não larga o telefone, tendo conversado com todos os candidatos a governador aliados que venceram no primeiro turno e com aqueles que disputam o segundo.
Duas conversas foram particularmente importantes para Serra, que ficou satisfeito com a receptividade obtida: com o ex-governador e senador eleito pelo Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), e com o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Tasso, como é sabido, apoiou Ciro e estava ressentido com o tucano, por julgar que ele e FHC não haviam agido corretamente durante o processo de escolha do candidato do PSDB a presidente.
Agora, Tasso deve ficar com o candidato de seu partido, o PSDB. Existe até a possibilidade de Serra, que durante toda a campanha evitou hostilizar Tasso, viajar ao Ceará para receber um apoio formal.
Serra também se declarou satisfeito com a conversa que teve com Bornhausen, outro político a quem evitou atacar ao longo do primeiro turno, por considerá-lo importante para o processo de reaproximação com o PFL no segundo turno.
Antes da campanha, Serra tentou fazer do governador reeleito de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), seu companheiro de chapa. Além de ser um dos políticos mais próximos do tucano, poderia dar densidade a sua candidatura no Nordeste. Pelos mesmos motivos, Serra o chamou para integrar o núcleo político da campanha no segundo turno.

Sem entusiasmo
Serra, até agora, só não obteve um apoio "entusiasmado", como se diz na campanha, do governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Ele é importante para o tucano porque justamente em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve grande margem sobre o tucano.
Para dar mais "entusiasmo" a Aécio, foi acionado FHC. O presidente, segundo o PSDB, ajudou Aécio decisivamente a compor com Itamar Franco (PMDB) ao dar andamento a algumas reivindicações do governador mineiro. Agora, estaria em condição de pedir a contrapartida.
Tarefa fundamental não só na recomposição da base aliada, mas também em sua ampliação, está nas mãos do ex-ministro do Trabalho Francisco Dornelles, eleito para mais um mandato na Câmara pelo PPB do Rio.
Além de tentar levar o PPB para Serra, o que não conseguiu formalmente no primeiro turno, Dornelles é o interlocutor de Serra com Anthony Garotinho (PSB). A campanha tucana sabe que não ganha o apoio do PSB, mas quer o de Garotinho ou pelo menos a máquina eleitoral que o ex-governador construiu no Rio.
O PTB já dispõe de alianças com o PSDB em Estados como São Paulo. Se não apoiar Serra formalmente, deverá liberar seus filiados, o que dará na mesma.
Hoje, Serra terá reuniões em Brasília com o PSDB, o PMDB e o PPB. Enquanto isso, espera pelo resultado da reunião do PFL, que decidirá o rumo do partido no segundo turno. Então, terá o desenho da campanha no segundo turno e de um eventual mandato no Palácio do Planalto.


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