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Partido deve recomendar hoje voto em tucano
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Executiva nacional do PFL vai
aprovar hoje uma moção sugerindo apoio dos diretórios estaduais
à candidatura de José Serra
(PSDB) no segundo turno. Serra é
a "bóia salva-vidas" do PFL, que
tentará voltar à tona após sucessivos erros na eleição presidencial.
O PFL retoma uma velha prática
abandonada durante a campanha: tudo foi bem ensaiado de
véspera. O vice-presidente da República, Marco Maciel (PE), que
apóia Serra desde o primeiro turno, é quem vai apresentar a moção. A expectativa é de aprovação
por consenso, sem voto a voto.
No ensaio geral, o presidente do
partido, Jorge Bornhausen (SC),
acertou que a orientação de voto
em Serra vai respeitar as "dissidências". A ressalva é necessária
para tentar reconquistar a unidade perdida, fundamental para posicionar o PFL no futuro governo.
Foi feita especialmente para
acomodar as posições dos senadores eleitos Roseana Sarney
(MA) e Antonio Carlos Magalhães (BA), que já se manifestaram pró-Luiz Inácio Lula da Silva.
Roseana declarou-se a favor de
Lula no primeiro turno e foi publicamente desautorizada, em nota, por Bornhausen. A velha raposa ACM abriu o voto em Lula anteontem para manter "a coerência", mas concordou internamente que o partido vá de Serra.
Paulo Souto (BA), governador
eleito, e José Carlos Aleluia, deputado e secretário-geral do PFL, estavam desde ontem em Brasília
articulando a moção pró-Serra.
Não fariam isso sem aval de ACM.
Prevaleceu a posição de Bornhausen: "Eu, no PT, não voto",
disse ele ontem. Em compensação, comparou o rompimento do
PFL com o PSDB a uma "separação litigiosa" e previu que será
muito difícil uma nova aliança.
Mas, caso Serra vença, essa não
será a posição majoritária do PFL.
Além de Maciel e Aleluia, já estavam com Serra no primeiro turno o ex-ministro José Jorge (PE) e
o prefeito do Rio, César Maia.
Agora, passam a estar Roberto
Brant e os líderes na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), e no Senado,
José Agripino Maia (RN), que
apoiavam Ciro Gomes.
Os principais motivos para a
adesão do PFL a Serra: 1) a questão ideológica, porque o PT é o
maior adversário; 2) a velha convivência entre PFL e PSDB, exceto
neste último ano de governo
FHC; 3) a perspectiva de divisão
de cargos com Serra é muito mais
óbvia do que com Lula.
E há pelo menos três bons motivos para Serra trabalhar pessoalmente o apoio do PFL: 1) os palanques, a estrutura e os votos do
partido no país; 2) o contrapeso
aos partidos de esquerda que tendem para Lula; 3) apesar de sair
chamuscado da eleição, o PFL
manterá a segunda bancada do
Congresso, só menor do que a do
PT e maior do que as dos demais
partidos da aliança de FHC.
O PT foi o principal responsável
pelas maiores derrotas do PFL
desde a eleição de 2000, como a
perda de Recife, base de Maciel,
José Jorge e Inocêncio e era uma
das principais vitrines do PFL.
No primeiro turno deste ano, o
PT também impôs derrotas ou
surpresas em searas do PFL. Derrotou o ex-líder pefelista no Senado Hugo Napoleão na disputa para o governo do Piauí e conquistou 38,47% dos votos para o governo da Bahia. Além disso, os
dois partidos estão disputando o
segundo turno em Sergipe. O PFL
não teria discurso a favor de Lula.
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