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SEGUNDO TURNO
Anthony Garotinho e o presidente do PSB, Miguel Arraes, discutem apoio hoje com o presidente do PT, José Dirceu
Lula acerta coalizão com PDT e PPS de Ciro
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PPS de Ciro Gomes e o PDT
de Leonel Brizola acertaram ontem sua integração à coligação do
candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência. Em reunião hoje, em Brasília,
com o presidente do PSB, Miguel
Arraes, e com presidenciável derrotado do partido, Anthony Garotinho, o presidente do PT, José
Dirceu, tentará fechar também o
apoio dos socialistas.
Dirceu disse que -em contatos
com Ciro, o presidente do PPS,
Roberto Freire, e com Brizola-
ficou definido que os dois partidos passam a participar da coordenação da campanha de Lula já
nesta semana. "Nosso desejo é
formar uma aliança política mais
do que eleitoral. Assim reconstituímos a frente [de oposição", que
obteve 76% dos votos no primeiro
turno, criando condições de governabilidade a Lula."
O presidente do PT contabiliza
196 parlamentares (38% da Casa)
que dariam suporte na Câmara a
um eventual governo petista e criticou o tucano José Serra, que
apontou suposta fragilidade no
Congresso de uma gestão Lula.
"Ele não está acompanhando a
realidade do país. O eleitor já resolveu a questão da sustentabilidade do governo Lula com essa
base parlamentar. E já decidiu
que quer mudança", declarou.
No Rio, após reunião da Executiva Nacional do PDT, Brizola
afirmou que o PDT apoiará "incondicionalmente" Lula. "Nosso
partido apoiará plenamente, com
todas as suas bases e as suas direções, a candidatura Lula." Ele
contornou assim até mesmo a
adesão de Garotinho, seu ex-aliado e hoje seu adversário.
Dirceu declarou que Ciro não
estabeleceu condições para seu
apoio. Negou que o candidato do
PPS tenha pedido para Lula ficar
fora da disputa no Ceará, onde
Lúcio Alcântara (PMDB), aliado
de Ciro e de Tasso Jereissati, enfrenta José Cirilo (PT). "A expressão que usou foi de apoio incondicional." Ciro se dispôs a participar do programa eleitoral do PT.
O partido deve mostrar Lula com
Ciro e Garotinho, caso este acerte
sua adesão, para demonstrar a
existência de uma frente de oposição ao atual governo.
O presidente do PT afirmou que
na conversa com Arraes e Garotinho vai discutir "questões programáticas". Não descartou nem defendeu a possibilidade de Lula assumir a proposta de aumento do
salário mínimo para R$ 280 em
maio do ano que vem, a principal
bandeira que Garotinho gostaria
que o petista assumisse. "Vamos
discutir, se isso for colocado."
Sobre as declarações de Garotinho de que só apoiaria o petista,
se ele se afastasse de nomes como
José Sarney (PMDB) e Antonio
Carlos Magalhães (PFL), Dirceu
disse: "No segundo turno, não se
dispensa apoio, que é diferente de
aliança. Recebemos com muita
honra o apoio de Sarney, que foi
totalmente desinteressado. ACM
disse apenas que votará em Lula.
Isso é diferente de aliança. Mas
vamos conversar a respeito".
Ontem, a parte do PL que apoiava Garotinho -políticos ligados
à Igreja Universal do Reino de
Deus como o deputado Bispo Rodrigues e Marcelo Crivella, o segundo senador mais votado no
Rio- aderiu a Lula (leia texto à
Pág. 10). O grupo de Rodrigues,
coordenador político da Universal, inclui, além dele, 17 parlamentares fluminenses.
Dirceu disse que "todo apoio é
bem-vindo", mas não quis comentar a possibilidade de ter o
apoio do candidato do PPB ao governo de São Paulo, Paulo Maluf.
"Ele não se manifestou ainda. Não
se sabe em quem pretende votar."
Dirceu, que vinha mantendo
boas relações com Fernando
Henrique Cardoso, reagiu a declarações dele e de Serra, apontando que o eleitor brasileiro precisa assegurar as "condições externas" elegendo o tucano. "É
conversa fiada de sociólogo. É
muito cinismo. Eles não têm autoridade moral para cobrar isso
do Lula, porque foram eles, em oito anos de governo, que não asseguraram melhores condições externas para o país."
Colaborou a Sucursal do Rio
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