São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Anthony Garotinho e o presidente do PSB, Miguel Arraes, discutem apoio hoje com o presidente do PT, José Dirceu

Lula acerta coalizão com PDT e PPS de Ciro

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PPS de Ciro Gomes e o PDT de Leonel Brizola acertaram ontem sua integração à coligação do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência. Em reunião hoje, em Brasília, com o presidente do PSB, Miguel Arraes, e com presidenciável derrotado do partido, Anthony Garotinho, o presidente do PT, José Dirceu, tentará fechar também o apoio dos socialistas.
Dirceu disse que -em contatos com Ciro, o presidente do PPS, Roberto Freire, e com Brizola- ficou definido que os dois partidos passam a participar da coordenação da campanha de Lula já nesta semana. "Nosso desejo é formar uma aliança política mais do que eleitoral. Assim reconstituímos a frente [de oposição", que obteve 76% dos votos no primeiro turno, criando condições de governabilidade a Lula."
O presidente do PT contabiliza 196 parlamentares (38% da Casa) que dariam suporte na Câmara a um eventual governo petista e criticou o tucano José Serra, que apontou suposta fragilidade no Congresso de uma gestão Lula.
"Ele não está acompanhando a realidade do país. O eleitor já resolveu a questão da sustentabilidade do governo Lula com essa base parlamentar. E já decidiu que quer mudança", declarou.
No Rio, após reunião da Executiva Nacional do PDT, Brizola afirmou que o PDT apoiará "incondicionalmente" Lula. "Nosso partido apoiará plenamente, com todas as suas bases e as suas direções, a candidatura Lula." Ele contornou assim até mesmo a adesão de Garotinho, seu ex-aliado e hoje seu adversário.
Dirceu declarou que Ciro não estabeleceu condições para seu apoio. Negou que o candidato do PPS tenha pedido para Lula ficar fora da disputa no Ceará, onde Lúcio Alcântara (PMDB), aliado de Ciro e de Tasso Jereissati, enfrenta José Cirilo (PT). "A expressão que usou foi de apoio incondicional." Ciro se dispôs a participar do programa eleitoral do PT. O partido deve mostrar Lula com Ciro e Garotinho, caso este acerte sua adesão, para demonstrar a existência de uma frente de oposição ao atual governo.
O presidente do PT afirmou que na conversa com Arraes e Garotinho vai discutir "questões programáticas". Não descartou nem defendeu a possibilidade de Lula assumir a proposta de aumento do salário mínimo para R$ 280 em maio do ano que vem, a principal bandeira que Garotinho gostaria que o petista assumisse. "Vamos discutir, se isso for colocado."
Sobre as declarações de Garotinho de que só apoiaria o petista, se ele se afastasse de nomes como José Sarney (PMDB) e Antonio Carlos Magalhães (PFL), Dirceu disse: "No segundo turno, não se dispensa apoio, que é diferente de aliança. Recebemos com muita honra o apoio de Sarney, que foi totalmente desinteressado. ACM disse apenas que votará em Lula. Isso é diferente de aliança. Mas vamos conversar a respeito".
Ontem, a parte do PL que apoiava Garotinho -políticos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus como o deputado Bispo Rodrigues e Marcelo Crivella, o segundo senador mais votado no Rio- aderiu a Lula (leia texto à Pág. 10). O grupo de Rodrigues, coordenador político da Universal, inclui, além dele, 17 parlamentares fluminenses.
Dirceu disse que "todo apoio é bem-vindo", mas não quis comentar a possibilidade de ter o apoio do candidato do PPB ao governo de São Paulo, Paulo Maluf. "Ele não se manifestou ainda. Não se sabe em quem pretende votar."
Dirceu, que vinha mantendo boas relações com Fernando Henrique Cardoso, reagiu a declarações dele e de Serra, apontando que o eleitor brasileiro precisa assegurar as "condições externas" elegendo o tucano. "É conversa fiada de sociólogo. É muito cinismo. Eles não têm autoridade moral para cobrar isso do Lula, porque foram eles, em oito anos de governo, que não asseguraram melhores condições externas para o país."


Colaborou a Sucursal do Rio


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