São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGUNDO TURNO

"O importante é que o 13 esteja no resultado final", diz petista, sinalizando a militantes pragmatismo eleitoral

Lula quer voto até de quem é 'contra mudança'

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, disse ontem que não colocará veto ideológico nem fará distinção entre esquerda e direita na hora de conseguir votos necessários para vencer no segundo turno.
"Não quero nenhum veto a ninguém, porque na hora que [o voto] aparece no computador do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], não tem perfil ideológico, classe social, nada. Está lá apenas o 13 [número do PT], o 13 que faz bem a este país, sendo voto de direita ou voto de esquerda. O que é importante é que o 13 esteja lá no resultado final", declarou, durante discurso feito a militantes em São Bernardo do Campo (SP).
O petista vinha dizendo, desde antes do primeiro turno, que queria o voto de todos os eleitores do Brasil e que não recusaria voto de ninguém. Ontem, ele voltou a explicitar esse ponto.
"Tendo 16 anos de idade, título de eleitor, gostando ou não do PT, gostando ou não do meu programa e tendo a obrigação de ir a uma urna digitar um número, quero que digite 13", disse.
Os petistas estão dedicando esta semana a contatos políticos para ampliar a base de Lula na disputa contra José Serra (PSDB). Além de conversas com Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB), líderes conservadores como os senadores eleitos pelo PFL Roseana Sarney (MA) e Antônio Carlos Magalhães (BA) poderão ser procurados.
No mesmo discurso, Lula convocou a militância a continuar trabalhando e defendeu que o partido adote um discurso diferenciado para atingir eleitores que não optaram por sua candidatura no primeiro turno.
Sem especificar exatamente o que queria dizer, o petista afirmou que é necessário um "discurso mais seletivo, mais dirigido".
"O que precisamos, além da campanha já feita, é ter um discurso mais seletivo, tentando convencer os eleitores indecisos e aqueles que ainda não votaram em nós a votar", declarou.
Para explicar melhor, usou uma metáfora de pescaria: "Quando a gente começa [a campanha], tem de pegar voto com tarrafa, mas, à medida que vai crescendo, passa a buscar voto com anzol. É um processo mais seletivo."
Essa busca, segundo ele, tem de ser feita com critérios "científicos", usando mapas eleitorais disponíveis para saber onde estão os eleitores que não votaram no PT.

Aliança
Dirigindo-se a José Genoino, candidato do PT ao governo paulista, que havia dito que iria atrás de todos os eleitores desejosos de mudança, Lula afirmou, entre risadas: "Eu estou querendo voto até de quem não quer mudança".
Lula declarou que, nas conversas que vem mantendo com outros partidos, "não se discute necessariamente participação no governo". "No segundo turno, você não pode usar a palavra aliança, porque os acordos já foram feitos. O que você pode é na verdade receber apoio", disse.
Ele deu como exemplo o apoio que o partido deu ao tucano Mário Covas no segundo turno da eleição de 1998, contra Paulo Maluf (PPB).
Anteontem, Lula havia declarado que a participação no governo estaria "na mesa", durante as conversas com outros partidos.
O petista disse ainda que deverá viajar por 14 Estados durante a campanha para o segundo turno.


Texto Anterior: Dornelles pede apoio de Força Sindical a Serra
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.