São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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Serra se afasta de aliados 'incômodos'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre os aliados de José Serra (PSDB) para o segundo turno da eleição presidencial, o governador dos Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), representa a maior dor de cabeça para a campanha do presidenciável tucano. Mas pode não ser a única.
Com a reeleição praticamente garantida no primeiro turno, a candidatura de Roriz quase derreteu após uma série de denúncias nas quais o governador foi acusado de cumplicidade com a grilagem de terras no Distrito Federal.
Enquanto Roriz navegava índices que garantiriam sua reeleição no primeiro turno, Serra tentou se aproveitar da popularidade do governador. Adiantou pouco: o tucano teve 16,8% dos votos válidos e ficou atrás de Anthony Garotinho (PSB), com 18,2%, e de Lula (PT), que venceu com 49,1%.
Agora, o mais provável é que Serra mantenha uma prudente distância de Roriz, como em geral costuma fazer com aliados que se tornam incômodos para ele.
Foi assim, por exemplo, com o deputado federal Márcio Fortes (RJ), secretário-geral do PSDB, que no início da campanha foi acusado de supostos atos de espionagem contra adversários do tucano. Fortes ficou como tesoureiro oficial da campanha, mas saiu da linha de frente.
Mais atrás, Serra se afastara de Jader Barbalho (PA), que renunciou à Presidência do Senado sob a ameaça de cassação, com quem havia costurado a aliança PSDB-PMDB para a eleição. Agora, Jader deve apoiar o PT no Pará.
Outro articulador da candidatura Serra no PMDB também recolheu-se aos bastidores: Eliseu Padilha (RS), reeleito deputado no Rio Grande do Sul, que deixou o Ministério dos Transportes sob uma série de denúncias.
Outro aliado fiel de Serra no PMDB, o líder na Câmara Geddel Vieira Lima (BA) é um alvo em potencial por causa da disputa regional: é a vítima preferida de denúncias de corrupção do senador eleito Antonio Carlos Magalhães.
No arrastão de apoios para o segundo turno, Serra pode ficar também com o PTB, tido como um dos partidos mais fisiológicos do Congresso. Mas é pouco provável que seu presidente, José Carlos Martinez (PR), alvo de ataques tucanos na primeira etapa da eleição, seja fotografado ao lado do candidato tucano.
Deputados federais como Roberto Jefferson (PTB-PR), cujo passado de chefe da tropa de choque de Fernando Collor de Mello à época do impeachment nunca é esquecido, também devem se reaproximar discretamente.
Mas o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) parece ter se redimido de seu passado collorido na campanha tucana por ter ajudado a derrotar no ex-presidente na eleição ao governo de Alagoas.



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