São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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ACRE

Dinheiro havia sido prometido por Ronivon Santiago (PPB), eleito deputado federal

Eleitores cobram R$ 100 por votos

GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A RIO BRANCO

Cerca de 300 pessoas protestaram ontem em frente à delegacia de Cruzeiro do Sul, a 700 km da capital do Acre, Rio Branco. O grupo queria que a polícia os ajudasse a cobrar uma "dívida" em comum: o dinheiro pelos votos que deram ao candidato Ronivon Santiago, eleito deputado federal pelo PPB do Acre.
"Parece coisa de filme", diz o delegado José Barbosa de Moraes, que abriu inquérito para apurar o caso. Ele afirma que os eleitores são pessoas humildes que já contavam com o dinheiro. Para essas pessoas, diz o delegado, a explicação de que a venda de votos é ilegal não convence.
Quatro cabos eleitorais de Ronivon que aliciavam eleitores em Cruzeiro do Sul foram presos ontem em flagrante quando estavam sendo cobrados por eleitores nos bairros Cohab e Baixa. Entre os presos, uma mãe e sua filha.
O tumulto chamou a atenção de policiais militares que conduziram os eleitores em três veículos para a delegacia. Os carros foram seguidos por centenas de pessoas que também queriam receber. Quando chegaram em frente à delegacia, começaram a protestar.

Inquérito
O inquérito policial de Cruzeiro será enviado ao Ministério Público Federal, em Rio Branco. Vai integrar a Investigação Judicial Eleitoral (IJE) que está em curso.
A IJE pede a cassação da candidatura e a inelegibilidade de Ronivon. Caso a matéria não seja julgada antes da diplomação dos deputados federais, em janeiro, o político, que é o terceiro deputado federal mais votado do Acre, corre o risco de assumir e posteriormente perder o mandato.
O esquema de compra de votos de Ronivon foi revelado pela Folha no último dia 4. Os "cadastradores" prometiam R$ 100 aos que votassem em Ronivon Santiago. O dinheiro seria entregue no domingo à tarde, após as eleições, na casa dos eleitores. Em Cruzeiro do Sul, porém, o esquema furou.
Ronivon ficou conhecido nacionalmente em 97, quando foi acusado de receber R$ 200 mil para votar favoravelmente à emenda da reeleição. Na época ele negou tudo, mas renunciou ao mandato.


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