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ACRE
Dinheiro havia sido prometido por Ronivon Santiago (PPB), eleito deputado federal
Eleitores cobram R$ 100 por votos
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A RIO BRANCO
Cerca de 300 pessoas protestaram ontem em frente à delegacia
de Cruzeiro do Sul, a 700 km da
capital do Acre, Rio Branco. O
grupo queria que a polícia os ajudasse a cobrar uma "dívida" em
comum: o dinheiro pelos votos
que deram ao candidato Ronivon
Santiago, eleito deputado federal
pelo PPB do Acre.
"Parece coisa de filme", diz o
delegado José Barbosa de Moraes,
que abriu inquérito para apurar o
caso. Ele afirma que os eleitores
são pessoas humildes que já contavam com o dinheiro. Para essas
pessoas, diz o delegado, a explicação de que a venda de votos é ilegal não convence.
Quatro cabos eleitorais de Ronivon que aliciavam eleitores em
Cruzeiro do Sul foram presos ontem em flagrante quando estavam
sendo cobrados por eleitores nos
bairros Cohab e Baixa. Entre os
presos, uma mãe e sua filha.
O tumulto chamou a atenção de
policiais militares que conduziram os eleitores em três veículos
para a delegacia. Os carros foram
seguidos por centenas de pessoas
que também queriam receber.
Quando chegaram em frente à delegacia, começaram a protestar.
Inquérito
O inquérito policial de Cruzeiro
será enviado ao Ministério Público Federal, em Rio Branco. Vai integrar a Investigação Judicial Eleitoral (IJE) que está em curso.
A IJE pede a cassação da candidatura e a inelegibilidade de Ronivon. Caso a matéria não seja julgada antes da diplomação dos deputados federais, em janeiro, o político, que é o terceiro deputado
federal mais votado do Acre, corre o risco de assumir e posteriormente perder o mandato.
O esquema de compra de votos
de Ronivon foi revelado pela Folha no último dia 4. Os "cadastradores" prometiam R$ 100 aos que
votassem em Ronivon Santiago.
O dinheiro seria entregue no domingo à tarde, após as eleições, na
casa dos eleitores. Em Cruzeiro do
Sul, porém, o esquema furou.
Ronivon ficou conhecido nacionalmente em 97, quando foi acusado de receber R$ 200 mil para
votar favoravelmente à emenda
da reeleição. Na época ele negou
tudo, mas renunciou ao mandato.
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