São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MARANHÃO

Votos dados a Murad foram considerados nulos após TSE ter detectado falha em documentação

Erro assegura reeleição de aliado de Sarney

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RANIER BRAGON
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

O candidato da família Sarney ao governo do Maranhão, José Reynaldo Tavares (PFL), está com a sua eleição garantida. O TSE considerou nulo o recurso do concorrente Ricardo Murad (PSB), que, apesar de ter tido sua candidatura cassada pelo próprio TSE há duas semanas, recebeu no domingo 114.640 votos -decisivos para a definição do resultado do primeiro turno.
Tavares teve 48,4% dos votos, contra 40,3% de Jackson Lago (PDT), candidato da Frente Trabalhista. Com os votos de Murad anulados, o pefelista conquista a maioria e se elege.
A cassação por unanimidade de Murad havia sido aprovada há duas semanas pelo TSE por ele ser cunhado da ex-governadora Roseana Sarney. Como ela se elegeu governadora duas vezes consecutivas e não poderia ser reeleita novamente, o cargo não poderia ser disputado por um parente em segundo grau dela.
Murad concorreu no domingo sem saber que a sua candidatura já estava cassada desde o dia anterior. O seu advogado, os eleitores e a Justiça Eleitoral também não sabiam da situação.
Na sexta-feira, o advogado de Murad, deputado José Antônio, o candidato a vice-presidente na chapa de Anthony Garotinho (PSB), entrou com um recurso que manteria Murad na disputa até um pronunciamento definitivo do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a sua condição.
A documentação chegou sem a procuração que autorizaria o vice de Garotinho a representá-lo judicialmente. O problema foi detectado ontem pelo presidente do TSE, Nelson Jobim. Por isso, o recurso foi considerado inexistente, e um pedido de desistência da causa, apresentado ontem mesmo, nem foi apreciado.
Ontem à tarde, antes do erro ser detectado, o candidato do PSB havia anunciado que desistiria de recorrer da decisão do TSE.
Mas já anteontem, um dia após a votação, Tavares declarou que havia "conversações" entre os dois lados para que Murad retirasse o recurso no STF.
Em nota distribuída à imprensa, o diretório maranhense do PSB afirma que "em nenhum momento exigiu cargos ou vantagens de qualquer espécie" em troca da retirada do recurso de Murad, que acabou se revelando inócua.
O partido alega suspeitar que uma decisão favorável a Murad pudesse ser concedida agora apenas para beneficiar Jackson Lago e criar um palanque no Maranhão para o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
"Gestões foram feitas junto ao TSE, ao que tudo indica relacionadas com o acordo estadual entre o PDT e o PSDB", diz a nota, que é assinada pelo candidato a vice do presidenciável Anthony Garotinho, José Antonio Almeida, presidente do diretório maranhense do PSB. Murad não falou sobre o caso ontem.
Tavares convocou a imprensa ontem para dizer ter considerado o ato de Murad como "um gesto de grandeza".
Segundo o governador, o pessebista exigiu em troca que o novo governo implante o salário mínimo estadual de R$ 280 -que era uma das propostas de Garotinho- e um programa de apoio aos pequenos agricultores.
Tavares afirmou que o auxílio à agricultura familiar já está previsto em seu plano de governo e que o salário mínimo de R$ 280 será "estudado".
O pedetista Jackson Lago disse, por meio de sua assessoria, que já havia detectado, "desde o início da campanha", que Murad estaria "a serviço da oligarquia Sarney" e que a retirada do recurso só faz confirmar isso. Os advogados da coligação haviam ingressado ontem mesmo com uma representação no TSE pedindo que os votos sejam considerados válidos.



Texto Anterior: Desempenho de petista em SP fica abaixo de sua média
Próximo Texto: Acre: Eleitores cobram R$ 100 por votos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.