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MARANHÃO
Votos dados a Murad foram considerados nulos após TSE ter detectado falha em documentação
Erro assegura reeleição de aliado de Sarney
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RANIER BRAGON
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
O candidato da família Sarney
ao governo do Maranhão, José
Reynaldo Tavares (PFL), está com
a sua eleição garantida. O TSE
considerou nulo o recurso do
concorrente Ricardo Murad
(PSB), que, apesar de ter tido sua
candidatura cassada pelo próprio
TSE há duas semanas, recebeu no
domingo 114.640 votos -decisivos para a definição do resultado
do primeiro turno.
Tavares teve 48,4% dos votos,
contra 40,3% de Jackson Lago
(PDT), candidato da Frente Trabalhista. Com os votos de Murad
anulados, o pefelista conquista a
maioria e se elege.
A cassação por unanimidade de
Murad havia sido aprovada há
duas semanas pelo TSE por ele ser
cunhado da ex-governadora Roseana Sarney. Como ela se elegeu
governadora duas vezes consecutivas e não poderia ser reeleita novamente, o cargo não poderia ser
disputado por um parente em segundo grau dela.
Murad concorreu no domingo
sem saber que a sua candidatura
já estava cassada desde o dia anterior. O seu advogado, os eleitores
e a Justiça Eleitoral também não
sabiam da situação.
Na sexta-feira, o advogado de
Murad, deputado José Antônio, o
candidato a vice-presidente na
chapa de Anthony Garotinho
(PSB), entrou com um recurso
que manteria Murad na disputa
até um pronunciamento definitivo do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a sua condição.
A documentação chegou sem a
procuração que autorizaria o vice
de Garotinho a representá-lo judicialmente. O problema foi detectado ontem pelo presidente do
TSE, Nelson Jobim. Por isso, o recurso foi considerado inexistente,
e um pedido de desistência da
causa, apresentado ontem mesmo, nem foi apreciado.
Ontem à tarde, antes do erro ser
detectado, o candidato do PSB havia anunciado que desistiria de recorrer da decisão do TSE.
Mas já anteontem, um dia após
a votação, Tavares declarou que
havia "conversações" entre os
dois lados para que Murad retirasse o recurso no STF.
Em nota distribuída à imprensa,
o diretório maranhense do PSB
afirma que "em nenhum momento exigiu cargos ou vantagens de
qualquer espécie" em troca da retirada do recurso de Murad, que
acabou se revelando inócua.
O partido alega suspeitar que
uma decisão favorável a Murad
pudesse ser concedida agora apenas para beneficiar Jackson Lago
e criar um palanque no Maranhão
para o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
"Gestões foram feitas junto ao
TSE, ao que tudo indica relacionadas com o acordo estadual entre o PDT e o PSDB", diz a nota,
que é assinada pelo candidato a
vice do presidenciável Anthony
Garotinho, José Antonio Almeida, presidente do diretório maranhense do PSB. Murad não falou
sobre o caso ontem.
Tavares convocou a imprensa
ontem para dizer ter considerado
o ato de Murad como "um gesto
de grandeza".
Segundo o governador, o pessebista exigiu em troca que o novo
governo implante o salário mínimo estadual de R$ 280 -que era
uma das propostas de Garotinho- e um programa de apoio
aos pequenos agricultores.
Tavares afirmou que o auxílio à
agricultura familiar já está previsto em seu plano de governo e que
o salário mínimo de R$ 280 será
"estudado".
O pedetista Jackson Lago disse,
por meio de sua assessoria, que já
havia detectado, "desde o início
da campanha", que Murad estaria
"a serviço da oligarquia Sarney" e
que a retirada do recurso só faz
confirmar isso. Os advogados da
coligação haviam ingressado ontem mesmo com uma representação no TSE pedindo que os votos
sejam considerados válidos.
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