|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MINISTRA NO FOGO
Ministro da Controladoria diz que devolução de verba gasta em viagem seria o melhor a fazer; petista não vê motivos
Pires defende que Benedita devolva dinheiro
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Waldir Pires, defendeu ontem que a ministra da Assistência Social, Benedita
da Silva, devolva à União o dinheiro que gastou na viagem que
fez no mês passado à Argentina
para participar de um encontro
evangélico.
Pires disse que a devolução seria
o melhor a fazer "do ponto de vista funcional" e que esse seria "um
procedimento de natureza ética".
Segundo ele, a ministra poderia
receber o dinheiro de volta, depois de comprovar o caráter oficial da sua viagem.
"Fica mais fácil, mais simples
para a ministra devolver o dinheiro, defender-se e recebê-lo de volta, na medida em que comprovar
que a ação pública foi realizada",
disse o ministro-chefe.
A ministra Benedita da Silva
afirmou, por meio de sua assessoria, que não vê razão para devolver o dinheiro, porque sua viagem
teve caráter oficial.
Depois que soube das declarações de Pires, ela ligou para o ministro para dizer que encaminharia a ele a documentação que já
havia apresentado ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrando que realizou uma
viagem de trabalho.
Benedita também prometeu encaminhar a Waldir Pires a documentação que está preparando
para enviar ao Ministério Público
-o que fará "bem antes" do prazo de dez dias que recebeu. Essa
documentação "mostra com clareza que a ministra cumpriu uma
agenda de trabalho".
A autorização concedida pela
Presidência da República para Benedita deixar o país citava como
motivo da viagem a participação
no 12º Café da Manhã Anual da
Oração -um evento religioso e,
portanto, de natureza pessoal. A
viagem da ministra foi paga com
dinheiro público.
Depois das explicações da ministra, Lula afirmou que se tratou
de um "erro administrativo", já
que o motivo que seria o principal
da viagem (a agenda de trabalho)
não constava da autorização.
Benedita afirma que se encontrou com empresários e com a
ministra da Ação Social da Argentina, Alícia Kirchner. A Folha
apurou em Buenos Aires que o
encontro com a ministra foi marcado às pressas, no dia em que Benedita chegou àquela cidade.
"Na religião, seria pecado"
Encarregado de apurar suspeitas de corrupção no governo, Pires ressaltou diversas vezes que o
episódio da ministra Benedita era
uma questão de natureza ética,
não um caso de corrupção.
Segundo o ministro-chefe, o
que houve foi um "descuido ou
falta, que em religião seriam classificados de pecados veniais".
O caso Benedita, segundo Pires,
é "diminuto" se comparado à
"corrupção gigantesca" que ocorre em outros setores do país.
Segundo ele, seu ministério já
comprovou o desvio de dezenas
de milhões de reais de dinheiro
público em diversas cidades.
"A sociedade brasileira precisa
aprender a fazer gradações entre
o que é realmente grave e um desvio eventual", afirmou Pires.
Texto Anterior: Relatora da ONU quer ouvidorias mais ágeis Próximo Texto: Frase Índice
|