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REFORMA AOS PEDAÇOS
Senadores devem manter texto da Câmara em relação à unificação do imposto
Senado recua para aprovar ICMS já
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de anunciar a intenção
de promover uma ampla reformulação da reforma tributária, o
Senado já ensaia um recuo que
permita aprovar, ainda neste ano,
a proposta mais importante do
projeto -a unificação da legislação do ICMS, sem a qual a reforma não mereceria esse nome.
Para tanto, será preciso manter,
sem maiores alterações, as linhas
gerais do texto aprovado pela Câmara referente ao imposto, maior
fonte de receita de Estados e municípios e, por isso mesmo, maior
responsável pelos impasses nas
negociações entre Planalto, governadores e prefeitos.
Nesse cálculo, admite-se abrir
mão da principal inovação anunciada pelo Senado na reforma: a
separação da tributação do IPI, federal, e do ICMS, pela qual o primeiro imposto incidiria apenas
sobre combustíveis, cigarros e bebidas, deixando os demais produtos para o segundo.
A proposta não só revoltou os
governadores, que não aceitam
perder o ICMS sobre os combustíveis, como pode, se aprovada,
tornar obrigatória a volta à Câmara de toda a parte do projeto referente ao ICMS -o que inviabilizaria, na prática, a aprovação da
unificação ainda neste ano.
Outras alterações estudadas pelo Senado também podem ser
deixadas de lado. É o caso da proposta de passar aos senadores a
palavra final sobre as alíquotas do
ICMS sobre cada produto. Em
acordo com os governadores, o
texto aprovado pela Câmara atribui aos Estados a decisão.
Em relação ao ICMS, portanto,
o Senado pode se limitar a suprimir do projeto o artigo que altera
a cobrança do imposto, privilegiando, após um prazo de 11 anos,
os Estados de destino das mercadorias. A mudança já foi negociada entre Planalto e governadores.
Com isso, também caberá ao
Senado solucionar outro problema criado pelo mesmo artigo: o
acirramento da guerra fiscal entre
os Estados, motivado pela regra
que proíbe novos incentivos após
30 de setembro de 2003.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), defende que, mesmo com alterações
mais profundas, a unificação do
ICMS poderia ser promulgada separadamente, enquanto outras
medidas relativas ao imposto voltariam à Câmara -uma espécie
de "fatiamento" do ICMS.
"Tesoura de ouro"
Embora Mercadante tenha
anunciado a disposição de alterar
ou suprimir 16 dos 37 artigos do
projeto, entende-se que o fundamental será mantido. O relator da
reforma no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), deu a entender que
as supressões serão até mais importantes que as alterações.
"Vamos trabalhar com a supressão. Vamos colocar a tesoura
de ouro do alfaiate para funcionar", disse. A idéia pode valer para a repartição dos recursos da Cide (contribuição sobre a venda de
combustíveis), que o Senado, sob
protesto dos governadores, pretende -ou pretendia- rever.
Como o repasse do dinheiro da
contribuição não depende de
emenda constitucional, o artigo
poderia ser simplesmente suprimido. Outra hipótese é deixar o
texto como está e criar novas regras por lei posterior, mantendo o
acordo com os governadores.
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