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OUTRO LADO
Advogado de Zeca diz que não vê crime; deputado não se manifesta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) informou
na última sexta-feira, por meio de
sua assessoria, que preferia não se
manifestar sobre as investigações
do Ministério Público Federal a
respeito das atividades de funcionários da Casa Civil, durante sua
gestão, para suposto benefício de
seu filho José Carlos Becker de
Oliveira, o Zeca Dirceu.
A assessoria do deputado disse
que ele aguardaria a publicação
da reportagem na Folha para, então, decidir se falaria ou não a respeito do assunto.
A assessoria do prefeito de Cruzeiro d'Oeste (PR), José Carlos
Becker de Oliveira, informou que
ele vai "esperar ser notificado" pelo Ministério Público Federal para
se manifestar a respeito.
O advogado de Zeca Dirceu em
Brasília, Claudio Bonato Fruet,
disse que não teve acesso a todos
os elementos da investigação.
"Pelo que vi, não houve caracterização de crime, pelo aspecto penal. Pelo aspecto administrativo,
por ele ser prefeito -isso é uma
jurisprudência que agora o Supremo consolidou-, ele não pode responder por crime de improbidade, só por responsabilidade.
E, por crime de responsabilidade,
ele só pode responder por ato que
tenha praticado na Prefeitura de
Cruzeiro d'Oeste, e não em Brasília", disse o advogado.
Em março de 2004, após as primeiras reportagens publicadas
pela Folha, Zeca Dirceu divulgou
nota em que afirmava que "os
contatos políticos" que mantinha
em Brasília nos ministérios e em
outros órgãos públicos eram
ações "lícitas e legítimas".
O advogado Claudio Fruet
-que é irmão do deputado federal e sub-relator da CPI dos Correios, Gustavo Fruet (PSDB-PR),
defende o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, e advogou para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso- disse
que os custos de seu trabalho, em
valores não revelados, são bancados pelo próprio Zeca Dirceu.
O ex-assessor parlamentar de
José Dirceu Waldomiro Diniz
prestou depoimento ao Ministério Público Federal no último dia
26 de agosto. Ele disse que recebeu Zeca três ou quatro vezes na
Casa Civil, por poucos minutos, e
que as visitas "não tinham por objeto qualquer assunto de natureza
profissional ou política". Disse
ainda que Zeca "nunca pediu a ele
o agendamento de reuniões em
ministérios ou órgãos públicos".
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome (MDS), atual denominação do extinto Ministério da Assistência Social, afirmou que a
pasta adota "critérios republicanos e democráticos, sem conotações partidárias", na liberação das
emendas parlamentares. "Não há
indícios de que tenha havido distribuição privilegiada de emendas, e é atribuição do Ministério
Público investigar", informou.
A nota diz que o ministério
"tem se empenhado em aprimorar a administração do FNAS
[Fundo Nacional de Assistência
Social]" e lista sete medidas que
estariam sendo postas em prática.
"Esse conjunto de ações reflete a
postura do MDS, que está empenhado em contribuir para apurar
e sanar eventuais falhas que sejam
encontradas nos processos administrados pelo Fundo Nacional de
Assistência Social", afirma.
Em depoimento ao Ministério
Público, o ex-presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde)
Valdi Bezerra, que ocupou o cargo entre janeiro de 2003 e julho
deste ano, declarou que não tinha
conhecimento dos empenhos registrados pelas iniciais de "JCB",
de José Carlos Becker, contidos
nas planilhas de emendas parlamentares a serem atendidas pelo
órgão.(RV e EDS)
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