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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT
Segundo turno define se presidente do partido será Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário, ou Raul Pont, da Democracia Socialista
PT deve confirmar hoje lealdade total a Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT que vai hoje às urnas escolher seu novo presidente decidirá
se permanece seguidor fiel do Palácio do Planalto, como se comportou até agora, ou se adota discurso mais crítico e potencialmente embaraçoso para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A primeira opção é representada pelo deputado Ricardo Berzoini (SP), do Campo Majoritário, o
favorito, e a outra pelo ex-prefeito
de Porto Alegre (RS) Raul Pont,
da Democracia Socialista, o azarão. Qualquer que seja o eleito, no
entanto, não deve haver mudança
significativa no legado do ex-ministro José Dirceu, presidente do
PT entre 1995 e 2002, que está plenamente enraizado no partido,
seja no tocante à ortodoxia econômica ou à política de alianças.
Até herdar a candidatura a presidente, há cerca de um mês, Berzoini ensaiou um discurso de
"transição", com críticas pontuais
à gestão da economia, mas hoje
defende o governo. No máximo
fala em "insuficiências".
Antes defensor de que os acusados de "mensalão" deixassem a
chapa do Campo, Berzoini agora
diz que eles têm o direito a renunciar e candidatar-se em 2006.
Ontem, em debate em Curitiba
(PR), ele afirmou que não será favorável a punições de petistas
"sem que o presidente nacional
do PSDB [o senador mineiro
Eduardo Azeredo], que também
usou caixa dois, seja punido. Sem
que o ex-ministro Roberto Brant,
que é meu amigo, pessoa séria e
digna, mas que também usou caixa dois, seja punido. Sem que o
ex-líder do PSDB Custódio Mattos seja punido".
Berzoini procura mobilizar a
base do partido que permanece
convencida de que a metamorfose vivida pelo PT nos últimos anos
para torná-lo viável eleitoralmente é fundamentalmente correta e
carece apenas de correções pontuais. "É um momento de afirmação do partido e do governo", diz
ele, que teve 42% no primeiro turno, contra 14,7% de Pont.
Pont, da chamada esquerda do
partido, aposta na reavaliação de
práticas do governo. "Sou governo, mas não podemos fechar os
olhos para questões que nós mesmos sinalizamos para a população e que não conseguimos realizar ainda", afirma.
Prevendo uma disputa apertada, os coordenadores da eleição
prometem uma rígida fiscalização
para evitar as irregularidades
-como transporte maciço de filiados- que marcaram o primeiro turno, no dia 18 de setembro.
Pelo fato de as chapas e a maioria das disputas locais já terem sido definidas na primeira etapa da
eleição, o partido prevê queda no
número de votantes -no primeiro turno, 314.926 foram às urnas.
Até agora, o partido não instalou uma Comissão de Ética para
investigar os parlamentares petistas que receberam dinheiro do esquema de Marcos Valério.
No debate ontem, Pont prometeu como sua primeira medida a
abertura de processo disciplinar
contra petistas envolvidos no escândalo, apesar de isso ser uma
decisão que compete ao diretório
nacional, dominado pelo Campo.
Se depender de Berzoini, tal comissão só será aberta após a conclusão das apurações no Congresso. "O PT não quer pizza nem fuzilamento", afirma o candidato,
para quem há um foco exagerado
da imprensa apenas sobre as denúncias que atingem os petistas.
Em Curitiba, ambos criticaram
a imprensa por concentrar-se
apenas nas acusações contra deputados petistas e não no processo de "reconstrução" do partido.
Berzoini, sem citar nomes, criticou a atitude de alguns integrantes do PT. Ele sugeriu que alguns
petistas procuram a imprensa para atacar o Campo Majoritário. "A
"Veja" e a Folha não mandam no
PT", disse o candidato. "Mas alguns [do PT] preferem dialogar
com a "Veja" e com a Folha."
Pont concorda que há uma "cobrança desigual" da imprensa,
mas quer uma investigação interna imediata. Ele ainda é a favor de
barrar a legenda em 2006 para o
parlamentar que renunciar.
Colaborou a Agência Folha, em Curitiba
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