São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DAS CASSAÇÕES

Composição da comissão é desfavorável aos acusados; cenário é pior para João Paulo Cunha, Professor Luizinho e Mentor

Petistas devem ter relator da oposição se forem a Conselho

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Caso enfrentem processos de cassação de mandato, os seis deputados do PT acusados de serem beneficiários do suposto esquema do "mensalão" deverão ter seus casos analisados por um parlamentar de oposição no Conselho de Ética da Câmara.
Conforme cruzamento dos 14 membros titulares do Conselho com a lista dos chamados "cassáveis", a composição da comissão -alterada devido à recente migração partidária-, é hoje desfavorável aos petistas João Paulo Cunha (SP), Josias Gomes (BA), Professor Luizinho (SP), João Magno (MG), José Mentor (SP) e Paulo Rocha (PA).
Além disso, entre os suplentes há apenas dois deputados considerados "neutros" ou de oposição moderada, o que reduz ainda mais a margem dos petistas.
Pelo regimento do Conselho, para ser escolhido relator de um processo de cassação, o deputado não pode pertencer ao mesmo partido nem ter sido eleito pelo mesmo Estado do acusado. Isso também pesa contra os petistas, pelo fato de três deles serem de São Paulo, mesmo Estado de quatro dos "conselheiros" dos partidos de oposição.
Outro fator que mina as possibilidades para eles é que, dos 14 membros titulares do Conselho, 3 -Julio Delgado (PSB-MG), Benedito de Lira (PP-AL) e Josias Quintal (PSB-RJ)-, justamente de partidos governistas, já atuam como relatores de processos em andamento e não acumularão outras relatorias.
No melhor dos cenários, portanto, 2 dos 6 deputados do PT poderiam evitar um relator de oposição, mas este quadro só seria possível se fossem convocados os suplentes do Conselho.

Cenário difícil
Dos seis petistas, os piores cenários seriam para os três deputados de São Paulo -Professor Luizinho, José Mentor e o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha. São quatro as possibilidades entre os titulares do Conselho: os pefelistas Jairo Carneiro (BA) e Edmar Moreira (MG); o ex-petista Chico Alencar (PSOL-RJ); ou os peemedebistas considerados da ala oposicionista do partido Cezar Schirmer (RS) e Nelson Trad (MS).
Tanto Carneiro quanto Moreira são considerados duros oposicionistas. O primeiro, aliás, recomendou a cassação do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). Schirmer é ligado ao governador gaúcho Germano Rigotto (PMDB), crítico do governo Lula.
Chico Alencar (RJ), hoje no PSOL, afirmou que pedirá ao presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), para não relatar processos contra deputados do seu ex-partido.
"Não é a melhor opção, nem eu nem o [Orlando] Fantazinni [outro ex-petista do Conselho]. Não sendo mais petista fica mais leve, mas convivi com o partido até uma semana atrás e participava de uma disputa interna muito grande, porque a maioria deles são do Campo Majoritário."
Os processos contra João Magno, Josias Gomes e Paulo Rocha têm grandes probabilidades de ficar com os tucanos Carlos Sampaio (SP) e Mendes Thame (SP) ou o pefelista Robson Tuma (SP).
De acordo com o presidente do Conselho, a escolha dos relatores será feita por meio de sorteio "assim que chegarem as representações da Mesa". Ricardo Izar negou que a relação partidária influenciará no resultado dos processos. "Todo mundo vai levar conscientemente o seu trabalho. Vão levar em consideração provas, documentos. As pressões podem continuar, mas estamos eliminando. Não vamos aceitar acordo, pizza não tem mais forno, não dá mais", afirmou.
A única integrante da bancada do PT hoje com cadeira de titular no Conselho é Angela Guadagnin (SP). Os demais petistas são suplentes: Neyde Aparecida (GO), Paulo Pimenta (RS) e Anselmo (RO). Da lista dos "cassáveis", o único deputado de oposição é o pefelista Roberto Brant (MG).

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