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Defesa quer royalties por proteção privada
Plano Estratégico de Defesa Nacional pretende cobrar de empreendimento que não puder interromper atividade em caso de guerra
Secretário do ministério afirma que a defesa naval vive situação "precária" e o sistema de defesa aérea e marítima é "insuficiente"
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reconhecendo a debilidade
das Forças Armadas brasileiras, o Plano Estratégico de Defesa Nacional em elaboração no
Ministério da Defesa estabelecerá a cobrança de royalties de
empreendimentos privados
que não podem ter suas atividades interrompidas em caso de
guerra ou invasão estrangeira.
Em entrevista à Folha, o secretário de Política, Estratégia
e Assuntos Internacionais, general José Benedito de Barros
Moreira, defendeu a implementação dos royalties, uma
idéia compartilhada pelo ministro Nelson Jobim (Defesa).
Para o secretário, a defesa naval vive situação "precária" e o
sistema de defesa aérea e marítima é "insuficiente".
"Uma esquadra de um país
de porte médio pode parar o
Brasil a qualquer momento,
basta fazer um bloqueio contra
Rio de Janeiro e São Paulo. Não
temos potencial condizente
para responder essa ameaça."
A defesa antiaérea fica nas
mãos do Exército e representa
uma segunda linha de interceptação depois da Aeronáutica -que, por sua vez, não tem
uma força de interceptação capaz de enfrentar ameaças externas de forma eficaz.
Segundo o general, as instalações de hoje não seriam capazes de proteger nem Brasília.
"Os aviões inimigos hoje voam
no "terceiro andar", em altitudes elevadíssimas, nossos canhões não alcançam lá."
Outro problema seria a ausência de munição e armamento, carência sentida em intensidade maior por Aeronáutica e
Marinha. Por não haver munição, os soldados não treinam
mais como usar canhões e outras armas. "O preparo do soldado fica prejudicado, porque
não atiramos mais como antes.
O equipamento atual não tem
capacidade de defender o que
se pretende", afirmou.
O Plano Estratégico de Defesa Nacional deve ficar pronto
até setembro do ano que vem.
Além deste documento, o governo deve produzir um marco
jurídico somente para a cobrança dos royalties, por meio
de uma lei específica.
O modelo em estudo no governo é o mesmo já utilizado
em relação à Petrobras. Hoje, a
estatal paga royalties ao Tesouro Nacional para custear a vigilância prestada pela Marinha
em suas plataformas oceânicas.
O governo vem bloqueando a
liberação deste dinheiro, que
no final de 2006 chegou a R$
2,61 bilhões, para auxiliar na
meta de superávit primário -a
economia para pagamento de
juros. Neste ano, a Marinha deveria receber R$ 1,4 bilhão em
royalties, mas R$ 861,9 milhões
ficarão contingenciados.
Plano
Antes de estabelecer os royalties, o plano do governo vai
definir quais os locais ou negócios que não podem parar de
funcionar durante uma guerra.
"O plano vai dizer o que é mais
importante: Brasília ou Angra
dos Reis? Itaipu ou o parque industrial de Caxias do Sul?"
"Essas empresas produzem e
realizam lucro. Por que Itaipu
não poderia pagar sua defesa
antiaérea?", questionou.
De acordo com ele, o plano
também desenvolverá uma rede de computadores ligando a
Presidência aos comandos militares e ministérios, alternativa à internet. A rede funcionaria em caso de guerra.
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