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ELEIÇÕES 2008 / NATAL
Prefeita eleita de Natal critica o presidente
Micarla diz que população rejeitou o "clube privê" que apoiou candidata petista e reafirma aliança com o DEM
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Filiada ao PV, partido da base
de Lula, a prefeita eleita de Natal, Micarla de Souza, 38, disse
que já tem a pergunta que fará a
ele ao encontrá-lo: "Se uma jornalista não pode ser prefeita,
por que um torneiro mecânico
pode ser presidente?"
Em Natal, Lula subiu no palanque de Fátima para criticar
Micarla e seu principal aliado, o
senador José Agripino Maia
(DEM). Jornalista, Micarla
herdou do pai, o ex-senador
Carlos Alberto, que morreu em
1998, uma empresa de comunicação. Antes de se tornar política, era âncora da emissora. Disputou sua primeira eleição em
2004, convencida pela governadora Wilma Faria (PSB),
que, de amiga, virou adversária.
FOLHA - A sra. disse na campanha
que votou em Lula e que o admirava. Essa visão mudou depois dos
ataques a sua candidatura?
MICARLA DE SOUZA - Não esperava que ele viesse a Natal me fazer críticas pessoais. O presidente não me conhece e falou
sobre meu caráter, minha profissão e sobre meu pai que faleceu há dez anos. Mas nós vamos
nos conhecer e eu vou apertar a
mão dele e perguntar: se uma
jornalista não pode ser prefeita,
por que um torneiro mecânico
pode ser presidente?
FOLHA - Lula disse que "não basta
ter TV para ganhar eleição, é preciso
honradez e caráter". Também atacou seu pai, chamando-o de "populista que distribuía cadeira de roda".
MICARLA - Foi uma avaliação
fora de contexto, além de ter
agredido alguém que não está
aqui para se defender. Machucou muito, até porque o presidente não conheceu meu pai.
FOLHA - Por que a sra. não teve
apoio de Lula, de Wilma e do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN)?
MICARLA - O povo de Natal resolveu ir contra essa manobra.
De repente, esses líderes, com a
desculpa de dizer "vamos unir
os partidos aliados ao presidente Lula", fizeram um acordo,
formaram uma espécie de "clube privê" esquecendo que PV,
PTB, PMN, PR e PP também
são da base governista.
FOLHA - A sra. entrou na política ligada a Wilma. Esperava seu apoio?
MICARLA - Sim, porque sempre
fui sua aliada. Mas infelizmente
o PSB optou por fazer um acordo com PT e PMDB.
FOLHA - A sra. foi criticada pelo
apoio do senador José Agripino. Que
influência ele terá no seu governo?
MICARLA - É amigo pessoal e
um homem íntegro. Claro que
irá participar do meu governo.
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