São Paulo, segunda, 9 de novembro de 1998

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Mendonção na jogada
FHC deverá atender ao pedido feito pela Fiesp, com apoio de outros órgãos empresariais, para que o futuro ministro da Produção tenha assento no CMN (Conselho Monetário Nacional) -hoje só integrado por Fazenda (Malan), Planejamento (Paiva) e Banco Central (Franco).

Fera ferida
Malan ainda não engoliu. FHC estimulou e depois vetou nota que a Fazenda divulgaria em resposta à que Serra soltou na semana passada, mostrando que o atual governo gastou 12,4% menos na área da pasta da Saúde.

Tudo azul
FHC e Serra tiveram uma conversa amena no sábado à tarde. Superaram a crise da semana passada, provocada por nota da Saúde sobre corte de gastos. O presidente deu ao ministro o livro "The Proper Study of Mankind: an Anthology of Essays", de Isaiah Berlim.


Pressa federal
Preocupado em fazer caixa em 99, o governo estuda como ampliar rapidamente a concessão de rodovias federais à iniciativa privada. Quer adiantar a entrada de recursos em 99, a fim de vitaminar as reservas em hora vital para a política econômica.

Sabem jogar...
Eliseu Padilha está firme como uma rocha nos Transportes. Sua relação com Eduardo Jorge, que deve reocupar a Secretaria Geral do Planalto, rendeu frutos a muitos candidatos do PMDB nas eleições, de deputados a governadores. Ele conta com valioso apoio para minar o desejo de ala pefelista por sua pasta.

...e limpar a área
A dobradinha Eduardo Jorge-Eliseu Padilha é das mais competentes do cerrado. O primeiro lida muito bem com fundos de pensão. O segundo é habilidoso negociador, para o bem do serviço público, com empresas que fazem obras para o governo. Eventuais problemas, às vezes, são resolvidos sem chegar ao conhecimento de FHC.

Final combinado
Tucanos diziam ontem que o Ministério do Planejamento deve maneirar ao passar a tesoura no orçamento do Ministério da Saúde. Com o aval de FHC.

Trecho interrompido
O programa "Brasil em Ação" também sofrerá cortes, mas eles sairão mais tarde. A facada será maior nas obras que estão começando ou que dependem mais de recursos orçamentários. Rodovias, por exemplo.

Sangue frio
Em 1º de novembro, domingo, almoçando com 12 pessoas na sua chácara, em Ibiúna, FHC contou que havia "um chantagista" vendendo dossiê sobre uma suposta sociedade sua com Covas, Serra e Serjão, na qual teriam conta de R$ 368 mi no exterior. Ironizou o fato e disse: "O Maluf tá espalhando isso".

Segunda opinião
O PT pedirá que o Ministério Público acompanhe a investigação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sobre o grampo que envolve FHC e Mendonção. "Independente do mérito, existe uma pessoa que chantageou o presidente e um ministro", diz o líder Marcelo Déda (SE).

Fama ruim
Maldade que corria ontem em Brasília: não se deve esperar muito da investigação da Abin sobre o grampo no BNDES, envolvendo FHC e Mendonção. O próprio fato de a escuta ter ocorrido é lembrado para questionar a eficiência da agência que, só seria boa para pegar o MST.

Bandeja ecológica
Na condição de ambientalista, o cantor Gilberto Gil foi sábado ao Alvorada pedir a cabeça de Krause (Meio Ambiente). Ficou cinco horas. Gil dera uma prévia do assunto antes da eleição. FHC respondeu na época: "Volte a me procurar. Mas logo após a eleição. Depois será tarde".

Barato que sai caro

A ONG Associação Saúde da Família tentará convencer os secretários estaduais da Fazenda a prorrogar a isenção de ICMS dos preservativos, que acaba em dezembro. Vai argumentar que o país gasta R$ 600 mi por ano com o tratamento da aids, e a renúncia fiscal custa R$ 31,5 mi.

TIROTEIO

De Emmanuel Sobral, 1º diretor-secretário da Fiesp, sobre o pleito da entidade para que o futuro ministro da Produção tenha assento no Conselho Monetário Nacional:
- É preciso que o conselho seja sensível ao setor produtivo. O CMN está tão fechado que hoje basta uma reunião por telefone para jogar os juros na Lua.

CONTRAPONTO

Teatro de ocasião
Às vésperas do pacote fiscal, Marcelo Déda (PT) se encontrou com o advogado Clóvis Barbosa, ex-presidente da OAB-SE. Déda falou sobre a intenção do governo de aumentar impostos.
O advogado observou:
- A história da legislação tributária é o governo criar impostos. E o empresário encontrar maneiras de contorná-lo.
Como prova, contou que em Simão Dias, cidade de Déda, havia um comerciante chamado Dominguinhos Modesto, famoso na arte de driblar o fisco.
Certa vez, Modesto anunciou que estava vendendo seu armazém. Um fiscal resolveu montar uma arapuca e se apresentou como comprador. Modesto fez uma descrição maravilhosa do seu faturamento.
- Arrá, lhe peguei. Sou fiscal de consumo. E o senhor nunca declarou esse faturamento!
O comerciante improvisou:
- E eu sou Dominguinhos Modesto, o maior mentiroso de Simão Dias!



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.