|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo federal tem a receber
R$ 60 bi em dívidas atrasadas
SHIRLEY EMERICK
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O governo federal tem R$ 60 bilhões para receber em dívidas
atrasadas e que estão em cobrança
judicial. Esse valor corresponde a
mais de duas vezes o tamanho do
ajuste fiscal prometido para o próximo ano (R$ 28 bilhões) e é muito
superior à ajuda em negociação
com o Fundo Monetário Internacional -cerca de R$ 40 bilhões.
Os débitos referem-se a dívidas
tributárias, impostos e contribuições sociais, e não-tributárias, como multas eleitorais e decorrentes
de autuações de fiscais do trabalho. Porque estão atrasados há
mais de três meses, eles foram inscritos na dívida ativa da União.
Até agosto deste ano, o principal
da dívida estava em R$ 41,2 bilhões e, acrescidos os juros e a correção monetária, o total era de R$
60 bilhões. São 1.987.060 dívidas
inscritas, sendo que 52% delas estão sendo cobradas na Justiça.
O total em dívidas equivale a
quase o triplo do que o governo
arrecadou com a privatização do
Sistema Telebrás (R$ 22 bilhões).
A coordenadora-geral da Dívida
Ativa da União, da Procuradoria
Geral da Fazenda Nacional, Valéria Saques, disse que a dificuldade
na recuperação desses débitos é a
demora da tramitação dos processos na Justiça.
"Não existe dívida de difícil recuperação, a complicação está no
Judiciário", afirmou.
Para garantir o pagamento das
dívidas, os procuradores fazem
busca dos bens dos devedores em
diversos sistemas informatizados,
como, por exemplo, no registro de
automóveis do Detran, nos programas da Receita Federal, nos
cartórios e nas juntas comerciais.
Recomendação de Malan
A arrecadação obtida em 98, até
setembro, estava em R$ 2,69 bilhões. Em 97, o governo conseguiu
uma receita de R$ 2,33 bilhões.
Com a necessidade de aumentar
os recursos em caixa, o ministro
Pedro Malan (Fazenda) já recomendou maior rapidez aos 240
procuradores em atividade judicial. Nos últimos dois meses, por
exemplo, a Justiça Federal de São
Paulo expediu 10 mil sentenças,
depois de uma negociação institucional com a Procuradoria Geral.
"A orientação é aumentar a cobrança, estar mais diretamente
envolvido no acompanhamento
dos processos", disse. A prioridade já foi dada aos processos de
grandes devedores.
Por uma determinação do governo federal, só são ajuizados os
débitos acima de R$ 5.000 por devedor para que o gasto processual
seja inferior ao valor da dívida.
Após 60 dias da comunicação ao
devedor sobre a sua inscrição na
dívida ativa, há também a inscrição no Cadin (cadastro dos inadimplentes com o governo federal). Ela impede a concessão de financiamentos por bancos oficiais
e participação de empresas em licitações públicas.
Segundo a coordenadora, o Cadin é pesquisado também pelos
bancos privados nas suas operações de crédito.
Grande parte do débito de R$ 60
bilhões corresponde à falta de pagamento de impostos e contribuições -IR (Imposto de Renda), IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados), Cofins (Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social) e PIS/Pasep.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|