São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2000

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PAINEL

Carta no baralho
FHC recebeu Serra (Saúde) anteontem para um jantar a dois no Alvorada. Incomodado com o avanço de Tasso Jereissati (CE), fortalecido no jogo sucessório pela declaração de apoio de Covas, o ministro trabalha para recuperar o terreno perdido. Foi estimulado por FHC a permanecer no jogo.

Questão de sobrevivência
Embora considere definitiva a opção de Covas por Tasso e tenha, ele próprio, dado várias indicações de que o governador do Ceará seria uma ótima opção de sua lista pessoal para 2002, FHC não tem nenhum interesse de que a sucessão afunile agora. Seria o fim prematuro de seu reinado.

Duendes, eu acredito
Presidente do PPS, Roberto Freire conversa com Ciro Gomes este fim-de-semana em Brasília. Na legenda, diz-se que o senador pernambucano é o único que ainda acredita que Ciro pode disputar contra Tasso a batalha presidencial de 2002.

Deu zebra
No tucanato e no Planalto avalia-se que FHC não tem mais o que fazer a não ser rezar e deixar correr solta a disputa pela Câmara entre Inocêncio Oliveira (PFL) e Aécio Neves (PSDB). Risco: a presidência cair no colo do azarão Severino Cavalcanti PPB), o nome do baixo clero.

Território conflagrado
O receio de que Severino Cavalcanti se beneficie da divisão na Câmara tem fundamento. Concorrendo contra Wilson Campos e Prisco Viana, o atual presidente da Casa, Michel Temer, obteve a maioria absoluta por apenas um voto. Isso, tendo por trás o trabalho de Luiz Eduardo Magalhães e a mão pesada de Sérgio Motta.

Perseguição implacável
O recado de FHC para os ministros não se envolverem na campanha eleitoral da Câmara tem endereço certo: Waldeck Ornélas (Previdência). O ministro teria dado um cargo de auditor fiscal para um deputado do Rio bandear-se para o PFL. O mineiro Aécio Neves (PSDB) foi quem entregou o pefelista ao presidente.

Neofavelados
Do presidente do PFL-SP, Cláudio Lembo, sobre os últimos movimentos da sucessão de FHC: "Até 2002 muita água vai correr por baixo da ponte. E muita gente vai morar na favela."

Consenso de Washington
O primeiro nome de Marta Suplicy para a Secretaria de Administração era Cláudia Costin, ex-secretária-executiva de Luiz Carlos Bresser Pereira e ex-ministra da Administração de FHC. Costin, tida como vilã no funcionalismo público, recusou o convite por estar trabalhando no Bird, em Washington.

Casal 20
Foi Costin, ideóloga da reengenharia administrativa tucana, quem indicou Helena Kerr do Amaral a Marta. Kerr, que trabalha no governo Covas, é casada com o professor da USP Glauco Arbix, especialista no setor automotivo, a quem a prefeita eleita também convidou para o secretariado. Sem êxito.

Só com seus botões
Depois de passar a semana no olho do furacão, Tasso Jereissati refugiou-se desde ontem no sítio Arvoredo, na serra de Guaramiranga (CE). Herança da família, o sítio é sempre usado pelo governador quando ele não quer ser incomodado.

Cuidando da vidraça
Lula, Zé Dirceu e os três governadores do PT reuniram-se nesta semana, na casa de Lula. Discutiram estratégias para criar uma "redoma protetora" em torno das administrações petistas. Avaliam que elas serão perseguidas até 2002.

O leão e o percevejo
O deputado Jurandi Oliveira (PFL), que havia anunciado o rompimento com ACM, sentiu o peso da caneta e voltou a vestir a camisa do carlismo.

É um espanto!
Alagoas bateu todos os recordes na CPI do Narcotráfico. No relatório final, tem um dos três deputados federais citados (Augusto Farias, irmão de PC) e quase um quarto dos 27 deputados da Assembléia Legislativa.

Agora vai?
Michel Temer pretende votar na próxima quarta o projeto de Código Civil, em tramitação há 24 anos no Congresso.

TIROTEIO
Do prefeito eleito César Maia (PTB-RJ) sobre as resistências à fusão do PTB com o PPS:
- Só com o PPS, a candidatura de Ciro Gomes é um corpo com boa cabeça, mas sem ossatura. Sua estrutura partidária atual impede que ela decole.

CONTRAPONTO

Zero à direita

O ex-presidente Jânio Quadros venceu a eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 1985, contrariando todas as previsões.
O favorito era o então senador Fernando Henrique Cardoso, que concorreu pelo PMDB.
Silenciosamente, Jânio teceu uma eficiente rede de apoios. Um dos setores mais engajados era o da comunidade judaica.
Dias antes da eleição, o empresário Adolpho Bloch, dono da extinta TV Manchete, e os jornalistas Salomão Schvartz e José Zevighiveldr reuniram a comunidade com Jânio.
Ao final da reunião, Bloch deu um cheque de Cr$ 100.000,00 para a campanha de Jânio. O candidato olhou o cheque e disse, com sua inconfundível entonação:
- Há um engano neste cheque, sr. Adolpho.
- Mas, por que, presidente?
Jânio rebateu prontamente:
- Está faltando um zero.


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